Com o anúncio do show do cantor Paul McCartney em outubro em Florianópolis, capital de Santa Catarina, fãs de todas as idades comemoraram. Mas alguns deles chamam atenção: pessoas jovens, da geração Z — que têm entre 12 e 27 anos — não só irão ao show, como também são fãs do cantor inglês há muito tempo, ou seja, desde a infância.
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É o caso de Julia Ferrazza Johann, que tem 19 anos e estuda Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Natural do Rio Grande do Sul, ela mora na capital catarinense há pouco mais de um ano, quando veio estudar na UFSC.
Fotos mostram como foi show de Paul McCartney em Florianópolis há 12 anos
Ela se considera fã do Paul “desde sempre”, já que os pais sempre foram muito fãs dos The Beatles, banda da qual o cantor foi um dos vocalistas até 1970.
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— Eu cresci, a minha vida inteira, ouvindo com eles. Eu tive uma influência muito forte, principalmente do meu pai, que sempre foi muito fissurado em música e discos e, principalmente, fã dos Beatles — conta a estudante.
Julia diz que McCartney sempre está nos fones de ouvido dela, seja a caminho da faculdade, seja a caminho do trabalho.
— Não pode faltar Paul McCartney na minha playlist, e eu sempre busco acompanhar nas redes sociais todos os shows e notícias dele — compartilha Julia.
Ela está, inclusive, em grupos de WhatsApp com fãs do Brasil inteiro, bem como no X (antigo Twitter).
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Fã-clubes, camisetas e vinis
Julia já foi dona e também participa de fã-clubes, e diz que tem quase um “museu dos Beatles” em casa.
— Está cheio de pôster dos Beatles e do Paul por todo lado, e meu pai também é colecionador de vinil desde a adolescência. Ele passou essa paixão para mim também — relembra.
A família possui vários discos, tanto da banda quanto do cantor britânico. Ela sempre foi muito fã deles, mas conta que sempre teve uma “paixãozinha” a mais pelo Paul.
— Ele sempre foi o meu favorito. Desde criança, eu era apaixonada por ele — diz ela.
Apesar de algumas pessoas estranharem ela ser tão fã de uma banda que acabou há mais de meio século e de um “senhorzinho” de 80 anos, ela diz que há muitas pessoas que são como ela.
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Loucura de fã
Para ela, a coisa mais “fã” que já fez foi pegar um ônibus na rodoviária e ir, sozinha, para o Paraná, estado que não conhecia, para um show do cantor. Paul McCartney esteve em Curitiba, no ano passado, com a Got Back Tour, a mesma que virá a Florianópolis em outubro deste ano.
Além desse, Julia foi para um show do cantor britânico em Porto Alegre, com o pai, em 2017. Ela também vai ao da capital catarinense, que acontecerá no Estádio Aderbal Ramos da Silva, mais conhecido como Ressacada, em outubro.
— Com certeza eu vou em Florianópolis. Eu já estou contando os dias para ter o Paul aqui — diz.
De geração para geração
Julia acredita que, assim como ela, muitos dos jovens que são fãs do cantor são fortemente influenciados pela família.
É o caso de Rafaela Aidar Castanho Azevedo, de 22 anos. Ela é estudante de jornalismo na UFSC, e mora em Florianópolis desde bebê. Natural da capital paulista, ela conta que o pai e o irmão, de 16 anos, que ouviam bastante Paul McCartney, a influenciaram.
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Na coleção de fã, Rafaela tem quadros dos Beatles que decoram o quarto da estudante, que são de quando ela viajou para Canela, cidade que fica no Rio Grande do Sul e tem o Museu dos Beatles. Além deles, ela possui camisetas e os vinis da família.
Diferente de Julia, no entanto, ela não escuta Paul todos os dias.
— Hoje em dia, eu já não escuto tanto, porque teve uma fase que eu escutava muito, só escutava Beatles. Agora, volta e meia eu volto para escutar uma música, e elas sempre me emocionam, são muito bonitas, e as letras são geniais — diz.
Paul é o seu “beatle” favorito, mas ela diria que é mais fã da banda, por escutá-la mais.
— Eu gosto muito de algumas músicas dele da carreira solo, mas eu gosto mais das que ele fez com os Beatles — explica.
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Apesar disso, fica claro para ela quais músicas são escritas pelo Paul.
— Dá para perceber o estilo de cada um deles nas músicas, né? E eu geralmente me identifico mais com o estilo dele — diz.
Rafaela também foi ao show de Paul McCartney em Curitiba, no ano passado, e já comprou ingressos para o show que acontece em Florianópolis em outubro deste ano. Como preparação, ela já está ouvindo uma playlist que fez com a setlist do show.
