É comum, ao amanhecer, observamos um astro grande e brilhante no horizonte, próximo ao nascer do Sol. Popularmente conhecido como Estrela da Manhã ou Estrela D’Alva, graças ao seu brilho intenso que o destaca mesmo nos primeiros raios de luz. Mas essa denominação, apesar de poética, não representa, na prática, a origem desse objeto que tanto chama a atenção, especialmente nas primeiras horas do dia.

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Esse astro grande e brilhante na verdade é um planeta. Trata-se de Vênus, o segundo mais próximo do Sol e um personagem um tanto quanto peculiar do nosso Sistema Solar. É o objeto natural mais luminoso do céu noturno, depois da nossa Estrela-Mãe e da Lua.

Por que Vênus é tão brilhante?

O planeta apresenta um brilho tão intenso por uma série de fatores. O principal é a sua atmosfera, que reflete cerca de 70% da luz solar que recebe. Essa alta refletividade, aliada à proximidade com o Sol e com a Terra faz com que ele seja um dos objetos mais brilhantes do Sistema Solar, superado apenas pelo Sol e pela Lua.

Apesar do brilho intenso, o planeta não fica “exposto” o tempo todo. Ele está sempre, da perspectiva da Terra, em uma posição angular muito próxima ao Sol. Por isso, só é visível por breves períodos: ou logo após o pôr do sol (como Estrela Vespertina) ou um pouco antes do nascer do Sol (como Estrela da Manhã), quando a luz solar ainda não está forte o suficiente para ofuscá-lo.

Estrela da Manhã tem um ambiente hostil

Vênus é um mundo que esconde uma realidade inóspita por trás do brilho. Apesar de ser o segundo planeta mais próximo do Sol, é o que apresenta as temperaturas mais altas – normalmente entre 450 e 500 graus Celsius, calor suficiente para derreter metais pesados como o chumbo.

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A razão para apresentar temperaturas tão elevadas, superando até mesmo Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, é uma atmosfera altamente densa, composta quase que na totalidade por dióxido de carbono. Essa espécie de casca de gás mantém o calor gerado pelo núcleo do planeta e pelos raios solares próximos à superfície, causando as elevadas temperaturas.

Além de quente, a atmosfera de Vênus também é ácida. A camada de nuvens do nosso vizinho não é feita de vapor de água, mas sim de gotículas de ácido sulfúrico. Esse composto químico forma nuvens espessas que encobrem o planeta.

Embora seja frequentemente mencionada a “chuva de ácido” em Vênus, as gotículas formadas a grandes altitudes não chegam a atingir o solo. Devido às temperaturas extremas, a chuva de ácido sulfúrico evapora antes de tocar a superfície, transformando-se novamente em gás que sobe para formar as nuvens, mantendo um ciclo vicioso de enxofre e dióxido de carbono que define a atmosfera venenosa da nossa “Estrela da Manhã”.

Vênus pode ter abrigado vida

Alguns estudos apontam que, há bilhões de anos, no início do ciclo do nosso Sistema Solar, Vênus pode ter abrigado vida. Considerado um “Planeta Gêmeo” da Terra, a nossa Estrela da Manhã pode ter sido um mundo muito diferente do ambiente inóspito que se tornou.

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Modelos climáticos sugerem que ele pode ter possuído oceanos de água líquida e temperaturas moderadas por até dois bilhões de anos, um período extenso o suficiente para o surgimento de vida. Acredita-se que essa fase habitável terminou devido a um aumento gradual na intensidade do Sol, que teria iniciado a evaporação da água e o consequente aprisionamento de vapor na atmosfera, desencadeando lentamente o efeito estufa descontrolado que hoje define o planeta.

Além da radiação solar, a transformação catastrófica de Vênus pode ter sido auxiliada por eventos extremos, como impactos maciços de outros astros. Uma dessas colisões é, inclusive, a principal candidata para explicar a sua rotação retrógrada (ao contrário da maioria dos outros planetas). Tais eventos teriam liberado enormes quantidades de dióxido de carbono e gases vulcânicos na atmosfera, selando o destino do planeta.