Você já passou pela experiência de visitar outro país e perceber que o banheiro não tem lixeira? Em lugares como Estados Unidos, Canadá, França ou Alemanha, jogar o papel higiênico dentro do vaso sanitário é tão comum que ninguém nem pensa duas vezes.

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Aqui no Brasil, a história é outra. A lixeira ao lado do vaso é item obrigatório em praticamente todos os lares e isso tem motivos técnicos, estruturais e até culturais.

Mas, afinal, por que nós não podemos fazer como eles?

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Qualidade do papel: o vilão invisível

O primeiro ponto está no próprio papel que usamos. Segundo especialistas em saneamento, o papel higiênico brasileiro não se desintegra facilmente na água, diferente de muitos produtos fabricados no exterior.

Um teste realizado pelo engenheiro ambiental Rafael Brochado, da UFMG, mostrou que papéis de países como Espanha e França se desmancham cerca de 60% em contato com água turbulenta. Já os brasileiros? Mal se despedaçam.

O motivo está na resistência úmida: enquanto os papéis premium oferecem mais conforto, eles também são mais difíceis de quebrar, mesmo após a descarga. O que é bom para o toque, nem sempre é bom para os canos.

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Canos mais estreitos, curvas mal feitas

Outro grande obstáculo está enterrado sob nossos pés: a infraestrutura de esgoto.

Enquanto em países ricos o encanamento costuma ter diâmetros de 150 mm, o padrão brasileiro é de apenas 100 mm, o que torna mais fácil o entupimento por acúmulo de papel. Soma-se a isso tubulações antigas, instalações mal projetadas e falta de manutenção.

Mesmo nas cidades com redes mais modernas, o descarte incorreto pode sobrecarregar estações de tratamento. O papel que não se desfaz no caminho, acaba se acumulando nas grades e filtros das estações, um problema invisível que afeta todo o sistema.

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O que é mais higiênico?

Aqui entra o dilema.

Do ponto de vista sanitário, especialistas concordam: o ideal seria descartar o papel no vaso sanitário, evitando o contato com resíduos e reduzindo o risco de contaminação para quem faz a limpeza.

Mas na prática, por causa das limitações da rede e da qualidade dos papéis disponíveis, a recomendação ainda é manter a lixeira no banheiro, pelo menos na maioria dos imóveis brasileiros.

Casas novas podem ter mais liberdade

Segundo fabricantes de papel e de louças sanitárias, o cenário pode mudar em construções mais modernas. Com sistemas hidráulicos mais eficientes e materiais projetados para lidar com papel, é possível descartar direto no vaso em algumas residências novas, mas isso ainda é exceção.

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O que nunca deve ir no vaso sanitário?

Além do papel higiênico resistente, outros itens devem ficar bem longe do vaso. Confira a lista dos maiores vilões dos encanamentos:

  • Lenços umedecidos
  • Absorventes e fraldas
  • Fios dentais e cotonetes
  • Restos de comida
  • Areia de gato
  • Preservativos
  • Guardanapos e papel toalha

Todos eles não se desfazem com facilidade e têm grande chance de causar entupimentos graves.

Entupiu? Calma, tem solução

O primeiro passo é o mais simples: use um desentupidor. Na maioria das vezes, o problema está na curva da própria privada. Se não resolver, é hora de chamar o encanador. Tentar resolver com produtos químicos pode piorar a situação.

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Jogar papel no lixo pode não ser a solução perfeita, mas ainda é a mais segura para a maioria dos lares brasileiros. Enquanto o país não investe em infraestrutura e muda os padrões de fabricação, a lixeira continua sendo a aliada número um contra entupimentos e dores de cabeça.

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