Em Santa Catarina, menos de 20% do público-alvo da campanha de vacinação contra a dengue — crianças de 10 a 14 anos — possui a cobertura vacinal completa, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Até o momento, 3.302 casos prováveis foram registrados em 2025 no Estado, mas a adesão a campanha contra a doença continua baixa.

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Alguns motivos justificam a baixa adesão à campanha de vacinação contra a dengue, de acordo com o diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE-SC), João Augusto Fuck. São eles:

  • Falta de vacina para toda a população: o Ministério da Saúde distribui as doses para os Estados após adquiri-las nos laboratórios produtores. Em 2024, foram 6 milhões de doses, e a previsão para 2025 é de 9 milhões. Dessa forma, foi definida a vacinação apenas de crianças de 10 a 14 anos e em regiões com transmissão intensa nos últimos anos.
  • Público-alvo da vacina: crianças de 10 a 14 anos não costumam frequentar unidades de saúde em comparação com outras faixas etárias. O calendário de vacinação atual é concentrado em crianças de até um ano de idade, que proporciona uma rotina de acompanhamento nas unidades de saúde.
  • Poucas regiões com vacinas: a primeira região a receber as vacinas foi o Norte do Estado. Posteriormente, novas regiões passaram a receber os imunizantes, mas ainda assim, os focos de vacinação se concentram em regiões de cidades grandes como Florianópolis, Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau e Chapecó.

Baixa cobertura de vacinação

De acordo com a SES, o Médio Vale do Itajaí é a região que menos teve vacinados (11,68%). Em seguida, vem a Grande Florianópolis (16,14%), o Oeste (12,61%), e o Nordeste e Vale do Itapocu (29,8%). No geral, o Estado tem 19,21% do público-alvo vacinado.

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— Os municípios têm trabalhado intensamente com várias estratégias, ampliação de horários, abertura de unidades nos finais de semana. As equipes estão empenhadas e buscam vacinar essas crianças —, afirma Fuck.

Percentual de vacinação contra a dengue em Santa Catarina até 27/01/2025 (Foto: SES-SC, Divulgação)

Situação em Florianópolis

As vacinas contra a dengue estão disponíveis em certos Centros de Saúde (CS), nos bairros de Florianópolis e no Espaço Imuniza, localizado na Policlínica da Mulher e da Criança, no Centro da cidade.

O CS Pântano do Sul afirmou que todas as suas aplicações estão centralizadas no Espaço Imuniza. Já o CS Abraão afirmou que está aplicando ambas as doses da vacina, mas que desde esta sexta-feira (31) está em falta — uma nova solicitação de vacinas foi efetuada, e as doses devem chegar na terça-feira (4).

Questionada sobre a disponibilidade das vacinas nos postos de saúde, a Prefeitura Municipal de Florianópolis não respondeu até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto.

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Foram registrados 1.153 casos prováveis na capital catarinense neste ano. Em 2024, foram 14.336 casos, uma melhora em relação ao ano anterior que teve 35.569. Entretanto, 2024 registrou mais mortes (22) que em 2023 (16).

— Fica o nosso apelo para a população: a vacina é importante. Ela é uma estratégia para enfrentar a doença. Busquem unidades de saúde, coloquem a vacinação dessas crianças em dia porque isso certamente vai evitar que elas adoeçam pela dengue e, inclusive, que morram pela dengue —, completa Fuck.

Como funciona a vacina contra a dengue

A vacina da dengue é composta por duas doses do vírus vivo atenuado — vírus enfraquecido em laboratório e aplicado a fim de estimular o sistema imunológico do paciente. O intervalo entre a primeira e segunda aplicação é de 90 dias.

— A segunda dose é justamente aquela que garante a proteção. A gente precisa que as duas doses sejam aplicadas, porque só uma não vai gerar proteção suficiente. O principal objetivo da vacina contra a dengue é, claro, proteger contra a doença, mas especialmente evitar que as pessoas evoluam para as formas mais graves da doença —, explicou o diretor da DIVE-SC.

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A vacina foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) no final de 2023. Em fevereiro de 2024, o processo de vacinação contra a dengue foi iniciado em Santa Catarina.

Cuidados com a dengue

A dengue faz parte de um grupo de doenças chamado arboviroses — doenças causadas pela transmissão do vírus por artrópodes — e apresenta quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Sorotipos apresentam diferentes materiais genéticos e linhagens.

Em Santa Catarina, 568 casos prováveis de dengue foram registrados na primeira semana epidemiológica de 2025. No mesmo período de 2024, foram registrados 543 casos.

Ainda em 2024, o Brasil registrou mais de 6,6 milhões de casos prováveis e 6,1 mil óbitos pela doença. Outras 646 mortes continuam em investigação. No mesmo período de 2023, foram registrados 1,6 milhão de casos e 1,1 mil óbitos, com 114 mortes ainda em investigação.

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No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti. A vacina contra a dengue, ofertada pelo SUS, é a principal ferramenta na prevenção contra a doença, de acordo com o Ministério da Saúde. Além disso, é recomendado:

  • Uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;
  • Remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
  • Vedação dos reservatórios e caixas de água;
  • Desobstrução de calhas, lajes e ralos;
  • Participação nas fiscalizações executadas pelo SUS.

Os sintomas mais comuns são febre de início repentino (39°C a 40°C) acompanhada de dor de cabeça, prostração, dores musculares, articulares e dor atrás dos olhos. Após o período febril, o indivíduo pode apresentar dores abdominais, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos, entre outros sintomas.

Após a infecção, o tratamento recomendado pelo Ministério da Saúde se baseia na reposição de líquidos. Além disso, repouso em casa, não se automedicar e retorno para reavaliações clínicas também são recomendações.

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No Estado, circulam os sorotipos DENV-1 e DENV-2, enquanto no Brasil o sorotipo mais comum é o tipo 3, com 40,8% dos casos registrados de dengue. Não há casos confirmados desse tipo da doença em território catarinense.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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