Santa Catarina registrou 236 casos de internações de crianças de 1 a 4 anos de idade por queimaduras em 2025, sexto maior número no ranking nacional. Os dados são do DataSUS, compilados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), que reúnem estatísticas de janeiro a setembro deste ano. Essa faixa etária, de acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras, é a mais atingida em casos de acidentes com queimaduras.
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O Estado ficou em segundo lugar em relação aos três estados do Sul, com o Paraná liderando com 403 casos. Em terceiro lugar, aparece o Rio Grande do Sul, com 138 casos. A região foi a terceira com mais casos em todo o país, ficando atrás do Nordeste, que teve 1.109 casos, e do Sudeste, com 938 casos.
Em todo o Brasil, foram 3.613 casos com crianças de 1 a 4 anos, segundo do DataSUS, entre janeiro e setembro. De acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras, 70% dos acidentes acontecem dentro de casa.
Como os acidentes acontecem?
O órgão brasileiro referência em queimaduras no país afirma que os acidentes costumam acontecer principalmente nas férias, quando as crianças estão mais em casa. Muitas vezes, as queimaduras acontecem em situações cotidianas, principalmente com líquidos quentes.
Segundo a pediatra Mariana Falavina Grigoletto, um cabo de panela virado para fora do fogão, que parece inocente, pode ser motivo de um acidente, estando ao alcance das mãos das crianças. Até mesmo uma xícara quente na beirada de uma mesa, ou uma panela recém-retirada do fogo, também podem ocasionar queimaduras nas mãos curiosas das crianças.
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— A criança puxa o cabo, tropeça no pano da mesa, esbarra no copo, mexe na cafeteira e tenta alcançar recipientes aquecidos. Todo cuidado é pouco com os pequenos — diz.
Há outras formas, também, de queimaduras, mesmo que aconteçam com menos frequência, como os acidentes com chamas ou líquidos inflamáveis. Essas queimaduras podem ser mais graves, causando riscos sérios às crianças.
— Dentre as queimaduras químicas, a ingestão de soda cáustica é a principal causa de queimaduras em crianças. Pilhas e baterias, quando ingeridas ou rompidas, seguem como ameaça silenciosa devido ao conteúdo corrosivo — afirma.
Tomadas, fios e até sol forte
Os acidentes também acontecem com outros itens do dia a dia, como tomadas, que podem causar choques elétricos. Por isso, a recomendação é que as tomadas sejam protegidas, e que haja cuidado, ainda, com fios desencapados, e extensões improvisadas.
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No verão, para além do período em que as crianças estão mais em casa, os responsáveis também devem ter cuidado com o sol. Isso porque, durante a estação, as queimaduras solares podem representar riscos significativos devido aos raios UVA e UVB. Dessa forma, é preciso ter atenção com sintomas como vermelhidão, dor e calor no local que pode ter havido queimadura.
O que fazer em caso de queimadura?
De acordo com a pediatra, a primeira medida recomendada é resfriar a área com água corrente fria, nunca gelada, por cerca de 10 a 20 minutos. Em caso de inchaço, também é importante remover anéis, pulseiras e acessórios, além de roupas que podem ficar grudadas na pele.
Não é recomendado usar gelo ou receitas caseiras como clara de ovo, manteiga, pasta de dente ou pomadas sobre a área queimada. Segundo a médica, “esses produtos agravam a lesão e aumentam o risco de infecção”.
Se houver bolhas, febre, dor intensa ou pus, aumento de vermelhidão, queimaduras em rosto, mãos, pés e genitais, e náuseas, sonolência ou desmaio, é necessário buscar atendimento médico imediato.
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Prevenção de acidentes
- Evite segurar a criança no colo enquanto cozinha ou manuseie líquidos quentes.
- Mantenha fósforos, isqueiros e álcool fora do alcance das crianças.
- Vire os cabos das panelas para dentro.
- Priorize as bocas de trás do fogão.
- Evite que as crianças se aproximem de forno e fogão assim como ferro de passar roupa e chapinhas.
- Nunca deixe objetos ou líquidos quentes nas bordas das mesas
- Evite toalhas compridas que facilitem os puxões.
- Atenção ao micro-ondas: o aquecimento é irregular e pode gerar queimadura na boca
- Guarde os produtos químicos em locais altos e trancados.
- Tampe tomadas e redobre a atenção com fios soltos e desencapados.
- Descarte pilhas e baterias adequadamente.
- Teste sempre a temperatura da água do banho, antes de colocar a criança.
- Aplique protetor solar, reaplicando a cada duas horas, após mergulho ou suor excessivo.
- Evite exposição solar entre 10h e 16h. Use roupa leve, chapéu, óculos e acessórios de proteção.

