A queda de 60% no número de atendimentos de pacientes com ameaça de acidente vascular cerebral (AVC) e ataque isquêmico transitório (ATI) no Hospital São José, em Joinville, está causando preocupação na Associação Brasil AVC (ABAVC) nas últimas semanas.
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Segundo a neurologista Carla Moro, uma das diretoras da associação e médica da unidade de AVC do Hospital São José, metade dos pacientes atendidos na unidade tem a ameaça de AVC. A pessoa fica com a visão um pouco borrada, tem leve adormecimento em um dos lados do corpo e, mesmo que os sintomas passem em seguida, é de extrema importância que ela procure a emergência médica.
– Cada vez que atendo um caso leve, diminuo em 80% os casos graves. O problema é que estamos atendendo menos esses pacientes leves e a preocupação é de que eles se tornem graves. Isso pode também sobrecarregar os leitos – explica a neurologista.
Segundo Carla, a suspeita é de que a redução nos atendimentos, estimada pela ABAVC em 60%, seja causada pela preocupação das pessoas em procurar uma unidade de saúde em função do coronavírus.
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Áreas separadas garantem segurança dos pacientes
A médica explica que a população precisa continuar seguindo as orientações de procurar hospitais e pronto-atendimentos apenas quando realmente precisar. E ressalta que casos de ameaça de AVC são graves e tratados como emergência.
– O Hospital São José está preparado para atender esses pacientes. Houve uma organização no atendimento em que suspeitos de virose ou coronavírus vão para uma área e pessoas com sintomas de AVC vão para outra. Então, o risco de contágio é mínimo – ressalta.
O Hospital está preparado para receber os pacientes. É realizado uma triagem para os possíveis #COVID19. Assim, a suspeita de AVC não ficará exposto sob risco. #stroke
— Associação Brasil AVC – ABAVC (@ABAVC_Oficial) March 31, 2020
⏰Lembre-se: Tempo perdido é cérebro perdido! #abavc
A orientação é de que pacientes com sintomas de AVC liguem para o Samu, que vai realizar o atendimento, avaliar a situação e fazer o encaminhamento para a unidade de saúde apropriada. Hoje, o Hospital São José é referência no atendimento ao AVC na rede pública.
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A neurologista conta que são 30 leitos para AVC no hospital. Na terça-feira (31), 12 leitos estavam desocupados. Antes da pandemia do coronavírus, era comum todos estarem ocupados por pacientes.
Pacientes têm 30% de chance de ter AVC na mesma semana da ameaça
Segundo a neurologista Carla Moro, a pessoa que teve uma ameaça de AVC tem 30% de chances de fazer um AVC na mesma semana. As chances são de 9% de ocorrência no mesmo dia da ameaça. Por isso, a importância das pessoas procurarem a emergência médica assim que tiverem os sintomas.
A médica conta que metade dos pacientes era de casos leves e as pessoas chegavam andando ao hospital. Agora, esses casos reduziram e o mais comum tem sido pacientes em situação mais grave, já apresentando paralisa e acamados.
– A pandemia do coronavírus vai passar, mas se a pessoa tiver um AVC e não procurar o atendimento, vai ter sequelas com as quais terá que conviver para o resto da vida – finaliza.
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