Santa Catarina tem o segundo maior salário médio pago a síndicos de prédios residenciais entre os Estados do Sul e Sudeste. Os condomínios catarinenses também detêm o menor nível de inadimplência do país, quase quatro vezes menor do que a média nacional. Os dados são do Censo Condominial, divulgado pela empresa uCondo, plataforma de tecnologias para o setor de condomínios com atuação em todo o país. O levantamento, divulgado na semana passada, também reúne informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Receita Federal. 

Continua depois da publicidade

Segundo o levantamento, o salário médio dos síndicos em SC é de R$ 1.923. O valor é superior à média nacional, de R$ 1,5 mil, e fica atrás apenas dos valores pagos a síndicos no Rio de Janeiro, onde a quantia média é de R$ 2.115. O estudo aponta que o valor mais elevado pago aos síndicos em SC é impulsionado por condomínios de alto padrão e uma presença expressiva de síndicos profissionais. 

O diretor de Operações da uCondo, Leo Mack, afirma que o modelo tradicional de escolha de síndicos, em que um morador assume as funções de gestão do condomínio, em geral tem como remuneração a isenção da taxa de condomínio ou o pagamento de um salário-mínimo. Em contrapartida, nos casos de empreendimentos que escolhem o formato de síndico profissional, em que a função é terceirizada para um especialista que administra vários condomínios, os valores costumam ser fechados em pacotes, com mais serviços envolvidos e em geral a valores mais elevados. 

— Essa já é uma tendência. Estudos apontam que, em 2013, o país tinha 8% de síndicos profissionais, enquanto que em 2023 já tinha 18%. A gente percebe que existe uma demanda pela profissionalização dos síndicos, e acredita que isso é benéfico para todos — avalia. 

Confira cidades com maior preço por metro quadrado no país

Continua depois da publicidade

Inadimplência em SC é a menor do país 

Outro dado apresentado pelo Censo Condominial é o de inadimplência da taxa de condomínio. No país, esse indicador aumentou e chegou a 11,95% no primeiro semestre deste ano, o maior desde 2022. O cenário acompanha dados de outros setores, que também apontam aumento da dificuldade do brasileiro de pagar as contas. 

Em Santa Catarina, no entanto, o índice de inadimplência foi de 3,34%, o menor do país e quase quatro vezes menor do que o nacional. Em razão disso, o Estado é citado como exemplo de disciplina financeira no pagamento das taxas de condomínio. O fato de SC ser um estado com economia mais favorecida e a adoção de formatos de síndico profissionais, com mais eficiência na cobrança de valores, são citados como possíveis hipóteses para explicar a baixa inadimplência nas taxas de condomínio em solo catarinense.

O diretor de Operações da uCondo afirma que a inadimplência torna-se um problema para o setor porque pode impedir manutenções ou melhorias nos prédios, capazes de beneficiar todos os moradores. 

— Quando se deixa de fazer a reforma da fachada de um prédio por falta de dinheiro da inadimplência, por exemplo, o patrimônio que pessoas conquistaram com financiamento de 15, 20, 30 anos, se deteriora. Com isso, a máxima de que um apartamento sempre se valoriza, em um condomínio mal gerido, pode não ser realidade — avalia Mack. 

Continua depois da publicidade

O estudo aponta ainda que SC teria 25 mil condomínios consolidados. No país, a estimativa é de que o número fique entre 500 mil e 1 milhão — o dado é variável porque há condomínios cadastrados com descrições de outras atividades, como administradoras e serviços para residenciais. 

Reclamações de pets lideram 

O Censo Condominial também levantou informações sobre contatos feitos por moradores com síndicos e administradoras de condomínios. Além de serviços administrativos como emissão de segundas vias e solicitação de serviços de manutenção, as reclamações também aparecem entre os contatos mais recorrentes de moradores. 

Entre as reclamações, o assunto que mais aparece é o de queixas contra animais de estimação, os famosos pets. Reclamações sobre barulhos excessivos, em geral de cães, e problemas de higiene como o não recolhimento de dejetos em áreas comuns aparecem como as situações mais frequentes reclamadas por moradores. 

Desafios para 2026 

O estudo também aponta temas e mudanças que podem ser desafios para a gestão dos condomínios em 2026. Entre eles aparecem as regras sobre Airbnb e locação por temporada (uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, o STJ, permitiu que condomínios proíbam a atividade se a convenção assim decidir), a tentativa de regulamentação da atividade de síndico profissional, as regras sobre carregadores de carros elétricos em garagens de condomínios e as normas sobre entregas de delivery e o acesso de entregadores ao prédio. 

Continua depois da publicidade