Nem todo mundo gosta de abraço, mesmo vivendo em culturas calorosas como a brasileira. Para a psicologia, isso vai muito além de gosto pessoal: tem relação com infância, autoestima e até com hormônios.
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Quem recua quando alguém tenta dar um abraço pode estar reagindo a algo muito mais profundo. A falta de carinho na infância, a educação recebida, o ambiente cultural e a ansiedade social são fatores que explicam essa atitude.
Criação e cultura moldam o conforto com o toque
De acordo com especialistas da Universidade da Califórnia, filhos de pais afetuosos tendem a ser mais receptivos ao toque. Já quem cresceu em lares frios ou com pouco contato físico pode sentir desconforto até mesmo ao pensar em ser abraçado.
Mas não é só a família que influencia. A cultura também pesa. Em países como Brasil, França ou Porto Rico, o toque faz parte do convívio social. Já em lugares como EUA, Inglaterra e Coreia do Sul, o contato físico é mais limitado e até evitado.
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Essas diferenças culturais explicam por que certas pessoas acham natural abraçar e outras não. O que é visto como carinho em um país pode parecer invasivo em outro. Tudo depende do contexto em que a pessoa foi criada.
Toque afeta hormônios e o sistema nervoso
O contato físico não mexe apenas com a mente — ele também impacta o corpo. A ausência de afeto na infância pode atrapalhar o desenvolvimento do nervo vago, importante para a empatia, e reduzir a produção de ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”.
A pesquisadora Darcia Narvaez, da Universidade de Notre Dame, afirma que o toque afetuoso nos primeiros anos de vida é fundamental para o equilíbrio emocional. Sem ele, a pessoa pode crescer com dificuldades de criar vínculos.
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Um estudo com crianças órfãs na Romênia revelou que elas produziam menos ocitocina ao receber carinho. Isso mostra como a falta de contato físico precoce pode afetar o sistema hormonal e a formação das emoções.
Autoestima baixa e ansiedade agravam a rejeição
Suzanne Degges-White, professora da Northern Illinois University, diz em entrevista à Times que “para alguns, ser tocado física ou emocionalmente provoca grande insegurança”. Quem sofre com autoestima baixa ou ansiedade tende a evitar o toque por medo de exposição.
Mesmo assim, é possível reverter isso com acompanhamento psicológico ou com exposição gradual ao contato físico. Muitos relatam surpresa, alívio ou até arrependimento ao perceberem o quanto estavam fechados sem motivo claro.
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O importante é respeitar o espaço de cada um. Se alguém estende a mão em vez de abrir os braços, aceite. Forçar um abraço pode gerar desconforto desnecessário. Afeto não precisa ser físico para ser verdadeiro.
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