Enquanto a sociedade volta sua atenção para o coronavírus, até o momento com nenhum caso confirmado no Brasil, doenças como o sarampo, a febre amarela e a dengue continuam sendo disseminadas pela falta de medidas simples e acessíveis, como a vacinação e cuidados básicos com a higiene.

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Para reforçar o risco que essas epidemias oferecem e a importância da população se mobilizar para combatê-las, a Secretaria de Saúde de Joinville apresentou nesta quinta-feira (6) os dados atualizados sobre a cobertura vacinal no município e ações implementadas para o combate ao mosquito Aedes aegypti.

Um dos pontos enfatizados pelo secretário de Saúde, Jean Rodrigues da Silva, foi a diferença entre o valor de prevenção do sarampo e da febre amarela, por meio da vacinação, e custo necessário para o tratamento de pacientes infectados.

Enquanto uma dose das vacinas contra o sarampo e febre amarela custam, R$ 6,07 e R$ 4,00, respectivamente, o tratamento do paciente custa aos cofres públicos R$ 1.924,71, de acordo com cálculos do Ministério da Saúde.

— O custo representa 3,1 mil consultas que vou deixar de colocar no sistema. Se tivermos epidemias de sarampo, febre amarela ou dengue, medidas drásticas precisarão ser tomadas, como o cancelamento de cirurgias eletivas, redimensionamento de espaços, contratação de mais profissionais, ou seja, vamos precisar investir recursos que seriam destinados a novas ações como ampliação de acesso, mais cirurgias e exames — afirmou o secretário.

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Dengue e Aedes aegypti

Um exemplo de investimento emergencial é o que a Secretaria da Saúde está realizando em medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti, um dos principais vetores causadores da dengue, Zika vírus, febre Chikungunya e da febre amarela.

Com investimento de aproximadamente R$ 1 milhão, o Serviço de Vigilância Epidemiológica de Joinville está realizando a contratação de dez agentes de Combate às Endemias, instalação de novas armadilhas e utilização de ferramentas tecnológicas como os drones para vistoria de imóveis.

— Temos infestação em mais de dez bairros e, hoje, o grande problema é o Comasa, onde houve um caso de transmissão autóctone em janeiro. Estamos fazendo a aplicação de adulticida para minar e matar mosquitos que já possam estar infectados e que podem transmitir a doença, além de mutirão de visitas às casas da região e eliminando qualquer tipo de pote com água parada — explica a coordenadora do Serviço de Vigilância em Saúde, Nicoli dos Anjos.

Números atualizados do Serviço de Vigilância Ambiental apontam 719 focos positivos identificados na cidade, desde o início deste ano. Também foram diagnosticados dois casos de dengue, sendo um autóctone e um importado.

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Febre amarela

Números atualizados do setor de Imunização apontam que, em Joinville, aproximadamente 350 mil pessoas foram vacinadas contra a febre amarela, o que representa 74% de cobertura. Cerca de 130 mil pessoas ainda precisam ser imunizadas, para que atinja-se a meta de 100% de cobertura vacinal.

Uma atualização recente do Ministério da Saúde no calendário vacinal da febre amarela, orienta que crianças de 4 anos de idade recebam reforço da vacina. Para os pais que têm dúvidas sobre a situação vacinal dos seus filhos, a orientação é que procurem uma Unidade Básica de Saúde para consultas e eventuais atualizações.

Outro importante público que deve-se atentar à vacina contra a febre amarela são os moradores de regiões de mata, conforme alerta a coordenadora do Centro de Vigilância em Saúde, Chana Beninca.

— Estamos atuando incansavelmente pois a nossa meta de cobertura é de 100%, principalmente junto às pessoas que moram em regiões de mata como o Vila Nova rural, Pirabeiraba, regiões do Jardim Paraíso e, também, regiões de mata na área central, como no Morro do Boa Vista — afirma.

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Sarampo

Enquanto comemora a cobertura vacinal superior a 100% na faixa etária de crianças de um ano de idade, em 2019, o Centro de Vigilância em Saúde volta sua atenção à população entre 20 e 29 anos, que circula em locais com grande aglomeração de pessoas.

Também no ano passado, a cobertura vacinal entre as crianças com menos de seis meses de idade ficou abaixo do esperado, atingindo 64% do público-alvo. Vale destacar que a vacina contra o sarampo deve ser tomada por pessoas com menos de 50 anos de idade, sendo que crianças possuem calendário específico em relação às doses.

Mais uma vez, a orientação para a população que tiver dúvidas sobre a sua situação vacinal, é procurar uma Unidade Básica de Saúde.

— a vacina contra o sarampo pode aparecer na carteira como VTV, Tríplice Viral, entre outros nomes. Por isso, deve-se buscar uma UBS em caso de dúvidas — completa Chana.

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Em 2019, foram registrados 104 casos de sarampo, em Joinville. Desde o início deste ano, 27 casos foram identificados.

Campanha Nacional e Dia D

Nesta segunda-feira (10/2), o Ministério da Saúde inicia mais uma Campanha Nacional de Vacinação Contra o Sarampo. No sábado (15/2), acontece o Dia D Campanha e 22 Unidades Básicas de Saúde de Joinville estarão abertas ao público, das 8h às 16h.

“O Dia D não será de vacinação apenas contra o sarampo, mas para a população regularizar o seu quadro vacinal e aproveitar para se imunizar contra todas as doenças”, reforça o gerente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Joinville (SES), Henrique Deckmann.

Coronavírus

Embora sem casos confirmados no Brasil, até o momento, Joinville já está preparada para agir em situações de suspeita da doença. Na última semana, técnicos do Ministério da Saúde vieram à cidade trazendo informações referentes ao coronavírus e à febre amarela.

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— Em Joinville, estamos focados em orientar a população sobre a prevenção. Temos material preparado e foram divulgadas nota de alerta e nota técnica para as Unidades de Saúde e Pronto Atendimento, sobre como devemos proceder em casos suspeitos de coronavírus —explica Chana.

Segundo a coordenadora, usuários com quadro de resfriado e que relatem que estiveram na China ou em contato com pessoas que estiveram no país nos últimos 14 dias, poderão imediatamente ser encaminhados para isolamento, inclusive em ambiente domiciliar. A Vigilância Epidemiológica também será notificada para a realização de coletas, bloqueio e protocolo junto ao Ministério da Saúde.

Para a médica do Centro de Vigilância em Saúde, Mônica Behnke Damasio, o coronavírus representa um alerta mundial, mas é preciso combater os perigos que estão por perto.

Para isso, medidas simples como a etiqueta da tosse, lavar bem as mãos com água e sabão, usar álcool gel e abrir janelas nos veículos do transporte coletiva, são fundamentais: “Em 2009, com o H1N1, a população passou a respeitar mais as orientações básicas e tivemos redução drástica de casos de doenças como conjuntivite e resfriados. Precisamos fazer o básico”.

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Para finalizar, o secretário da Saúde fez um apelo à população: “A prevenção é o único caminho que temos para um cenário mais positivo. Procure uma Unidade Básica de Saúde. Nossas equipes estão sensíveis à questão do coronavírus, mas a febre amarela, a dengue e o sarampo estão entre nós e são o maior flagelo da saúde pública de Joinville, atualmente. A vacina é o único caminho”.

Destaques do NSC Total