Alunos, professores e servidores da UFSC iniciaram na manhã desta quarta-feira a série de protestos contra o corte de verbas na educação. A mobilização começou no pátio em frente ao prédio da reitoria da universidade, em Florianópolis. O local concentra um dos atos previstos em reação à medida do governo federal. À tarde, por volta das 16h, o protesto deve ocorrer no Largo da Alfândega, no Centro da Capital. A direção da UFSC considera a mobilização legítima e o reitor da instituição, Ubaldo Balthazar, acompanha as manifestações.
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O corte de 30% no orçamento de custeio destinado às universidades e institutos federais do país é o principal alvo dos protestos. Só a UFSC estima um rombo de R$ 46 milhões no orçamento da universidade. Já o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) anunciou que o bloqueio somará R$ 23,5 milhões.
Em entrevista ao repórter Mateus Boaventura, da rádio CBN Diário, o presidente do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de SC (Apufsc), Carlos Alberto Marques, comentou o impacto do bloqueio de verbas na rotina acadêmica.
—Nós estamos falando de água, luz, limpeza, assistência estudantil, que permite a permanência do estudante na universidade, estamos falando dos campi, que estão em expansão. Os cortes realmente são impactantes. Nós nunca vimos na história da universidade uma junção entre cortes orçamentários e uma desvalorização da ciência. Infelizmente, esse governo está com uma política equivocada e nós temos que dizer a ele e à sociedade que a universidade é importante para todo mundo — destacou.
Além dos atos na UFSC, há previsão de saída dos manifestantes em direção ao centro no início da tarde. Haverá concentração nos arredores da catedral, seguida de marcha em direção ao Terminal de Integração do Centro (Ticen).
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Infelizmente, esse governo está com uma política equivocada e nós temos que dizer a ele e à sociedade que a universidade é importante para todo mundo (Carlos Alberto Marques, presidente da Apufsc)
Medida compromete 300 bolsas de pós-graduação, diz pró-reitora
As bolsas de pesquisa também foram impactadas pelo bloqueio imposto pelo Ministério da Educação. Segundo a pró-reitora de pós-graduação da UFSC, Cristiane Derani, 300 bolsas da pós foram cortadas.
—A bolsa é aquilo que permite ao pesquisador desvincular-se de obrigações do dia a dia para se dedicar à produção de conhecimento que vai ser aberto a toda a população e, depois, vai virar em produtos necessários a ela. Esse conhecimento se constrói muito lentamente e vai mostrar seus frutos em alguns anos. O desmonte que se pretende fazer hoje vai ser sentido daqui a 10 anos— critica a pró-reitora.
Como forma de divulgar o prejuízo do bloqueio à ciência, professores e alunos da UFSC também entregam panfletos com informações sobre as atividades e a produção dos pesquisadores da universidade.
O desmonte que se pretende fazer hoje vai ser sentido daqui a 10 anos (Cristiane Derani, pró-reitora de pós-graduação)
Entenda
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O governo federal anunciou no fim de abril o bloqueio de 30% dos recursos destinados a todas as instituições de ensino federais do país. A medida atinge os chamados gastos de custeio, como fornecimento de energia, água e vigilância.
Os cortes no orçamento do Ministério da Educação (MEC) foram incluídos em um contingenciamento maior anunciado pelo governo, de R$ 30 bilhões. Do total, R$ 5,8 bilhões são da Educação. Os números atualizados do bloqueio para instituições catarinenses somam R$ 102 milhões.
Na última quinta-feira, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, falou em 3,5%. No entanto, os 3,5% levam em consideração o orçamento total das universidades, que incluem as despesas vinculadas (pagamento de salários e benefícios a inativos), que não podem ser cortadas pela gestão. Já em relação às chamadas despesas discricionárias, como gastos com água e luz, que podem ser alteradas, o montante bloqueado equivale a 30%.
Veja fotos da manifestação na UFSC:
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