O acidente entre uma moto e um ônibus causou a morte de um motociclista, deixou os veículos envolvidos incendiados e resultou em filas de pelo menos 10 quilômetros na SC-401, na região do bairro Saco Grande, em Florianópolis. A colisão ocorreu nesta quarta-feira (8) e teve as duas pistas liberadas somente no começo da tarde.
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A SC-401 é a principal via que leva ao Norte da Ilha e também é a rodovia estadual mais movimentada de Santa Catarina. Por dia, passam cerca de 60 mil veículos em média ao longo do ano. Na temporada de verão, quando o fluxo chega a quase 100 mil veículos por dia, a rodovia costuma registrar filas quilométricas nos horários de ida e de retorno das praias do Norte da Ilha.
Ao longo do ano, em casos de acidentes como o registrado nesta quarta-feira, os motoristas também sofrem com congestionamentos na via. Pontos, como a chamada subida das madeireiras, próximo ao trevo do bairro João Paulo, são considerados críticos, onde problemas mecânicos em caminhões e veículos de grande porte também costumam interditar as pistas e provocar engarrafamentos.
Veja fotos do acidente na SC-401
O impacto das filas e dos acidentes motivou uma obra de triplicação de parte da SC-401. As obras foram iniciadas em março deste ano pelo governo do Estado. A ampliação abrange um trecho de 6,2 quilômetros, entre os Kms 12 e 19, em que a via passará a contar com três faixas em cada sentido.
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Segundo informações da Secretaria de Estado de Infraestrutura (SIE), atualmente a obra está com 35% dos trabalhos concluídos. O trecho da subida do morro do cemitério Jardim da Paz, próximo de onde ocorreu o acidente desta quarta, tem previsão de conclusão até dezembro.
A meta do governo do Estado até o verão é entregar terceiras faixas no trecho entre o morro das madeireiras e a entrada do bairro Cacupé. Além disso, uma via marginal, entre a descida do morro do cemitério Jardim da Paz e o Shopping Casa e Design, também está entre as etapas previstas para serem concluídas até o início da temporada. As obras são feitas no período noturno, para evitar impacto no trânsito ao longo do dia. Atualmente as obras estão concentradas no morro das madeireiras, região do cemitério Jardim da Paz e na reta do Centro Administrativo, justamente o trecho que as equipes pretendem entregar até o fim do ano.
Obra vai continuar durante o verão

A obra de triplicação da SC-401 deve continuar durante a temporada de verão. A tendência é de que a movimentação de máquinas diminua bastante durante o dia, quando a rodovia registra o maior fluxo de veranistas, mas o trabalho mais pesado deve seguir sendo executado no período da noite e madrugada. Caso haja momentos de pico de trânsito em que a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) considere que a obra deva ser suspensa por um período, a possibilidade pode ser avaliada, mas o planejamento é de que os trabalhos sigam em execução.
O contrato prevê a conclusão em até 18 meses. Como os trabalhos começaram em março deste ano, o prazo máximo para o término da ampliação seria setembro de 2026. O investimento do governo do Estado é de R$ 73 milhões.
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A obra prevê vias marginais que somam quatro quilômetros, passagem elevada no acesso ao Caminho dos Açores, rotatória no acesso ao bairro Cacupé e viaduto no bairro Santo Grande.
Obra vai resolver problema do trânsito?
O pesquisador do Observatório da Mobilidade Urbana da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Werner Kraus Júnior, admite que a criação de uma terceira faixa em trechos críticos da SC-401 deve elevar a capacidade de tráfego e reduzir filas na rodovia que leva ao Norte da Ilha. Apesar disso, ele compara a obra de ampliação da via com outras intervenções como a terceira faixa da Via Expressa, criada em 2018, e a liberação do acostamento no trecho da BR-101 em São José, na Grande Florianópolis.
Nos dois casos, o especialista afirma que houve um alívio imediato após a liberação da faixa adicional, mas em pouco tempo as vias voltaram a ficar estranguladas.
— O aumento da capacidade que virá é substancial. A gente viu o efeito de uma faixa a mais na Via Expressa, assim que foi inaugurada, em 2018. Mas quando a terceira faixa foi inaugurada, já alertávamos o Dnit de que haveria uma saturação em breve. Só não foi tão em breve porque veio a pandemia, mas terminada a pandemia, o processo aconteceu como prevíamos — conta, citando os congestionamentos atuais da Via Expressa.
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Segundo o pesquisador, é possível que a rodovia volte a sofrer níveis de congestionamentos semelhantes aos atuais em até dois anos após a ampliação das faixas.
— Quando se abre a capacidade, as pessoas passam a optar por viajar novamente no horário de pico. Aí começa a se disputar o horário de pico, as viagens, que estavam dispersas, passam a se comprimir outra vez no período de pico — explica.
Na visão dele, o melhor caminho para a fluidez na rodovia estadual deveria ser focado em transporte coletivo, com a destinação de uma faixa exclusiva aos ônibus. A medida evitar a disputa de espaço entre veículos e daria redução de tempo de viagem aos coletivos, o que poderia estimular o uso.
Segundo o colunista da NSC, Renato Igor, o governo do Estado pretende fazer um período de teste no verão após a liberação da terceira pita, com a faixa extra destinada a corredor de ônibus, carros de segurança, saúde e veículos pesados.
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— O tempo de viagem é um fator preponderante na escolha pelo transporte coletivo. Um corredor exclusivo vem justamente prover velocidade de viagem, tempo curto e competitivo — avalia Kraus Júnior.
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