O ecólogo Marcelo Dutra da Silva, doutor em ciências e professor de Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), afirma que pode ser preciso mudar cidades inteiras de lugar após as enchentes que assolam o Rio Grande do Sul desde o começo de maio. Ele pontua a necessidade dos municípios gaúchos trabalharem a resiliência durante eventos climáticos como este e, em 2022, já havia feito um alerta sobre o despreparo com as mudanças climáticas.

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Conforme a reportagem da BBC, o pesquisador chamou atenção para a falta de conhecimento das áreas de risco das cidades gaúchas.

— Não podemos impedir que o evento climático ocorra, nem os próximos, porque eles vão acontecer. Mas dá para sermos mais resilientes a isso? Dá. Talvez se nós já tivéssemos afastado as pessoas das áreas de maior risco. É possível saber onde o evento se torna mais grave primeiro — afirma. Segundo ele, com planejamento, seria possível tirar moradores das áreas mais vulneráveis.

Agora, ele afirma que será necessário mudar cidades inteiras de lugar.

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— Cidades inteiras vão ter que mudar de lugar. É preciso afastar as infraestruturas urbanas desses ambientes de maior risco, que são as áreas mais baixas, planas e úmidas, as áreas de encostas, as margens de rios e as cidades que estão dentro de vales.

Dutra afirma que é preciso “devolver para a natureza” espaços mais sensíveis aos alagamentos, não apenas de encostas, mas também de áreas úmidas e próximas a rios, por exemplo. No entanto, estas acabam sendo as mais valorizadas pelo setor imobiliário.

São justamente estas áreas que atuam como “esponja” em períodos de fortes chuvas, explica o ecólogo.

Reconstrução

Marcelo Dutra da Silva defende ainda que as cidades atingidas revisem seus planos diretores antes de reconstruir tudo. Para ele, os governos federal e estadual devem estimular estas revisões. O governador Eduardo Leite (PSDB) já declarou que o Estado vai precisar de um “plano Marshall”, em referência ao plano de reconstrução na Europa após a Segunda Guerra Mundial.

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— O olhar daqui para a frente precisa ser mais técnico, e pensar em adaptar a cidade para situações tão extremas. […] Estamos falando de sobrevivência, porque significa você colocar lá [em áreas de risco] um empreendimento e ele ficar debaixo d’água.

Sobe para 107 o número de mortos por enchente no RS

Nesta quinta-feira (9), o número de mortos pelas enchentes no Rio Grande do Sul chegou a 107. Conforme o boletim da Defesa Civil há ainda 135 pessoas desaparecidas e 374 feridos. No total, mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pelas chuvas. Dessas, 164.583 mil estão desalojadas e 67.542 mil foram levadas a abrigos. Dos 497 municípios gaúchos, 425 relataram problemas relacionados ao temporal. Além disso, uma morte está em investigação.

Veja fotos da situação no estado gaúcho

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