O discurso oficial é pelo apoio à realização de prévias para escolha do candidato a presidente em 2010, mas nos bastidores a cúpula paulista do PSDB tenta ganhar tempo para fechar um acordo com Minas Gerais. Ao deixar a definição para o segundo semestre, líderes ganham fôlego para convencer o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a desistir da disputa.
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Aécio já percebeu a manobra e exige que o modelo das primárias seja divulgado até o final de março. Irritado, o governador do segundo maior colégio eleitoral do país teme que a falta de definição fortaleça ainda mais a escolha por aclamação. Líder nas pesquisas de intenção de votos, o governador de São Paulo, José Serra, é considerado candidato natural do partido. Pressionada, a cúpula tucana não nega ao mineiro o direito às prévias.
– Sou a favor. Melhor até se tiver dois, três candidatos – reforça o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Os líderes, porém, evitam falar em datas. A ideia – em especial da ala paulista – é convencer Aécio a se candidatar a uma vaga ao Senado, assegurando um palanque de peso a José Serra. Reconhecido como antigo aliado de Aécio, agora até mesmo Geraldo Alckmin defende uma solução negociada. Convidado por Serra para ocupar o cargo de secretário estadual de Desenvolvimento, Alckmin dá o tom:
– Prévias são uma possibilidade, mas a primeira saída é o entendimento. E não há necessidade de uma definição tão rápida, podemos deixar para o segundo semestre.
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente da legenda, Sérgio Guerra (PE), já vinham conversando com Aécio sobre um acordo. o processo foi interrompido pelo lançamento extraoficial da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) à sucessão presidencial durante encontro com prefeitos organizado pelo Planalto na semana passada, em Brasília.
– Não podemos ficar no vestiário enquanto o adversário está em campo – reclama o senador Álvaro Dias (PR).
União de Serra e mineiro é fundamental, diz Aníbal
FH chegou a reclamar do fato de o PT estar concorrendo sozinho. Alertou que os tucanos precisavam logo entrar na briga, mas não falou em prévias. Aécio entendeu as declarações como um recado e também partiu para o confronto. Ele ameaça até mesmo sair do partido caso não tenha chances de ter seu nome avaliado em uma primária. Essa insatisfação até mesmo já foi motivo de conversa do mineiro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 6 de fevereiro. Vislumbrando um racha entre os tucanos, Lula teria encorajado Aécio e a levar a estratégia adiante. O PMDB é uma alternativa que o mineiro não descarta. A cúpula do PSDB, no entanto, duvida que ele tome uma decisão tão radical. Habilidoso, quando questionado pelos colegas, o próprio Aécio trata de tranquilizá-los.
– O meu lugar é aqui – teria dito a um companheiro de legenda.
Ao mesmo tempo, o líder do partido na Câmara, José Aníbal (SP), não nega que a unidade entre Aécio e Serra é fundamental para um projeto de vitória em 2010. Por isso, todos os esforços daqui para diante serão no sentido de promover um amplo acordo, sem mágoas ou desgastes.
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– Aécio tem colocado a questão das prévias, e não se pode negar isso a ele. Mas não temos experiência, precisamos amadurecer, saber como e quando fazer – desconversa Aníbal.