Santa Catarina registrou aumento no número de mortes no trânsito nos últimos três anos, entre 2021 e 2023. Os números acompanham movimento do país, que também teve alta nos óbitos por acidentes desde 2020. Os dados são do Datasus, do Ministério da Saúde, e consideram mortes de pedestres, ciclistas, motociclistas e ocupantes de carros, caminhões e ônibus.
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Em 2023, último ano com dados finais disponíveis no Datasus, SC registrou 1.465 mortes por acidentes de trânsito. Foi o maior número registrado desde 2017 no Estado.
Os dados de SC apresentam alta desde 2021. Após um leve recuo em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19, os números de óbitos por colisões subiram ou se mantiveram estáveis nos anos seguintes. Os dados mostram uma alta de 7,8% no número de mortes no Estado entre 2020 e 2023.
A maior parte das mortes no trânsito registradas em SC em 2023 foi de motociclistas, com 517 óbitos contabilizados — pouco mais de um em cada três mortes registradas no Estado. Em seguida, aparecem ocupantes de automóveis (422) e pedestres (213).
Movimento semelhante ocorreu no Brasil. Em 2019, o país registrou 31.945 mortes por acidentes de trânsito. Desde então, o número aumentou a ano a ano, chegando a 34.881 em 2023, praticamente o mesmo número do ano anterior. Nos dados nacionais, a alta é de 6,6% na comparação entre 2020 e 2023.
A atenção para o risco dos acidentes de trânsito aumenta nesta época do ano, quando mais pessoas pegam as estradas para as férias e o período de fim de ano.
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Dicas para um trânsito mais seguro
O especialista em Segurança no Trânsito e policial militar rodoviário aposentado Emerson Andrade avalia que cerca de 90% dos acidentes que atendeu quando atuava nas rodovias tinha como causa ações do próprio condutor, como ultrapassagens ou excesso de velocidade. Por conta disso, ele afirma que a conscientização deste ator é fundamental para conter essa nova sinalização de avanço no número de mortes nas estradas.
— Quando a pessoa vem atrás de um caminhão, por exemplo, na primeira oportunidade ela vai querer abrir para ultrapassar, mesmo que não haja segurança. A falta de controle dos impulsos indesejáveis das pessoas está contribuindo para essas fatalidades. Na BR-101 está morrendo gente, e a BR-101 tem todo o trecho de SC pedagiado, em tese em boas condições de tráfego. Está morrendo gente porque a ansiedade, a pressa, a falta de controle emocional estão levando a atitudes irresponsáveis, erradas no trânsito — avalia.
O especialista chama a atenção para o fato de a maior parte da frota em circulação nas rodovias brasileiras ser de veículos novos, e reforça as orientações de praxe como revisão dos veículos, segurança dos pneus, iluminação e documentação antes de pegar a estrada.
— O protagonista é ainda o condutor, ele tem que contribuir para a segurança no trânsito. A principal dica é para as pessoas refletirem sobre seu papel no trânsito, de respeitar os limites de velocidade, planejar sua viagem, sair com antecedência, não se irritar no trânsito… — orienta.
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Assunto desperta atenção na temporada de verão
O assunto desperta atenção até mesmo no campo internacional, onde a agenda da ONU/OMS definiu como meta global reduzir em pelo menos 50% o número de mortes e lesões no trânsito até 2030. Relatório recente, no entanto, afirma que a maioria dos países alcançou apenas avanços leves no assunto.
A segurança no trânsito costuma ser associada a diferentes fatores, como o papel do motorista, a estrutura viária e a manutenção adequada dos veículos, sobretudo daqueles que circulam em uso intensivo e profissional, como caminhões e ônibus.
— Sem políticas públicas concretas e campanhas de conscientização social, o Brasil não vai conseguir atingir essa meta. E isso é fundamental para evitar ainda mais prejuízos às famílias brasileiras e, também, à saúde pública — afirma a presidente da Federação Nacional da Inspeção Veicular (Fenive), Adriana Castro, que alerta para questões como a importância da fiscalização para evitar que problemas em freios e na estrutura das rodovias acarretem em acidentes.

