O Ministério da Saúde passou a incentivar o uso de máscaras mesmo por pessoas não infectadas pelo coronavírus, mudando o posicionamento. A alteração aconteceu em um momento em que os estoques de EPIs (equipamentos de proteção individual) já se apresentam escassos até mesmo para os profissionais da saúde na linha de frente contra a pandemia da Covid-19. O uso de máscaras de pano caseiras pela população de forma geral passou a ser incentivado pelo ministério como uma maneira de reduzir a busca por máscaras cirúrgicas essenciais para o trabalho de médicos, enfermeiros e profissionais envolvidos no atendimento de pacientes.
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Antes mesmo da recomendação, a jornalista Débora Ferreira já havia iniciado a produção do acessório de proteção para família e amigos. Mãe de Igor, dois anos, portador de fibrose cística (doença genética rara, progressiva e ainda sem cura), para a jornalista era algo comum o uso de máscaras em virtude do diagnóstico do filho.
– A gente usa como proteção para o Igor e acabou virando um hábito na família. Quando um de nós está gripado usamos até mesmo no ambiente de trabalho, para proteger o outro e também se proteger. E é interessante ver que as pessoas agora conseguem enxergar o quanto isso é importante – comemora.
Na Ásia, o uso da máscara é algo natural, muitos utilizam inclusive como artigo fashion. O modelo catarinense Izzaias Roberto, que mora há sete anos em Guangzhou, terceira maior cidade da China, diz que é muito comum ver as pessoas utilizando as máscaras no dia a dia.
– É bem comum eles usarem por lá. As mulheres utilizam até para não precisar usar maquiagem. Se você fica gripado ou está espirrando, naturalmente usaria as máscaras. É um cuidado que a população chinesa tem – segundo o modelo o gesto é visto como um ato de respeito com o próximo.
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No ocidente o uso não era, até a pandemia da Covid-19, visto com bons olhos. Débora relata ter vivido algumas situações de preconceito:
– Já sofri bastante repreensão de olhares na rua, em lugares públicos e em ambientes fechados e até com pessoas conhecidas.
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Artistas transformaram o acessório em fashion
Essa mudança de olhar é algo que deve mudar por uma tendência mundial, onde será necessário combater não somente o vírus, mas um inimigo invisível, o preconceito. Não é preciso ir muito longe na história para perceber o quanto o uso de máscaras foi discutido. O astro pop Michael Jackson foi uma das personalidades mais emblemáticas no uso das máscaras. Tabloides questionavam o exagero do uso desse tipo de proteção pelo astro.
Justin Bibier e mais recentemente a cantora Billie Eilish, ganhadora de cinco prêmios Grammy, já foram clicados utilizando o acessório como parte do look. Billie aposta em modelos nada básicos. Na premiação do Grammy deste ano a artista ostentou um modelo assinado pela grife italiana Gucci.
Inspirados nos modelos asiáticos e seguindo recomendações dos órgãos de saúde, a marca catarinense Labellamafia lançou nesta semana uma coleção de máscaras fashion.
A empresa seguiu referências internacionais como Louis Vuitton, Balenciaga, Gucci e Saint Laurent e também confeccionou 100 mil máscaras que foram doadas para as prefeituras de Palhoça, Florianópolis, Itajaí e Balneário Camboriú.
O fundador e diretor criativo da marca, Giulliano Puga, acredita que o uso da máscara deve ser incorporado ao life style do brasileiro.
– Assim como na Ásia, as máscaras e também as luvas devem ser incorporadas no guarda-roupa. As pessoas vão querer voltar à vida normal e será uma forma de se proteger – projeta.