Maicol Santos, preso que confessou ter assassinado a jovem Vitória Sousa, disse que foi coagido pelo delegado a fazer a confissão. Em um áudio gravado por seus advogados, ele disse que “inventou uma história” porque os policiais o pressionaram dizendo que iriam prender seus familiares. As informações são do g1.

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— Por volta de 10h [22h], eles me chamaram lá em cima, na sala lá em cima e falaram que ia, que o delegado ia me f*… de qualquer jeito. De qualquer jeito ele ia me f*. Aí pegou, falou que ia colocar a minha mãe, falou que ia… colocasse minha mãe.. o… a, na cena do crime. Falou que ia colocar minha esposa, ia colocar minha família toda, se eu não ajudasse, se eu não cooperasse, ele ia colocar minha família toda. Aí eu peguei e inventei uma história e falei que fui eu para eles me livrar, livrar minha família — diz Maicol em um trecho.

Maicol disse não saber o nome do delegado que o coagiu a confessar o homicídio.

— Só quis livrar a minha família porque eles falaram… — diz o suspeito.

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Quando confessou o crime, Maicol falou que matou a vítima porque ela queria contar à esposa dele que os dois haviam tido um caso no passado. Ele também afirmou que agiu sozinho. A polícia gravou a confissão do suspeito em vídeo na presença de uma advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Cajamar (SP) chamada pelos policiais.

A jovem de 17 anos desapareceu no fim de fevereiro e foi encontrada morta no início de março. Para a polícia, o caso está esclarecido. Segundo a investigação, Maicol se comportava como um stalker (alguém que persegue e monitora a vítima obsessivamente).

“Coação psicológica”

A gravação feita pelos advogados de Maicol teria sido feita dois dias após o interrogatório na polícia, momentos antes de ele ser transferido da cadeia da delegacia de Cajamar para uma unidade prisional em Guarulhos, também na região metropolitana.

Agora, os advogados analisam a possibilidade de usar o áudio para pedir à Justiça a anulação da confissão. Segundo a defesa, Maicol sofreu “coação psicológica”.

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A defesa também alega que a confissão foi dada sem a presença de seus advogados. A polícia rebateu essa afirmação, informando que, pela lei, se um suspeito quer confessar um crime, quem o defende não pode impedir isso.

Reconstituição do crime

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou, por meio de nota, que o depoimento de Maicol foi legal. Na segunda (24), a Polícia Civil de São Paulo informou que solicitou ao Instituto Médico Legal (IML) a reconstituição do crime, a fim de “esclarecer todas as circunstâncias em que ele ocorreu”.

“A Polícia Civil solicitou ao IML [Instituto Médico Legal] a reconstituição do crime para esclarecer todas as circunstâncias em que ele ocorreu. O principal suspeito segue preso temporariamente após confessar a autoria do homicídio e as investigações prosseguem pela Delegacia de Cajamar para a conclusão do inquérito policial. A Polícia Civil ressalta que todos os procedimentos adotados no caso, inclusive o depoimento do suspeito, obedeceram estritamente o Código de Processo Penal”, diz nota da SSP.

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