Um parque urbano integrado a corredores verdes, com jardins de chuva, passarelas e pavimentos que ajudam a reduzir a temperatura, pode transformar a paisagem de uma das regiões mais quentes de Florianópolis. O projeto da prefeitura, chamado Rede de Corredores e Espaços Verdes entre Coqueiros e Capoeiras, foi selecionado pelo Acelerador de Soluções para o Calor Urbano, iniciativa do WRI Brasil em parceria com a Google.org, que vai apoiar cinco cidades brasileiras na adaptação às ondas de calor.
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A área abrangida pela proposta soma 315,6 hectares no continente, entre os bairros Coqueiros e Capoeiras, uma região marcada por intensa urbanização (99,5% do território), baixa cobertura vegetal e grande fluxo de veículos — cerca de 120 mil por dia na Via Expressa, que corta o território. Segundo estudo citado pela prefeitura, imagens de satélite já identificaram temperaturas de até 41 ºC no continente, reforçando os impactos da chamada “ilha de calor urbano”.
Segundo a prefeitura, o plano prevê a recuperação de 44 mil m² de áreas degradadas e a criação de um parque urbano de até 60 mil m², além de parques lineares que conectem praças, equipamentos públicos e áreas verdes já existentes.
A proposta aposta em Soluções Baseadas na Natureza (SBN). Segundo a prefeitura, os locais dos equipamentos serão definidos com o Acelerador.
- Corredores verdes: faixas contínuas de vegetação que conectam diferentes pontos da cidade, criando áreas de sombra e resfriamento.
- Jardins de chuva: espaços com vegetação que ajudam a absorver e filtrar a água da chuva, reduzindo enchentes e contribuindo para resfriar o ambiente.
- Pavimentos frios: materiais mais claros e reflexivos que não acumulam tanto calor quanto o asfalto tradicional.
- Passarelas verdes: estruturas de circulação de pedestres integradas à arborização.
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De acordo com a prefeitura, o projeto deve beneficiar cerca de 30 mil moradores da área, incluindo as comunidades da Vila Aparecida e do Morro da Caixa. Os grupos mais vulneráveis ao calor extremo, como mulheres, crianças, idosos e trabalhadores ao ar livre (ambulantes, garis, entregadores e operários da construção civil), estão no foco da iniciativa.
A gerente de Inovação da prefeitura, Cibele Assmann, reforça que o projeto não prevê reassentamento de famílias, mas reconhece que estudos prévios já apontaram situações de risco em áreas da Vila Aparecida.
— Esse projeto terá foco exclusivo em ações para diminuir as ilhas de calor e outros problemas relacionados às mudanças climáticas na região — esclarece.
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Adaptação ao calor
Por estar em fase inicial de ideação, o projeto foi selecionado para o Acelerador do WRI Brasil. De setembro de 2025 a fevereiro de 2026, a equipe da prefeitura receberá capacitação especializada, mentoria e apoio para qualificar a estruturação técnica e financeira da proposta. O objetivo é torná-la viável e atrativa para investidores.
— O calor agrava desigualdades já existentes, porque atinge mais quem tem menos acesso a áreas verdes ou infraestrutura adequada. Mas também é uma das ameaças climáticas para as quais existem soluções viáveis e de baixo custo — explica Henrique Evers, gerente de desenvolvimento urbano do WRI Brasil.
Após as aulas, um evento com instituições financeiras de desenvolvimento fará a conexão com as iniciativas.
— O Acelerador vai ajudar as cidades a amadurecerem seus projetos e, ao final, conectá-los com financiadores — explica Bruno Incau, coordenador de Financiamento e Economia Urbana do WRI Brasil.
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Além de Florianópolis, foram selecionados projetos de Campinas (SP), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Teresina (PI). A iniciativa é inspirada em casos de sucesso como o de Medellín, na Colômbia, onde um programa de corredores verdes reduziu a temperatura média em 2°C, conforme a WRI.
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