Produtores do Oeste catarinense estão sendo diretamente afetados pela crise no setor leiteiro no Estado. Responsáveis por cerca de 76% da produção leiteira catarinense, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), agricultores do Oeste sofrem impactos devido à queda no valor pago pelo litro, que chega a um real.

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De acordo com informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), o valor médio nacional do litro de leite pago ao produtor em outubro do ano passado era de R$ 2,66. Em 2025, este valor caiu e atingiu R$ 2,22.

Em Santa Catarina, a média é ainda menor, com R$ 2,14, enquanto o custo de produção ultrapassa este valor e chega a R$ 2,20, conforme o CEPEA. Essa variação provoca prejuízos aos produtores catarinenses, que são responsáveis por 80% de toda a produção nacional.

O Estado é o quarto maior produtor de leite do país. Só em 2024, Santa Catarina produziu cerca de 3,3 bilhões de litros de leite, 100 milhões de litros a mais do que em 2023, segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Negócios familiares são impactados

A combinação da alta produtividade, baixa no consumo e a importação provocam uma queda no valor pago pelo litro, que ultrapassa os cinquenta centavos e chega a R$ 1. Por conta da crise, diversos produtores estão desistindo da atividade.

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— A gente ganhava entre R$ 3,40 a R$ 3,50 por litro. Hoje a gente ganha R$ 2,50, então é seis meses com uma queda de um real. Hoje o custo de produção de um litro de leite tá basicamente o que nós estamos ganhando — afirmou o produtor Sandro Dall Acqua ao NSC Notícias.

— A gente trabalha há 25 anos no leite, mas esse ano a gente resolveu que não dá mais. Ou é a nossa saúde, ou nosso negócio, ou a nossa família, e a gente teve que largar — revelou Fernado Becker Schlickman, que também foi impactado pela crise no setor.

Para o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados de Santa Catarina (SINDILEITE), esta pode ser a pior crise leiteira já enfrentada no Estado.

— Se não é a pior crise até hoje, está se encaminhando para ser, em função de alguns fatores. A principal reclamação dos produtores e das indústrias é que o custo de produção não cobre aquilo que se ganha com os produtos lácteos, tanto da matéria-prima por parte do produtor, quanto da indústria, que também está enfrentando dificuldades — afirmou Silvino Giesel, presidente do Sindileite.

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O sindicato afirmou que um documento que pede mudanças será entregue ao governo federal, pedindo que as importações de leite em pó sejam proibidas ou estancadas nos próximos seis meses.

Protestos na BR-282

Segundo informações do Bom Dia Santa Catarina, diversos produtores realizaram um protesto no começo da última semana às margens de BR-282, em Ponte Serrada, no Oeste de Santa Catarina, cobrando medidas que amenizem a crise.

Agricultores cobraram medidas urgentes do governo para amenizar a crise no setor e discursaram sobre as dificuldades enfrentadas na atividade, que incluem a concorrência desleal com produtos importados, altos custo de produção e preços baixos pagos aos produtores.