O Prêmio Nobel de Química, anunciado na manhã desta quarta-feira, foi concedido a um trio de cientistas envolvidos no desenvolvimento da microscopia crioeletrônica, que permite ver biomoléculas com alta resolução.
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Os agraciados são o suíço Jacques Dubochet (1942), da Universidade de Lausanne (Suíça), o escocês Richard Henderson (1945), do Laboratório de Biologia Molecular de Cambridge (Reino Unido), e o alemão Joachim Frank (1940), da Universidade Columbia (EUA).
Na justificativa da premiação, a Real Academia Sueca de Ciências afirma que o novo método, que envolve o congelamento rápido de amostras para que elas possam ser observadas em condições mais próximas do estado vivo, “moveu a bioquímica para uma nova era”: “Podemos em breve ter imagens detalhadas das máquinas complexas da vida em resolução atômica”, diz o comunicado.
O comitê do Nobel observa que os avanços científicos geralmente se baseiam na visualização de objetos invisíveis ao olho humano e que o conhecimento bioquímico tinha lacunas por falta de uma tecnologia adequada. O microscópio crioeletrônico mudou isso, porque “os pesquisadores agora podem congelar as biomoléculas em meio ao movimento e visualizar processos que nunca antes viram, o que é decisivo para a compreensão básica da química da vida e para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos”.
Anteriormente, acreditava-se que apenas a matéria morta poderia ser observada nos microscópios eletrônicos, porque o feixe de elétrons destruía o material biológico. Mas em 1990 Richard Henderson conseguiu usar um microscópio eletrônico para gerar uma imagem tridimensional de uma proteína em resolução atômica. “Esse avanço provou o potencial da tecnologia”, afirma o comunicado.
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Joachim Frank, por sua vez, tornou a tecnologia mais aplicável. Entre 1975 e 1986, desenvolveu um método de processamento no qual as imagens são analisadas e mescladas para revelar uma estrutura tridimensional. Jacques Dubochet conseguiu vitrificar a água em torno de uma amostra biológica, permitindo que as biomoléculas conservassem sua forma natural mesmo no vácuo. “Após essas descobertas, o microscópio eletrônico foi otimizado. A resolução atômica desejada foi alcançada em 2013, e os pesquisadores agora podem produzir rotineiramente estruturas tridimensionais de biomoléculas. Nos últimos anos, a literatura científica foi preenchida com imagens de tudo, desde proteínas que causam resistência aos antibióticos até a superfície do vírus Zika. A bioquímica está agora num desenvolvimento explosivo e está tudo pronto para um futuro emocionante”, observa o comunicado do comitê do Nobel.
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