O governo federal estuda a possibilidade de zerar as tarifas do transporte coletivo público em todo o país, conforme informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à EBC, na última terça-feira (7). O modelo de transporte gratuito já é adotado em 154 municípios do país, sendo nove em Santa Catarina, segundo um levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).

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Conforme o ministro, a equipe econômica faz um levantamento do setor, a pedido do presidente Lula (PT). Entre os pontos que estão sendo levantados, Haddad destacou o custo total do transporte público, o volume atual de subsídios públicos ao setor, a contribuição das empresas por meio do vale-transporte e o valor pago diretamente pelos trabalhadores, além de gargalos e oportunidades tecnológicas.

— Nós sabemos que transporte público no Brasil, sobretudo urbano, é uma questão importante para o trabalhador. Nesse momento, nós estamos fazendo uma radiografia do setor, a pedido do presidente. Tem vários estudos que estão sendo recuperados pela Fazenda para verificar se existem outras formas mais adequadas de financiar o setor — afirmou Haddad.

Municípios com tarifa-zero

Com base nos relatórios da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), até maio de 2025, 154 cidades brasileiras já adotam algum modelo de tarifa zero, sendo a maioria (127) com gratuidade universal e integral – ou seja, em todas as linhas, todos os dias da semana.

Ainda que o número tenha crescido, a tarifa zero atinge menos de 4% das cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes que possuem transporte público por ônibus. A maior parte das iniciativas está em municípios de até 50 mil habitantes (95 cidades), onde os custos são menores e a operação, mais simples.

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Em Santa Catarina, a maior cidade com tarifa-zero universal é Balneário Camboriú, com 139 mil habitantes. Conforme o relatório, a cidade é um dos exemplos de município de médio porte que conseguiu viabilizar a tarifa zero com recursos locais. O estudo mostra que, após a implementação em junho de 2023, a cidade registrou aumento de 43% na demanda por passageiros, saltando para 77 mil usuários em dezembro de 2023.

Entre as capitais, nenhuma adotou a tarifa zero de forma universal. Em algumas cidades, como São Paulo, Brasília e Florianópolis, a gratuidade ocorre apenas em dias específicos da semana — na capital catarinense, por exemplo, acontece todos os domingos, durante a temporada de verão; e nos últimos domingos do mês, no resto do ano.

“As metrópoles brasileiras, como também as médias e grandes cidades, pelo fato de possuírem grande quantidade de habitantes, extensos perímetros urbanos, áreas verticalizadas, inúmeros polos geradores de viagens, além de congregarem diversidade de atividades, (…) necessitam de redes de transportes urbanos mais abrangentes e estruturadas, podendo ser até mesmo multimodais em alguns casos. Tudo isso implica elevado custo para prover a mobilidade urbana coletiva e acaba inviabilizando a prática de tarifa zero”, diz o estudo da NTU.