— Antes do show de Curitiba, eu já tinha feito a playlist, procurando na internet as músicas que iam ter. Para esse show, já estou ouvindo para entrar na vibe e na empolgação do show que está chegando — termina.
Veja fotos dos shows e coleções das duas
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Adolescência com Paul
Lorenzo Pitombo Vella tem 25 anos e é empresário, natural de São Paulo, mas morador de Santa Catarina há sete anos. Ele conta que começou a ser fã do Paul McCartney quando era adolescente, com 14 ou 15 anos de idade.
A influência também veio do pai, que sempre gostou de rock e de bandas como Rolling Stones e Motörhead, que, para ele, “tem uma pegada parecida com a dos Beatles”.
— Eu resolvi gravar um CD para o meu pai no aniversário dele, com a discografia dos Beatles, porque sabia que ele gostava — relembra.
Mas, no fim, quem também acabou aproveitando o presente foi Lorenzo, que começou a escutar muito a banda e se tornar fã.
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Tanto o Paul McCartney quanto os Beatles estão presentes em várias playlists do empresário, embora ele não escute as músicas todos os dias.
— Eu tenho um carinho muito grande pelo artista. As músicas dele fizeram muito parte da minha história e ainda fazem, então eu ainda escuto — compartilha.
Assim como as outras duas jovens, Paul sempre foi o “beatle” favorito de Lorenzo, e também é quem ele mais acompanha a carreira solo.
— McCartney é a carreira solo que eu mais acompanhei em relação a todos. Eu acompanhei um pouco a carreira solo do John Lennon, mas a do Paul McCartney tem a maior quantidade músicas salvas. Se eu tivesse que escolher, hoje, entre um show do do Paul McCartney ou do John Lennon, eu escolheria um show do Paul — conta.
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Ele diz que, às vezes, quando coloca alguma música do cantor britânico no celular ou no carro, os amigos reclamam.
— O pessoal comenta “pô, que música parada”, “que vibe antiga é essa?”. Eu acho que esse preconceito é natural. As músicas da geração dos Beatles, da década de 60 e 70, tem uma sonoridade muito diferente. É uma questão de costume. Tudo aquilo que não for pop, já começa a causar um estranhamento [para a geração Z] — conta.
Ele compartilha, ainda, que entre os 15 e 17 anos, ele escutava todas as músicas dos Beatles, e acabou decorando boa parte delas.
— Eu acho que isso foi o mais o mais absurdo que eu fiz, em relação a ser fã, de ouvir muito, ter a discografia deles e escutar no repeat — relata.
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Lorenzo também vai ao show em Florianópolis, em outubro.
— Eu fiquei muito feliz que ele vai se apresentar aqui no quintal de casa, basicamente. Quando eu vi o show disponível em Florianópolis, eu nem pensei onde seria e já estava disposto a comprar, mas quando eu vi que seria a menos de cinco quilômetros da minha casa, foi uma surpresa muito boa — recorda.
Ele diz, também, que está feliz que a capital catarinense receberá o show de grandes proporções.
O que explica os jovens fãs do Paul?
Para Julia, a produção de documentários, livros e filmes sobre a banda e sobre o cantor despertam o interesse nos jovens.
— Eu vejo que agora, mesmo 50 anos depois do fim dos Beatles, continuam lançando documentários e livros e até ela aquelas séries e filmes que trazem essa cultura das décadas mais antigas. Eu acho que isso acaba trazendo o interesse — opina.
Ela se refere, também, a documentários como os produzidos pela plataforma Disney+, que contam a história da banda e também de Paul. Ver Se Estas Paredes Cantassem (2022), por exemplo, é um documentário que está no streaming, e é dirigido por Mary McCartney, filha de Paul. A produção retrata os 90 anos de músicas produzidas no estúdio de gravação conhecido, que foi imortalizado pelos Beatles, o Abbey Road Studios.
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Já para Rafaela, a tendência de buscar uma nostalgia, ou a “saudade de algo que não viveu”, é algo comum entre os jovens atualmente.
— Acho que tem uma tendência em vários sentidos. Com fotografia analógica, com discos de vinil… — comenta.
Além de Paul e dos Beatles, Rafaela também gosta de outras músicas antigas, e se identifica com a época que é anterior à dela.
Para Lorenzo, por outro lado, o interesse da geração Z pelo cantor britânico se dá pela necessidade de procurar ser único e se distinguir dos demais.
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— Acredito que é uma tendência natural de qualquer geração, de querer se expressar e querer deixar sua marca no mundo — conclui.
*Sob supervisão de Leandro Ferreira
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