Os acessos ao monumento do Cristo Redentor, principal cartão postal do Rio de Janeiro, foram interditados no fim da manhã desta segunda-feira (17) pelo Procon-RJ. A medida, de acordo com o secretário estadual de Defesa do Consumidor, Gutemberg Fonseca, é para proteger os consumidores. A ação vem após a morte de um turista gaúcho, de 54 anos, que sofreu um infarto nas escadarias do complexo enquanto o posto de saúde que deveria funcionar no Alto Corcovado não estava aberto. O caso foi na manhã de domingo (16). As informações são do O Globo.

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O secretário comunicou, ainda, que todas as relações de consumo envolvendo a atração — venda de ingressos e passagens de trens e vans para acesso ao local, por exemplo — devem ficar suspensas até que um terno de ajustamento de conduta seja assinado, o que pode acontecer a partir de reunião com órgãos e empresas envolvidos. Esse encontro deve acontecer às 17h desta segunda.

— Há duas semanas, a gente notificou o ICMBio porque vínhamos recebendo denúncias sobre diversos problemas com acessibilidade e sinalização, mas o ICMBio respondeu dizendo que a questão deveria ser tratada com o Iphan. Lamentavelmente, aconteceu o episódio do falecimento de um consumidor, de um turista. Diante disso, nossa equipe esteve no local hoje e constatou os problemas, desta forma determinamos a interdição de todas as relações de consumo envolvendo o Cristo Redentor. Isso inclui a venda ingressos e de passagens para acesso por trem ou por vans — disse Fonseca.

As pessoas que haviam comprado ingresso para ir ao Cristo nesta segunda-feira terão o direito de remarcar ou de serem reembolsadas.

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A concessionária Trem do Corcovado disse que a interdição aconteceu devido à “falta de acessibilidade”, e que é “responsável pela manutenção e não pela criação da estrutura de acessibilidade no Alto do Corcovado”. A empresa disse, ainda, que a interdição das bilheterias, assim como das vans que realizam o trajeto até à atração pela entrada das Paineiras, é consequência do fechamento do Cristo.

Diferentes versões

— O que a gente não pode é ficar um empurrando pro outro a responsabilidade, ela é de todos nós, não estou me eximindo, a responsabilidade é nossa também — pontuou Fonseca.

Ainda no domingo, a administração do Parque Nacional da Tijuca (ICMBio) lamentou o incidente e comunicou que a responsabilidade por manter o posto é da concessionária Trem do Corcovado, conforme previsto no contrato fiscalizado pelo Instituto Chico Mendes.

“Diante do ocorrido, será aberta uma apuração para verificar as circunstâncias dessa triste fatalidade”, disse uma parte da nota. “O Instituto agradece a todas as pessoas que buscaram prestar o atendimento à vítima que, infelizmente, não resistiu”, continuou o ICMBio em outro trecho.

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Sávio Neves, presidente do Trem do Corcovado, tem outra versão. De acordo com ele, a responsabilidade pela unidade de saúde caberia ao ICMBio.

— A responsabilidade pelo posto é do ICMBio. Nós mantemos um convênio com o Hospital Adventista Silvestre (Cosme Velho) para atender emergências, e está equipado para isso. Em 26 anos, tivemos poucos casos em que foi necessário atendimento médico. Foram casos de torção de pé, quedas e tonteiras, por exemplo. Infelizmente, nesse caso, o turista teve um infarto fulminante. Nem uma UTI teria salvo a vida dele — afirma.

Em resposta a isso, o ICMBio apresentou cópia do contrato de concessão. O documento aponta que o artigo 18 prevê que o concessionário deve manter um posto de atendimento equipado com socorrista e ambulância.

O Santuário Cristo Redentor divulgou, no início da tarde desta segunda-feira, uma nota responsabilizando diretamente o ICMBio pela situação. O texto afirma que “caso o órgão tivesse exercido sua função de forma diligente e identificado a falha na prestação de serviço, deveria ter aplicado as sanções cabíveis conforme previsto no contrato”, mas “permaneceu inerte, permitindo que uma situação crítica de desassistência ocorresse dentro de um dos pontos turísticos mais visitados do mundo”.

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A nota continua dizendo que o “Alto Corcovado não possui ambulância, acessibilidade universal, pontos de hidratação, brigadistas, banheiros adequados com acessibilidade, escadas rolantes e elevadores em pleno funcionamento, nem internet e sinal de telefonia de acesso público que permita que os visitantes possam fazer ligações”.

Como foi a morte

Jorge Alex Duarte, de 54 anos, subiu pela escada comum e passou mal às 7h39, de acordo com a Arquidiocese do Rio. O SAMU foi acionado, e chegou ao local às 8h13, com duas motolâncias e uma ambulância avançada. A equipe médica tentou reanimar o turista, mas sem sucesso. Ele morreu no local. Antes do SAMU, uma enfermeira que era parente do homem prestou os primeiros socorros.

Natural de Porto Alegre, Jorge tinha histórico de  hipertensão, diabetes e era fumante. Ele chegou ao Cristo em uma das vans de turismo que realizam o percurso entre o monumento e o Cosme Velho pela Estrada das Paineiras.

O quartel do Corpo de Bombeiros do Alto da Boa Vista foi acionado, às 8h03. Os profissionais chegaram ao local, mas retornaram ao encontrar o SAMU prestando socorro ao turista. A arquidiocese confirmou que no momebto do ocorrido o posto médico do complexo estava fechado.

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*Sob supervisão de Andréa da Luz

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