A demora do governo de Santa Catarina para adotar medidas de restrição ao coronavírus pode ter contribuído para o aumento do número de casos da doença no estado. A avaliação é do chefe do departamento de saúde pública da UFSC Fabrício Augusto Menegon.

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Para ele, a adoção de estratégias regionalizadas está sendo insuficiente e o governo catarinense precisa assumir o protagonismo da gestão da pandemia.

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Um lockdown pode ter efeito positivo desde que a sociedade seja preparada para isso e haja um plano de contingência para atender os mais vulneráveis nesse período, defendeu Fabrício Menegon em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina.

– Quando você tem um ente federativo maior, que centraliza as ações, é para dar o direcionamento pras prefeituras no caso. A tomada de decisão está demorada. Quanto mais tempo se demora mais aumento o número de casos e número de mortes – avaliou.

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Para o professor, a pandemia está descontrolada em SC, entre outras razões, em função da demora na adoção de medidas para frear o contágio.

– A nossa pergunta é: Por que esperar chegar em situação gravíssima, por que não em situação grave? É como se você tivesse num incêndio e dissesse: deixa queimar, porque a gente tem carro de bombeiro aqui, a hora em que chegar na casa a gente apaga. Isso não é correto do ponto de vista estratégico – ponderou.

O chefe do departamento de saúde pública da UFSC Fabrício Menogon enfatizou a importância de o governo dialogar com a população e prepará-la para as medidas de restrição.

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– A única ação que tem respaldo científico, que mostra sua eficácia, eficiência, é o isolamento social. A gente advoga por um lockdown, mas é necessário um plano de contingência, porque você precisa dizer pro setor econômico: ficaremos fechados por um período X. Nesse período, é necessário um plano que garanta a segurança alimentar dos mais vulneráveis, garanta oferta de saúde adequada durante o lockdown – alertou.