Na comunidade da Vila da Glória, em São Francisco do Sul, perto de 200 moradores foram, na manhã deste sábado, informados sobre como a Prefeitura vai interditar e embargar construções irregulares ao longo de toda a Estrada Geral.
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O município tem 90 dias para começar o trabalho na Praia Bonita, onde uma fiscalização feita em março mostrou a existência de 127 edificações ilegais. O mesmo deve acontecer mais tarde nas outras comunidades (Estaleiro, centro da Vila da Glória, Saí e Torno dos Pintos).
O prazo foi pedido pela Prefeitura após uma decisão do Tribunal de Justiça, que manteve a opinião do Judiciário na primeira instância. Em meados do ano passado, uma ação civil do Ministério Público exigiu que a Prefeitura fizesse, na Vila da Glória, um levantamento de todas as construções erguidas em áreas de preservação permanente e forçasse a regularização.
O fiscalização na Praia Bonita revelou construções erguidas sobre manguezais, nascentes de rios e areia da praia. Há desde ranchos de pescadores a casas de alvenaria, com piscina.
O assessor jurídico da Prefeitura, Márcio Teixeira, aconselhou que os moradores juntassem documentos para comprovar o direito de posse das terras, no caso de famílias que habitam a região há várias gerações.
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As notificações devem começar nos próximos meses. Neste sábado, o secretário do planejamento e da infra-estrutura Eliseu Machado de Lima explicou aos moradores que “a Prefeitura está do lado da comunidade”. Ele disse que o município está sendo obrigado a notificar moradores. Ainda sugeriu que a comunidade se organizasse para contratar um advogado e se defender juridicamente.
– Sabemos que várias áreas são de posse, de invasão. Para se ter idéia, são 23 mil imóveis registrados na Prefeitura, mas o município tem 70 mil.
O presidente da Associação Comunitária Representativa do Distrito do Saí (Ascored), Sandro Vieira Correa, questionou se a Prefeitura vai ajudar as famílias que não têm dinheiro para contratar assessoria jurídica. O procurador do município, Ricardo Gallois, afirma que isso esbarraria numa “questão ética”.
– Vocês têm de fazer a sua defesa. Nós vamos coletar tudo isso e levar ao Judiciário.
Os imóveis irregulares também diminuem a arrecadação de impostos do município. Em certas localidades, há abastecimento de água, coleta de lixo e iluminação pública. Os representantes da Prefeitura não tocaram no assunto na reunião.
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