A Central de Atendimento à Mulher, representada pelo Ligue 180, recebeu 2.487 denúncias de casos de violência física em Santa Catarina em 2024. O número representa mais de 61% de todas os 4.029 registros recebidos pela central com origem do Estado. Os dados foram divulgados pelo Ministério das Mulheres em 4 de fevereiro.
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Houve um aumento de 12,3% no número de denúncias em relação ao ano anterior, quando foram 3.586 registros pelo Ligue 180. Ao todo, foram mais de 17 mil ligações realizadas à central de atendimento em 2024 — no entanto, nem todas elas viram denúncias, segundo o Ministério.
A maioria das denúncias (88%) foi feita por telefone, pelo 180, enquanto outras 370 ocorreram pelo WhatsApp — (61) 9610-0180. O serviço é gratuito e orienta as vítimas sobre os direitos das mulheres e sobre os principais serviços da rede de atendimento à mulher. Os canais de atendimento funcionam 24 horas por dia.
O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, explica que as denúncias feitas no Ligue 180 retornam para Santa Catarina por meio da diretoria de inteligência, que realiza a “difusão da informação” e que o objetivo da Polícia Civil é realizar ações no âmbito da conscientização da população.
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— [O aumento] demonstra que a população quer auxiliar no combate à violência doméstica. Isso está aliado também a um importante dado, que foi a redução de feminicídios em Santa Catarina no ano de 2024. Nós tivemos também um certo aumento de ocorrências no que diz respeito à violência contra a mulher, porque as pessoas e as mulheres estão registrando mais ocorrências, estão denunciando mais, estão registrando mais, e isso é importante — aponta.
Quem denunciou
Em 57% dos casos (2.335), as denúncias foram realizadas pela própria vítima da violência, enquanto 1.692 casos foram denunciados por outras pessoas que presenciaram ou eram próximas à mulher.
Dois agressores registraram a própria violência no Ligue 180, conforme os dados.
Tipos de violências
Além da violência física, também foram registrados 541 casos de violência patrimonial e outros 358 de violência sexual. Cerca de 37% dos casos aconteceram dentro da própria residência da vítima, enquanto 1.490 foram na casa da mulher e do suspeito.
Já 231 casos aconteceram na casa do suspeito pela violência. Cerca de 1.848 vítimas, o que representa 45% das denúncias, disseram que a violência acontece todos os dias e 687 falaram que ocorre de forma ocasional.
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As violências que acontecem há mais de um ano e que foram denunciadas pelo Ligue 180 representam 24% dos casos, com 978 denúncias. Já 618 acontecem há um mês.
Sobre os denunciados, 599 são companheiros ou companheiras das vítimas. Em contrapartida, 540 são esposos ou esposas.
Quem são as vítimas
A maioria das vítimas (653) tem entre 40 e 44 anos. Já 590 mulheres têm entre 30 e 34 anos, e 501 possuem de 35 a 39 anos. Das vítimas que realizaram a denúncias, 59% são brancas, enquanto 1.030 são pardas, 226 pretas, 22 amarelas e 20 indígenas.
De acordo com o painel disponibilizado pelo Ministério das Mulheres, Santa Catarina possui 131 serviços destinados ao atendimento de mulheres vítimas de violência. São 61 delegacias especializadas, com 27 locais que prestam serviços de saúde a pessoas em situação de violência.
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Cenário nacional
No Brasil, foram mais de 691 mil ligações atendidas, representando um aumento de 21,6% em relação a 2023, com 573.131 violações denunciadas.
A violência psicológica foi o tipo mais frequente de denúncia realizada, com 101.007 ligações. A violência física (78.651), patrimonial (19.095), sexual (10.203), violência moral (9.180) e cárcere privado (3.027) completam o ranking.
De acordo com a metodologia utilizada pela Central, uma denúncia pode conter mais de um tipo de violação de direitos das mulheres.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, atribui o aumento no número de atendimentos às melhorias realizadas no canal, com capacitação de profissional e maior divulgação de informações sobre direitos e serviços e, consequentemente, a maior confiança das mulheres no canal.
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