O Brasil fechou 2024 com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,4%, marcando o melhor desempenho desde 2021 e superando as expectativas iniciais. 

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A expansão foi impulsionada principalmente pelo setor de serviços e pela indústria, ao mesmo tempo em que o consumo das famílias teve um salto significativo. Apesar do avanço, o cenário para 2025 traz desafios, como juros elevados, incertezas fiscais e um ritmo de crescimento mais moderado.

Diante desse contexto, divulgado no início de março pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), os investidores ainda buscam entender como o atual ambiente econômico pode influenciar suas decisões. 

A valorização do dólar, o comportamento do mercado financeiro, o aumento do consumo e as alterações nos setores mais promissores entraram no radar de quem deseja equilibrar risco e retorno. 

Além disso, a elevação da taxa de investimento e o aumento na Formação Bruta de Capital Fixo indicam um cenário mais propício para determinados setores, enquanto a queda na taxa de poupança levanta questionamentos sobre as melhores estratégias para preservação de patrimônio.

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Para esclarecer os impactos desse crescimento e traçar um panorama das melhores oportunidades de investimento no Brasil em 2025, conversamos com Frederico Nobre, gerente de portfólio da Warren, uma das principais empresas de gestão de investimentos do país. 

Na entrevista a seguir, ele detalha quais setores podem se beneficiar do momento econômico, analisa o impacto dos juros e aponta estratégias para diferentes perfis de investidores.

Como o crescimento de 3,4% do PIB em 2024 influencia o ambiente de investimentos no Brasil? Quais setores da economia apresentam maior potencial de retorno?

O crescimento de 3,4% do PIB em 2024 indica uma economia em expansão acima do estrutural. Setores como serviços e indústria, que cresceram 3,7% e 3,3% respectivamente, destacaram-se no último ano, além da construção civil. 

Para 2025, o cenário é um pouco diferente, com desaceleração no ritmo de crescimento e juros mais elevados. 

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Gostamos de setores dolarizados, como óleo e gás (prejudicado ano passado, quando a produção encolheu por conta de questões regulatórias), que podem se beneficiar da valorização do dólar e dos investimentos em crescimento de produção, oferecendo oportunidades atrativas para os investidores. 

A elevação da taxa de investimento para 17,0% do PIB indica um ambiente mais favorável para investimentos de longo prazo? Quais setores se destacam nesse cenário?

Em tese, sim, mas não vejo motivos estruturais para animação, ainda mais considerando trade war, incertezas globais, panorama fiscal doméstico e juros elevados. 

Setores mais perenes como infraestrutura, saneamento e utilidades públicas tendem a se destacar, especialmente com o novo marco legal do saneamento, que incentiva investimentos nesse segmento.

Diante da redução da taxa de poupança para 14,5%, quais estratégias os investidores devem adotar para equilibrar segurança e rentabilidade em seus portfólios?

Opções como títulos de renda fixa, que se beneficiam de taxas de juros elevadas,  e investimentos em empresas de setores resilientes, como o setor financeiro, podem ser estratégias eficazes para manter um portfólio equilibrado. 

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O crescimento de 4,8% no consumo das famílias sugere oportunidades específicas para investimentos de curto e médio prazo? Quais setores podem se beneficiar desse aumento no consumo?

O aumento de 4,8% no consumo das famílias indica uma demanda interna ainda aquecida, beneficiando setores como varejo, alimentos e bebidas, e bens de consumo duráveis. 

Investimentos nesses setores podem apresentar oportunidades interessantes no curto e médio prazo, alinhados ao crescimento do consumo doméstico e medidas do governo, como a isenção da alíquota de IR para quem ganha até R$5K/mês. 

Por outro lado, juros altos atrapalham estes setores e ainda há incertezas sobre a magnitude do ciclo de alta e sua duração.

Com o avanço de 7,3% na Formação Bruta de Capital Fixo, quais setores produtivos podem oferecer oportunidades de investimento mais atrativas?

O avanço de 7,3% na Formação Bruta de Capital Fixo indica um aumento nos investimentos em ativos fixos, como máquinas e equipamentos. Setores como construção civil, indústria de base e tecnologia lideram esse ranking, refletindo a expansão da capacidade produtiva e a modernização industrial. 

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Cabe ressaltar, no entanto, que novas iniciativas de investimentos (capex) devem ser reduzidas, com as empresas questionando a taxa de retorno destes investimentos ajustada ao risco versus as taxas da renda fixa. 

Temos observado também muitas empresas optando por recomprar as suas próprias ações, em um cenário de valuations depreciados.

Quais modalidades de investimento são recomendadas para equilibrar segurança e rentabilidade nos cenários de curto, médio e longo prazo, considerando o desempenho econômico recente?

Para equilibrar segurança e rentabilidade:

• Curto prazo: Investimentos em títulos de renda fixa pós-fixados, como CDBs de bancos resilientes e Tesouro Selic, que acompanham as taxas de juros elevadas, oferecem liquidez e segurança.

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• Médio prazo: títulos soberanos prefixados e indexados à inflação e debêntures incentivadas de empresas sólidas podem proporcionar um equilíbrio entre risco e retorno, aproveitando o crescimento econômico.

• Longo prazo: Investimentos em ações de setores promissores, como óleo e gás, financeiro e utilidades públicas, além de fundos imobiliários e fundos de infraestrutura listados.

Saiba mais sobre o mercado de investimentos no Brasil, acesse o Canal Investe Mais.