Oficialmente de férias – por causa da repercussão da suspeita de envolvimento com a máfia chinesa -, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, será alvo de um inquérito da Polícia Federal (PF). A PF aguardava autorização da 3ª Vara Federal de São Paulo, onde estão os inquéritos que revelaram as relações dele com Li Kwok Kwen, o Paulo Li, apontado como líder mafioso.
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A abertura de inquérito foi confirmada ontem pelo diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. A autorização judicial foi concedida e, com base nas informações levantadas nas investigações anteriores, será instaurado um inquérito exclusivo para investigar o secretário. A investigação será feita pela Superintendência da PF em São Paulo e investigará indícios de advocacia administrativa, tráfico de influência e corrupção.
Gravações telefônicas e e-mails interceptados pela PF mostram o secretário trocando favores com o chinês. Encarregado de combater o crime organizado, Tuma Júnior aparecia solucionando processos de interesse de Li em tramitação no Departamento de Estrangeiros, subordinado a sua secretaria, e fazendo encomendas de aparelhos eletrônicos.
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Li, preso desde o ano passado sob a acusação de chefiar um esquema milionário de contrabando de celulares pirateados na China, também mantinha em São Paulo um escritório em que cobrava para agenciar processos de regularização da permanência de chineses ilegais no país.
As escutas também revelaram Tuma Júnior articulando a aprovação do namorado da filha num concurso para escrivão da Polícia Civil paulista. O secretário apareceu ainda tentando relaxar um flagrante que resultou na apreensão de US$ 160 mil no aeroporto de Guarulhos.
| Próximo do contrabando | 
| – Tudo começou com a operação Wei Jin, da PF, deflagrada em setembro de 2009 para investigar contrabando associado à “máfia chinesa” de São Paulo. | 
| – A quadrilha é especializada no contrabando de celulares falsificados. O esquema girava cerca de R$ 1,2 milhão ao mês. | 
| – A PF investigou a relação entre o principal suspeito, Li Kwok Kwen, o Paulo Li, e o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. | 
| – Paulo Li foi preso com outras 13 pessoas. Na frente dos policiais, ele telefonou para Tuma Júnior. Dias depois, Tuma telefonou para a PF paulista, onde corria a investigação, e pediu para ser ouvido. | 
| – Escutas legais flagraram por várias vezes conversas entre Li e Tuma Júnior. Em algumas, Tuma Júnior encomendava celulares de Li. Em outras, o contrabandista questionava o secretário sobre demandas junto ao governo federal. |