A Caixa Econômica Federal anunciou mudanças no financiamento de imóveis, que começam a valer a partir desta sexta-feira (1º). As principais alterações são relativas ao percentual no valor de entrada, que aumentou nas duas modalidades de financiamento. Frente a essas mudanças, como o consumidor deve se planejar para adquirir um imóvel? O financiamento da Caixa ainda vale a pena?
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A economista Ana Oliveira, da consultoria “É Da Sua Conta”, explica que o primeiro passo para quem busca fazer um financiamento é ver o valor das parcelas e avaliar os outros gastos mensais já existentes, incluindo a construção de uma reserva financeira e um aporte para a aposentadoria.
— Assim como tem havido muitas modificações na questão do financiamento imobiliário, a questão da previdência social também é um ponto de alerta, é um ponto de preocupação e que deve ser trazido como uma obrigatoriedade também dentro do nosso orçamento, cada um, claro, dentro das suas possibilidades — pontua.
Ela explica que o banco costuma aprovar a parcela do financiamento dentro do valor de 30% da renda. Porém, o consumidor pode ter outros financiamentos, além de outros gastos, como escola dos filhos, outras prestações, IPTU, condomínio, que também comprometem essa renda.
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SAC e Price
Os financiamentos de imóveis com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), realizados pela Caixa, podem ocorrer em dois sistemas: SAC ou Price. No Sistema de Amortização Constante (SAC), o valor total das prestações pagas diminui com o passar do tempo, devido a parcela decrescente de juros.
No sistema Price, contudo, o valor é constante durante o período do financiamento. Anteriormente, consumidores que optavam por esse modelo poderiam dar uma entrada de 30% e financiar o restante. Agora, é preciso uma entrada de 50%, com o restante financiado pela Caixa.
Já no sistema SAC, o comprador tinha como opção pagar 20% do valor do imóvel como entrada e financiar o resto, porcentagem que passará para 30% a partir desta sexta-feira.
Ana Oliveira afirma que o sistema mais vantajoso na hora de financiar um imóvel depende muito do objetivo e da realidade de cada comprador.
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— Se o teu objetivo for adquirir um financiamento e quitar antecipadamente em até cinco anos, a Price pode ser mais interessante. Se não, a SAC tem uma amortização ao longo do tempo mais lenta, porém maior do que a Price. A grande diferença entre as duas é que a Price tem prestações que começam menores que a SAC, só que elas vão iguais do início ao final. Enquanto que a SACcomeça com prestação maior e vai amortizando ao longo do tempo, reduzindo consideravelmente as prestações no final do contrato — explica.
A economista ainda acrescenta que a SAC possui menos juros do que a Price caso o consumidor deseje levar o contrato até o final, ou por mais de cinco anos. Sendo assim, a capacidade de pagamento da parcela interfere em qual será a melhor decisão.
— Se a tua capacidade atualmente de pagamento de parcela é por uma parcela menor, a Price pode te atender, mas aí você tem que considerar que se você for pagar esse contrato em 10, 15, 20, 25 anos, você vai pagar mais juros do que na tabela SAC — detalha a economista.
Financiamento pela Caixa ainda é vantajoso?
Segundo Ana, a resposta é sim. A economista aponta que o financiamento imobiliário continua sendo uma das melhores opções de crédito, se consideradas as taxas e a aquisição de um patrimônio.
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— Com relação se vale a pena ainda financiar pela Caixa Econômica, sim, vale a pena. O financiamento imobiliário continua sendo uma das melhores opções de crédito, considerando taxa e o fato de que você está adquirindo um bem, você está adquirindo um patrimônio — avalia.
— Por mais que você esteja financiando parte dele, você ainda assim está adquirindo um patrimônio que pode, inclusive, valorizar ao longo do tempo, geralmente é isso que acontece. Claro que a valorização muitas vezes não compensa os juros que você paga, só que em vários casos o valor da parcela do financiamento vai ser o mesmo valor de um aluguel — afirma.
Ela explica que por se tratar da aquisição de um bem de valor, o financiamento de um imóvel se trata de uma “dívida de valor”, diferente de um empréstimo ou de uma fatura de cartão de crédito parcelada, que seria uma “dívida sem valor”, ou uma dívida “ruim”.
Outros bancos e consórcios
Ana também relembra que há possibilidades de financiamento imobiliário por outros bancos, com 20% de entrada e financiando 80%, ainda que com taxa maiores do que as da Caixa.
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Contudo, somente a Caixa Econômica Federal financia as construções do programa habitacional Casa Verde Amarela, que voltou a se chamar Minha Casa Minha Vida, com taxa subsidiada pelo governo.
Outra opção são os consórcios, com a qual é possível adquirir um imóvel de forma planejada e não imediata, sem necessidade de entrada. Ao invés de juros, o formato opera com taxa de administração, de valor inferior, e é opção para quem não precisa se mudar de forma imediata.
— As pessoas estão buscando o consórcio considerando que você não precisa dar uma entrada, você simplesmente vai assumir as parcelas e aí você pode ser contemplado por sorteio ou por lance, então você consegue ir ao longo do tempo guardando dinheiro e depois dá o lance — explica.
A economista Ana Oliveira reforça que para planejar a aquisição de um imóvel, o primeiro passo é organizar para onde está indo o seu dinheiro, ter um orçamento planejado para então começar a investir, o que passa pela aquisição da casa própria.
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— Se por um tempo for preciso permanecer no aluguel, até você ter o dinheiro para dar de entrada, até você poder se planejar, não tem problema nenhum. É melhor você fazer as coisas com mais calma do que tomar decisões na impulsividade. Em geral, quando o assunto é dinheiro, a pressa certamente vai ser inimiga da sua vida financeira mais saudável — finaliza.
Mudanças começam a valer nesta sexta
Além das mudanças nos percentuais de entrada, a Caixa irá alterar as cotas de financiamento admitidas. Com a alteração, nos empréstimos feitos com recursos do SBPE o valor de avaliação ou de compra e venda dos imóveis para financiamento será limitado a R$ 1,5 milhão.
O consumidor também não poderá ter mais de um financiamento habitacional ativo com a Caixa. Até então, só era restrito a um contrato de crédito ativo os financiamentos com recursos do FGTS.
A Caixa informou que as medidas não têm prazo de validade, e assim podem ser permanentes. Quem já possui financiamento ativo pela Caixa, contudo, não será afetado pelas mudanças.
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