Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ex-secretário de São José, foi preso, nesta sexta-feira (26), após romper a tornozeleira eletrônica e tentar embarcar em um voo no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai. O ex-diretor-geral da PRF pretendia fazer uma escala no Panamá e chegar a El Salvador, segundo informações da TV Globo.

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Em 16 de dezembro, Silvinei foi condenado a 24 anos e seis meses por envolvimento em cinco crimes durante a trama golpista.

Quem é Silvinei Vasques

Segundo a plataforma Lattes, ele é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Direito pela Univali, em Segurança Pública pela Unisul e em Administração pela Udesc.

Silvinei Vasques ficou conhecido após comandar a Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e se envolver em polêmicas na reta final do mandato do ex-presidente. Nas eleições de outubro de 2022, ele foi questionado por que a corporação teria feito blitze em ônibus com eleitores no dia do segundo turno, em estados do Nordeste.

As operações em rodovias no dia da votação haviam sido proibidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na véspera do segundo turno. Na mesma data, Silvinei também havia postado em uma rede social mensagem em que pedia voto ao ex-presidente Bolsonaro.

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Nos meses após a eleição, ele também teve a atuação contestada por suposta omissão da PRF no combate a bloqueios em rodovias federais promovidos por bolsonaristas radicais, descontentes com o resultado das urnas.

Silvinei também respondeu a um inquérito por uma suposta agressão a um frentista após uma briga por causa de uma lavação de carro na cidade de Cristalina, em Goiás, no ano 2000. Ele foi condenado pela Justiça Federal de Santa Catarina em 2017, mas desde então vem recorrendo da decisão que determinou indenização ao envolvido.

Relação com SC

Além das polêmicas na gestão Bolsonaro, Silvinei também tem forte relação com o Estado catarinense. Ele é natural de Ivaiporã, no Paraná, mas atuou como inspetor da PRF desde 1995 e chegou a ser superintendente da corporação em Santa Catarina e no Rio de Janeiro. Também foi secretário municipal de Segurança de São José entre 2007 e 2008.

No fim de 2022, após se aposentar do cargo na PRF, Silvinei teve o nome cotado para assumir a Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina no futuro governo de Jorginho Mello (PL), eleito com apoio de Bolsonaro. A indicação, no entanto, não se confirmou.

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Silvinei Vasques atuou como secretário de Desenvolvimento Econômico de São José, na Grande Florianópolis, até o dia da condenação na trama golpista. De acordo com decreto assinado pelo prefeito Orvino Coelho de Ávila, a exoneração ocorreu a pedido do próprio Silvinei.

24 anos e meio de prisão por tentativa de golpe

Silvinei foi condenado a 24 anos e seis meses por envolvimento em cinco crimes durante a trama golpista. A pena foi definida na etapa final do julgamento que definiu a condenação de Silvinei e outros quatro réus investigados pela tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Além da condenação à prisão, Silvinei também recebeu pena de multa de 120 dias-multa, que pode chegar a valor de R$ 180 mil, com base no valor atual do salário-mínimo. Os ministros do STF também definiram como punição a Silvinei a perda do cargo de policial rodoviário federal aposentado. Em razão da condenação, o ex-diretor da PRF também ficará inelegível até terminar de cumprir a pena.

Quem são os condenados do núcleo 2 da trama golpista

Prisão no Paraguai

Dez dias após a condenação, Silvinei Vasques foi preso nesta sexta-feira (26) no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai, ao tentar embarcar em um voo com destino a El Salvador.

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Conforme apurado por Andreia Sadi, colunista do g1, Silvinei rompeu a tornozeleira eletrônica em Santa Catarina, deixou o Brasil sem autorização judicial e seguiu para o Paraguai. Assim que o rompimento do equipamento foi identificado, foram disparados alertas nas fronteiras e acionada a adidância brasileira no país vizinho.

Silvinei estaria usando um passaporte paraguaio original, mas que não correspondia à sua identidade. Ao tentar sair do aeroporto, Silvinei foi abordado e preso pelas autoridades paraguaias.

Após a detenção, ele foi identificado, colocado à disposição do Ministério Público do Paraguai e deverá ser expulso do país, com entrega às autoridades brasileiras.

NSC Total tenta contato com a defesa de Silvinei Vasques.