Imagine abrir o aplicativo do banco e se deparar com a notícia: a Bolsa caiu 5% em um único dia. O coração dispara, a ansiedade aperta e a primeira reação é pensar em vender tudo para evitar perdas maiores. Mas há quem, diante da mesma queda, respira fundo, resiste ao pânico e prefere esperar a recuperação.
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Essas são duas atitudes comuns, uma direcionada pelo instinto primitivo que herdamos dos nossos antepassados – o famoso cérebro das cavernas – que pode custar caro nas finanças, e a outra mais racional, direcionada pelo lado lógico do cérebro.
Aqui entram as finanças comportamentais, campo de estudo que analisa como emoção e razão interagem em nossas escolhas de dinheiro. Quem nos guia nesse tema é Jurandir Sell Macedo Jr., doutor em Finanças Comportamentais e pioneiro no Brasil ao implantar a primeira disciplina de Finanças Pessoais em universidades.
Finanças X Psicologia
Jurandir Sell é doutor em Finanças pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pós-doutor em Psicologia Cognitiva pela Université Libre de Bruxelles, na Bélgica. Com seus estudos, trouxe as finanças comportamentais para o Brasil, campo que une economia, psicologia e sociologia para entender como tomamos as decisões com dinheiro.
Para Jurandir, planejamento financeiro não é apenas matemática pura, mas comportamento humano. Ele conta que, historicamente, nosso cérebro foi moldado para sobreviver em ambientes hostis e incertos, e ainda hoje reage de forma exagerada a riscos e incertezas.
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“Esses reflexos primitivos, embora úteis no passado, muitas vezes atrapalham escolhas financeiras racionais no presente. Então, podemos ter todo o conhecimento técnico, mas se não soubermos lidar com nossas emoções, as decisões financeiras continuam sendo frágeis”, afirma Jurandir.
De onde vem o nosso comportamento financeiro?
Não somos folhas em branco quando começamos a investir. Cada pessoa carrega uma história que influencia diretamente a sua relação com o dinheiro. Além disso, os avanços da psicologia possibilitaram a compreensão da forma sistemática como tomamos decisões. E aí nasce a área de finanças comportamentais.
O estudo mostra como usamos heurísticas – atalhos mentais que simplificam decisões, mas geram vieses previsíveis – e como a teoria do prospecto explica a avaliação sobre perdas e ganhos a partir de um ponto de referência.
Segundo Jurandir Sell, não existe decisão financeira neutra. Toda escolha carrega nossa história, nossos medos e nossas crenças. Entender isso é o primeiro passo para ganhar consciência.
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Quando a emoção fala mais alto
Nossas decisões financeiras costumam seguir heurísticas. Nós avaliamos os ganhos e perdas em relação a um ponto de referência, sentindo uma perda de forma mais dolorida do que a alegria de um ganho equivalente. Por isso, as nossas atitudes perante os riscos acabam mudando conforme enxergamos as possibilidades de ganho ou de perda.
Para simplificar escolhas, alternamos entre atalhos rápidos e análises cuidadosas. É nesse movimento que surgem erros previsíveis, como:
- Ancoragem: quando usamos uma referência inicial (um preço ou número) como base e julgamos tudo a partir disso, mesmo que não faça sentido.
- Disponibilidade: a tendência de avaliar riscos pelo que lembramos com mais facilidade, e não pela maior probabilidade.
- Efeito de disposição: que nos leva a vender rapidamente ativos que subiram pouco, e a manter ou até reforçar posições perdedoras.
Jurandir Sell explica:
“Nosso cérebro funciona com duas grandes estruturas: uma rápida, intuitiva e emocional, voltada para o imediato e pouco preocupada com o futuro distante; e outra lenta, analítica e lógica, que exige esforço e está associada ao autocontrole e longo prazo”.
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Ele explica que o medo de perder, a ansiedade diante das oscilações e a busca por recompensas rápidas tendem a falar mais alto que o raciocínio lógico, pois esses vieses ativam o nosso instinto de sobrevivência.
“O problema é que, em finanças, fugir do risco em pânico ou buscar ganhos imediatos pode comprometer planos de longo prazo”, acrescenta.
O caminho da consciência
Como não podemos desligar as emoções, será que existe um modo de evitar que elas dominem nossas escolhas? Sim! O segredo está no planejamento. Confira:
- Defina objetivos claros para evitar resgates impulsivos;
- Separe horizontes de tempo para não usar recursos de longo prazo em emergências;
- Revise o portfólio periodicamente para ajustar as finanças às mudanças da vida.
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Como a Warren traduz ciência em prática
Esse olhar humano para as finanças é a base de atuação da Warren Investimentos, que defende que investir não é escolher produtos, mas alinhar decisões aos seus objetivos de vida. Na prática, significa:
- Assessoria profissional: significa não caminhar sozinho nas escolhas financeiras, contando com apoio para enxergar riscos e oportunidades com mais clareza, e para tomar decisões mais conscientes e consistentes.
- Modelo fee-based: a remuneração vem de uma taxa transparente, não de comissão por produto. Assim, as recomendações são livres de conflitos de interesse.
- Planejamento financeiro contínuo: um acompanhamento que evolui junto com a sua vida, ajustando metas e riscos a cada nova fase.
A Warren e Jurandir Sell compartilham da mesma visão, de que “essa estrutura reduz erros e aumenta as chances de prosperidade financeira sustentável”.
Caso tenha batido a dúvida sobre a relação das suas finanças com a razão e emoção, faça uma reflexão e se questione: minhas atuais escolhas refletem os meus objetivos de vida ou as minhas emoções do momento?
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Se a resposta não estiver clara, talvez seja hora de buscar apoio, conhecer o seu perfil de risco e as ferramentas que te ajudam a equilibrar emoção e razão para sustentar seus projetos de vida.

