Há pouco mais de um mês no cargo, o secretário de Segurança Pública, Alceu de Oliveira Pinto Júnior, afirma que o sufoco às facções criminosas é o principal motivo para a redução dos homicídios no Estado. Leia a entrevista:

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No geral, quais os motivos que o senhor aponta para a queda dos homicídios?

Fizemos uma análise de cenário do que está acontecendo e a causa. Tem um índice perto de 70% que aponta que autor ou vítima tem envolvimento com organização criminosa. A estratégia então foi bater e sufocar organização criminosa para que elas tivessem mais tempo para se defender do que para ocupar espaço uma da outra. Deu certo. Porque pararam de buscar espaço para cada uma tentar garantir o seu, já que a polícia está em cima.

Como manter o fôlego das operações no restante do ano?

O fôlego que estamos fazendo agora está tirando a força das organizações. Podemos não reduzir o tamanho, mas precisamos manter o ímpeto. Elas também não têm mais tanto fôlego. O cuidado com a migração é fundamental para que não saiam, por exemplo, da Vila União, Aparecida (Florianópolis) e vão lá para o Zanelatto, Potecas (São José) e outros lados.

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A migração de criminosos já está acontecendo?

Fizemos prisões na Maloca e na Pedra de Listra (Florianópolis) de criminosos que passaram a morar nesses locais. Estamos notando que eles circulam dentro das áreas vermelhas e a inteligência está mapeando onde estão essas lideranças.

A questão financeira é uma dificuldade para manter a ostensividade?

O governador Eduardo Pinho Moreira tem aberto as portas. O que eu peço estou justificando e ele tem autorizado tudo.

Qual o plano a médio e a longo prazo contra a violência?

Sufocar as organizações criminosas e não dar tempo para elas atuarem. Vamos fazer investimento grande em tecnologia. Fortaleci a DINI (Diretoria de Inteligência), trouxe o delegado Kale (Alexandre Kale) que tem ligação próxima com a Polícia Civil (era diretor de Inteligência da PC) e tem ligação tranquila com a inteligência da PM. Fiz um edital de chamamento público para câmeras de vigilância privadas, vamos instalar softwares de reconhecimento de placas, um facial e um de comportamento dissonante – o carro que passa duas, três vezes num mesmo lugar, um incêndio, um acidente de trânsito, uma imagem de arma de fogo (atitudes suspeitas).

Sobre as comunidades vulneráveis, o que será feito?

Já tivemos reunião com o Gean Loureiro (prefeito da Capital) e a secretária Romanna (Remor, da Assistência Social do Estado) para o mapeamento nas comunidades do Siri, Papaquara, Vila União (Florianópolis), que eram problema enorme e hoje estão sob controle, para fazermos a entrada do município. Desde posturas arquitetônicas, limpeza, pintura e para a comunidade ser parceira para o tráfico não voltar novamente. Em Joinville, tenho reunião dia 2 de abril com o prefeito e uma agenda grande para fazermos esse mapeamento da hora de começar a tirar a polícia e entrar a assistência social.

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Qual a maior dificuldade na segurança pública nesses 30 dias?

Dificuldade eu tenho um balaio aqui. Temos alguns problemas culturais como a farra do boi. Tem a questão das casas do tráfico. Em Florianópolis, fizemos parceria com a Floram (Fundação do Meio Ambiente), o monitoramento e derrubamos mais de 100 casas no norte da Ilha do final do ano para cá.

E a integração entre as polícias?

Já está bem melhor, tenho feito reuniões semanais com o delegado Ghizoni (Marcos, delegado-geral da PC) e o coronel Araújo Gomes (comandante-geral da PM). Se os comandos estão integrados o resto vai junto, a não ser em casos pontuais.

O que está sendo feito para evitar a soltura de criminosos por falta de vagas nas prisões?

Chamamos o grupo especial, eu, o Leandro Lima (secretário da Justiça e Cidadania), o Tribunal de Justiça, MP e montamos um novo protocolo. Temos o problema das interdições dos presídios. Os juízes estabeleceram limite e não conseguimos rever. A curto prazo o Tribunal de Justiça será acionado, entrará em contato com o juiz para abrir uma vaga na situação específica até que sejam construídas mais unidades.

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