Das mortes por coronavírus registradas no Brasil, 75% foram de pessoas com comorbidades como doenças do coração e diabetes. Os dados são do Ministério da Saúde e levam em conta os óbitos confirmados (800) até a última quarta-feira (8). Em época de isolamento social, especialistas também chamam a atenção para quem tem pré-disposição a essas e outras doenças, e reforçam os cuidados com a alimentação e hábitos saudáveis.
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A maior parte das vítimas fatais são pessoas acima dos 60 anos, o que correspondente a 77% das mortes. O que ocorre é que boa parte desse grupo também possui comorbidades, o que aumenta ainda mais o risco em relação à Covid-19. O médico geriatra Alvaro Alberto Barcelos Junior alerta para esse risco duplo, já que hoje em dia 70% dos idosos são hipertensos.
– Com ou sem comorbidade, eles são um grupo de risco, pois quando há um quadro infeccioso, existe a resposta imunológica. Como o organismo nunca entrou em contato com esse vírus, a resposta é lenta e o vírus começa a se multiplicar, atinge principalmente o pulmão e leva a problema maiores – detalha Junior.
Para manter esse grupo longe dos riscos, o isolamento social segue como regra básica. Atividades físicas dentro de casa, exposição ao sol por pelo menos 15 minutos e dieta balanceada também estão na lista. Para os filhos e netos, a dica é reforçar as ligações telefônicas e videochamadas, para que o lado psicológico também receba cuidados.
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Nesta sexta-feira, 10, o Ministério da Saúde atualizou os dados do Covid-19, e o número de mortes em função do coronavírus chegou a 1.057 no país.
Além dos idosos, problemas cardíacos, diabetes, hipertensão e obesidade são doenças que têm aparecido em diferentes faixas etárias. O que explica o aumento de doenças crônicas em pessoas jovens, dentre outros fatores, é o estilo de vida, defende o endocrinologista Daniel Meller Dal Toé.
– A obesidade costuma estar associada à hipertensão e diabetes. Essa, por si só, é uma inflamação crônica e tem íntima relação com vários sistemas do corpo. Isso aumenta as complicações do ponto de vista de infecção, nesse caso, viral – explica Dal Toé.
Para o médico, um dos grandes problemas de doenças como diabetes, hipertensão e colesterol alto é que elas são silenciosas. No começo, podem ser assintomáticas, e muitos pacientes demoram para iniciar o tratamento. Essas comorbidades são ainda mais perigosas caso a pessoa seja infectada com a Covid-19, e por isso é preciso manter exames em dia e buscar uma vida ativa e saudável.
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– Nossa preocupação agora é que um idoso, por conta de não ter como buscar ou sair, deixe de tomar um comprimido. O controle da diabetes, pressão, colesterol, é fundamental nesse período – alerta o endocrinologista.
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Cardiopatias são as comorbidades mais comuns
Dos 800 óbitos registrados até a última quarta-feira (8), 336 foram de pessoas com cardiopatias, ou seja, doenças ligadas ao coração. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) reforça que diante da orientação para que as pessoas fiquem em casa, é fundamental uma rotina fisicamente ativa.
O sedentarismo é perigoso, e aliado a uma má alimentação favorece o ganho de peso. Em consequência, o aumento da pressão arterial, da glicose (açúcar) e lipídeos (gorduras) no sangue, o que aumenta o risco de doenças como hipertensão e diabetes, alerta a SBC.
Movimentar-se, mesmo que em atividades domésticas, contribui para a saúde física e mental, e auxilia na prevenção ao coronavírus e suas consequências, complementa a SBC. Atividade física é qualquer atividade motora que resulte em um gasto energético acima dos níveis de repouso.
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Coração ativo: atitudes e comportamentos para se movimentar em casa
– Mantenha-se ativo, seja realizando atividades físicas ou exercícios físicos;
– As atividades de vida diária são excelentes alternativas para manter uma rotina fisicamente ativa. Varrer a casa, passar pano, arrumar o jardim, subir e descer escadas, dançar, entre outros;
– Na ausência de acessórios para execução de exercícios físicos resistidos (de força), utilize o peso corporal ou adapte utensílios diversos (como garrafas pet para simular halteres, almofadas ou elásticos para oferecer resistência aos movimentos);
– Reserve momentos para alongamento e relaxamento. Isso poderá ajudar no combate ao estresse e ansiedade decorrente do isolamento domiciliar;
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– Evite permanecer por longos períodos sentando, deitado, ou utilizando dispositivos eletrônicos. Busque intercalar momentos de inatividade física com momentos fisicamente ativos;
– Reforce a atenção para que seus filhos não tenham comportamento sedentário. Tire as crianças e adolescentes do sofá e da frente das telas e convide-as para brincar e se exercitar.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)