*Por Dhiego Maia e Thaiza Pauluze

Ao menos 52 presos morreram – sendo 16 decapitados – na manhã desta segunda-feira (29) em uma unidade prisional de Altamira, no sudoeste do Pará. Essa é a segunda maior rebelião com mortos do ano. Em maio, um sequência de ataques nos presídios do Amazonas deixaram ao menos 65 mortos.

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Segundo a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe), órgão que administra o sistema prisional do estado, a rebelião foi registrada no Centro de Recuperação Regional de Altamira.

As primeiras informações do governo do Pará dão conta que as mortes ocorreram durante brigas entre facções rivais que tentam controlar o presídio de Altamira. Durante a rebelião, dois agentes foram mantidos reféns, mas foram liberados no final da manhã, após uma longa negociação mediada por policiais civis, miliares e promotores de Justiça.

Segundo a Susipe, a confusão começou por volta das 7h, durante o café da manhã. Policiais fazem vistoria no presídio para recontagem de presos.

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Transferência negada

No fim de maio, familiares de presos protestaram em frente a unidade com cartazes para pedir a transferência de integrantes de facções da unidade. As celas são divididas entre custodiados sentenciados, provisórios e internos em situação de conflitos de convivência, afirma a Susipe.

À época, a pasta negou as transferências e afirmou que estava "acompanhando em tempo real todo o movimento da massa carcerária". Na manhã desta segunda-feira, o clima é de desespero das famílias que esperam por notícia.

Equipes das polícias Civil e Militar dão apoio aos gentes prisionais e aos peritos do IML, que atuam na contagem dos internos, e vistoria das celas.

— Eu só quero a lista, só isso, eu só quero saber se meu marido tá vivo, só isso — disse Rosângela da Costa, mãe de um preso.

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Segundo familiares, eles receberam ligação de detentos e a justificativa foi que atearam fogo nas celas com a intenção de matar internos de uma facção rival.

O superintendente do Sistema Prisional, Jarbas Vasconcelos, confirmou que irá a Altamira acompanhando uma equipe de segurança e carro com câmeras frias para fazer o transporte dos 52 corpos até à capital do estado, Belém, onde deverão passar por perícia no Instituto de Perícias Científicas Renato Chaves. ​

Massacre em presídios

O caso de Altamira remete a 2017, quando uma sequência de ataques em unidades prisionais deixaram 126 presos mortos no Amazonas, em Roraima e no Rio Grande do Norte. No Ano Novo de 2017, Manaus protagonizou a morte de 59 detentos no Compaj – até então, o maior massacre de presos desde o Carandiru, em 1992.

Naquele mesmo ano, a crise prisional se estendeu para outros estados. Quatro dias depois da chacina nas unidades prisionais do Amazonas, 33 presos foram assassinados no maior presídio de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.

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Também no início de 2017, um motim deixou pelo menos 26 mortos, decapitados ou carbonizados, na penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta, a maior do Rio Grande do Norte.

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