As eleições municipais de 2024 tiveram uma diminuição no número de candidatos em todo o país. A baixa foi de 20% na média entre os estados em comparação com o total de candidaturas em 2020. Em Santa Catarina, no entanto, a queda foi a terceira menor do país e representou apenas metade da média nacional, com -10,7%.
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O número catarinense ficou abaixo apenas de Minas Gerais (10,6% a menos de candidatos do que em 2020) e do Paraná (redução de 8,6%). Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e estão atualizados até 3 de setembro.
Como comparação, o Estado com a maior baixa de candidatos entre 2020 e 2024 foi Amapá, com -36,2%, e Rio de Janeiro, com 34,2% a menos de postulantes.
Se comparados com 2016, Santa Catarina teve ainda um aumento no número de candidatos, o maior do país. O resultado é que o número de concorrentes no Estado este ano foi o segundo maior desde 2000, quando os dados são disponibilizados pelo TSE.
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A diminuição do número de candidatos registrada nacionalmente tem algumas explicações. Uma delas é a mudança na legislação eleitoral que reduziu o limite máximo de candidaturas lançadas pelos partidos. Até 2020, o limite era 150% do total de vagas em disputa. A partir deste ano, será de 100% a mais — em uma Câmara de Vereadores com 15 cadeiras, cada partido ou federação pôde lançar no máximo 16 postulantes ao cargo.
Outra explicação é a criação das federações, que agruparam alguns partidos e exigem a elaboração de apenas uma nominata a vereador. A cláusula de barreira, que forçou a fusão de alguns partidos que não elegeram o número mínimo de parlamentares para ter acesso a tempo de TV e fundo partidário, também é um fator apontado como causador de redução das candidaturas no país.
Por que em SC não diminuiu
Já o fato de essa diminuição ter sido menos sentida em Santa Catarina, com a terceira menor diminuição de candidaturas, não tem uma única explicação apontada por especialistas. Entre os maiores partidos políticos do Estado, os dirigentes reconhecem que não houve dificuldade para fechar a lista de candidatos, embora reconheçam que o limite menor de postulantes facilitou o processo.
O presidente estadual do MDB, Valdir Cobalchini, considera como uma das explicações o fato de Santa Catarina ser um dos estados mais politizados do país. Além disso, ele afirma que a ligação das pessoas com os partidos no Estado ajuda a explicar um maior envolvimento com candidaturas.
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— No caso dos partidos mais tradicionais, as pessoas estão mais vinculadas a eles. Muita gente tem partido, tem torcida, então tem essa questão local forte — explica.
O presidente do PT de Santa Catarina, Décio Lima, conta que o partido teve aumento no número de candidaturas e credita o cenário, no caso do partido, ao desempenho nas eleições de 2022, com a vitória de Lula e a inédita ida ao segundo turno na eleição para o governo do Estado.
— Não foi uma vitória eleitoral, mas foi uma vitória política. Criou um sentimento fundamental de que é possível sermos alternativa de poder. Isso trouxe um espírito de empolgação às pessoas do partido — sustenta.
Veja mapa da redução de candidaturas
Maior envolvimento político
Questionado pela reportagem, o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) informou que não faz análise dos dados, mas citou um programa de incentivo à participação feminina na política catarinense existente na atual gestão. Ainda assim, apontou que até o momento não foi feita nenhuma mensuração do impacto dessas ações.
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O professor de Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Tiago Daher Padovezi Borges, afirma que uma das possibilidades é que a queda menor no número de candidatos em Santa Catarina seja fruto de um maior interesse das pessoas na participação política.
— O cenário nacional acaba intensificando uma mobilização maior. É possível algum tipo de intensificação mesmo com essas restrições [como o limite menor de candidaturas]. Tivemos um desenvolvimento no campo da direita, uma renovação, isso acaba incentivando a participação de setores que antes não estavam no contexto — sugere.
O professor de Administração Pública da Esag Udesc e pesquisador de Cultura Política, Daniel Pinheiro, explica que nacionalmente os partidos estão mais organizados tentando evitar a dispersão de votos e fazer eleição melhor.
— Essa é a estratégia de Santa Catarina. Os partidos que têm crescido mais nos últimos anos são exatamente os partidos que fizeram isso. É melhor pensar estrategicamente do que dispersar forças e correr risco de tirar um candidato em potencial e colocar outro que não tem expressão e não vai dar continuidade ao programa do partido — aponta.
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Municípios e partidos
Quando analisados os dados dos municípios, a queda no número de candidaturas foi mais acentuada foi nas maiores cidades catarinenses. Joinville (-57%) e Blumenau (-51%) lideram a lista de cidades com baixa no número de postulantes. Em contrapartida, Araquari, por exemplo, teve 92% a mais de candidatos neste ano do que em 2020, a maior alta proporcional. Os dados são do TSE.
Entre os partidos, quem mais apresentou candidatos este ano foi o MDB, com 3 mil, o PL, com 2,9 mil, e o PP, com 2,3 mil.
Veja variação nos estados
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