A Praia da Península, em Barra Velha, passa por obras para conter a erosão costeira que ameaça a orla. Os serviços iniciaram na segunda-feira (24) em um trecho de, aproximadamente, 150 metros na Rua Armando Petrelli.

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De acordo com a Prefeitura de Barra Velha, cidade do Litoral Norte catarinense, a ação foi planejada após o Decreto Municipal nº 2.262/2025, que declarou situação de emergência em razão da erosão costeira. O documento permite a execução de contenções emergenciais com pedras, para proteger vias públicas, imóveis e moradores.

Veja fotos das obras

A compra do material, chamado de mataco de pedra, foi realizada pela prefeitura. A colocação é executada pela Secretaria de Obras com equipe e maquinário próprios.

Erosão costeira

A Rua Armando Petrelli é a única ligação terrestre da Praia da Península e da Boca da Barra com os demais bairros, sendo o único acesso utilizado por moradores e turistas que frequentam a região.

Os registros públicos mostram que a região é habitada há muitos anos e já tinha moradores quando a cidade foi emancipada em 1961. Nos últimos anos, a praia tem sido alvo constante de erosões costeiras que avançam pela faixa de areia, invadem a rua e atingem até mesmo os imóveis.

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A secretaria de Planejamento de Barra Velha afirmou que não há um programa oficial do município que monitore o avanço do mar na Praia da Península. No entanto, fotos de satélite e registros históricos mostram que o mar vem, ano após ano, erodindo a faixa de areia e se aproxima da rua e residências.

Pesquisadores já constataram que, em relação ao que era no começo dos anos 1990, o mar já avançou 20 centímetros. Em entrevista ao NSC Total, em 2024, o professor Paulo Horta já havia alertado sobre a situação. Segundo o especialista, se nada for feito, a estimativa é de que em menos de 80 anos o oceano esteja, em média, 1,2 metro mais “alto”.

— Um metro é a média mundial, em alguns lugares vai subir muito mais e em outros muito menos. Dependendo do local, do momento e da circulação (dos ventos), pode elevar a maré em dois, três metros — explica.

Baseado em diferentes dados científicos já publicados e revisados, o mapa da Climate Central mostra todos os locais que estarão abaixo do nível da água no futuro. O NSC Total separou imagens que mostram como deve estar a Praia da Península nos anos de 2030, 2040 e 2050, segundo o banco de dados.

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Veja projeções da Climate Central para a Praia da Península

Como frear o avanço do mar

O professor Paulo Horta afirma que medidas de intervenção, como o alargamento das faixas de areia, têm efeito apenas temporário.

— Precisamos atuar de forma a restaurar o balanço de sedimento e construir adaptação e mitigação da emergência climática para termos, de fato, efetivas soluções de médio e longo prazo — diz.

Segundo Horta, as melhores práticas para conter a erosão costeira incluem gestão preventiva, que potencializam soluções baseadas na natureza, como, por exemplo, o plantio de Florestas Marinhas (mangues, marismas, pradarias marinhas, linhas costeiras vivas, recifes de ostras, costerais, entre outras florestas marinhas).

— Esses métodos visam reduzir a energia das ondas, reter sedimentos ou construir defesas naturais. Além disso, devemos fomentar práticas responsáveis ​​de uso do território, como evitar construções em áreas de dunas e restingas e gerenciar o escoamento superficial, medidas que são cruciais para manter o balanço de sedimento com prevenção da erosão a longo prazo — finaliza.

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Veja imagens da Praia da Península