Por Silaine Stüpp

Não existe armadilha pior do que se encontrar em uma empresa com uma liderança opressora que microgerencia suas ações, e como se já não fosse o bastante, ainda não está interessada no seu desenvolvimento.

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Esta hierarquia de controle não só intoxica as relações como impede que a individualidade, autonomia e liberdade para inovar da pessoa liderada seja respeitada e valorizada dentro do ambiente de trabalho. À medida que a ansiedade aumenta e a autoconfiança diminui, pensamentos como “eu odeio meu trabalho!” começam a aparecer com mais frequência do que gostaríamos.

Na HerForce realizamos uma pesquisa com mais de 1,2 mil mulheres sobre seus ambientes de trabalho e constatamos que experiências profissionais negativas estão altamente relacionadas com a falta de autonomia e flexibilidade. Uma pesquisa americana também mostrou que 75% das pessoas que se demitem, saem do emprego por conta de seus chefes e não pelo trabalho.

Silaine Stüpp é fundadora da HerForce (Foto: Arquivo pessoal / Divulgação)

Uma hierarquia baseada em favoritismo, onde procura-se culpar alguém pelos erros e que não reconhece o trabalho das pessoas, com certeza está fadada a resultados medíocres com baixo engajamento de equipe, performance, inovação e alto turnover (rotatividade).

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No entanto, para times que trabalham de forma remota, a hierarquia é altamente efetiva e necessária. É claro que, dependendo do tipo de liderança, haverá pontos negativos, mas em um plano maior, sua existência é essencial para a coordenação estruturada de contratações, onboarding, gerenciamento de atividades e de como as pessoas trabalham juntas mesmo não estando no mesmo espaço físico.

Esta modalidade de trabalho é muito comum entre startups, que possuem times tech distribuídos pelo mundo. Muitas pesquisas mostram que o trabalho remoto é o segundo benefício que mais atrai e retém talentos em uma empresa, perdendo apenas para valor de salário.

Liderança

Agora, pense em um ambiente de trabalho onde não existe hierarquia. Onde todos são completamente livres para colocar em prática toda e qualquer ideia. Onde não existe uma figura de liderança para direcionar a equipe através de objetivos claros e principalmente gerenciar conflitos. Pode ser um pouco caótico, não é mesmo? Talvez possa funcionar em uma empresa com poucos funcionários e por um determinado período.

Em empresas de tecnologia é comum ouvirmos durante os processos seletivos, e depois nos discursos do dia a dia, que os seus negócios são feitos de pessoas, pessoas que são capazes de fazer o seu trabalho sem gerenciamento, que possuem postura de “dono”, que pensam fora da caixa, etc. Toda esta fala é muito atraente, mas parece um pouco contraditória quando temos uma pessoa líder que não entende muito o seu papel. Vale lembrar também que nem todas as pessoas buscam trabalhar totalmente sem supervisão, principalmente no início de carreira, quando buscam alguém como inspiração e fonte de conhecimento.

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O papel de uma pessoa líder é transmitir a importância da causa em que a equipe está inserida e despertar o melhor dentro da individualidade de cada um(a) para que possa ser compartilhado e transformado em ações dentro de um ambiente diverso e inclusivo, principalmente diante de dificuldades. Na prática, a figura de líder está lá para administrar objetivos comuns, treinar, mentorar, motivar, mitigar conflitos e deixar o time trabalhar.

Os melhores avanços vêm como resultado de um time unido, diverso e empoderado.

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* Silaine Stüpp é fundadora da HerForce. A Tech Power é uma iniciativa que busca ampliar a participação e liderança feminina no setor tecnológico da Grande Florianópolis por meio da comunicação. O projeto foi criado por mulheres que trabalham na Dialetto, empresa de assessoria de imprensa e marketing digital especializada em tecnologia. Saiba mais. ​