O tão esperado terminal de regaseificação de Gás Natural Liqüefeito (GNL), cuja localização a Petrobras vai definir até novembro e para o qual Santa Catarina se credencia como sede, vai abastecer apenas usinas térmicas para produção de energia.
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O anúncio, feito nesta segunda-feira pela diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, na Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), foi um balde de água fria para os empresários catarinenses, que esperavam contar com mais uma fonte do combustível.
Para o presidente da Fiesc, Alcantaro Corrêa, a informação realmente derrubou as expectativas do empresariado, mas ele argumentou que o Estado também pode ter usinas termelétricas a gás.
– O custo do GNL seria o dobro do que pagamos pelo gás boliviano. Por isso não poderia ser usado continuamente sob pena da indústria perder competitividade. Mas o GNL atenderia transitoriamente determinado setor, como o cerâmico que não pode desligar os fornos – avaliou.
A diretora da Petrobras não deu garantia alguma de que o terminal de GNL, que será o terceiro da empresa – no Ceará começa a operar em agosto e no Rio de Janeiro, em setembro – será instalado em Santa Catarina. Ela apenas reafirmou que São Francisco do Sul e Imbituba são locais apropriados. E ressaltou que, tecnicamente, o porto do Norte do Estado é a melhor solução no Estado.
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– Não vou visitar todas as áreas, apenas as que têm potencial – afirmou em solo catarinense e rumo ao RS, fato que credencia os dois estados.
– Se a Petrobras tiver que fazer um ramal para alimentar uma térmica, o preço do gás vai custar a distância que ela está da rede. Aquele volume de gás que, junto com outros volumes, justificaria um terceiro ou quarto terminal deixa de existir se ficar muito caro para contratar energia. Mas várias usinas estão bem próximas da rede existente – explicou.
Se o Estado ainda precisa rezar para sediar o terminal de GNL, já pode comemorar que será o primeiro e único do país a ancorar o projeto do carvão mineral como combustível líquido. A Petrobras anunciou o investimento de R$ 1,5 milhão no programa CTL (coat to liquid em inglês, literalmente carvão para líquido).
O pesquisador Eduardo Falabella apresentou nesta segunda-feira, na Fiesc, junto com a diretora da Petrobras, Maria da Graça Foster, a pesquisa de transformação química do carvão em combustíveis líquidos como óleo diesel, lubrificantes e parafinas. Segundo ele, o carvão com agente gaseificante e o processo de síntese chamado Fisher-tropsch transforma o mineral, com uma técnica de hidrobeneficiamento.
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– Além do diesel, o carvão pode gerar lubrificantes sintéticos mais baratos e até nafta petroquímica, com a vantagem de serem combustíveis limpos e de alta qualidade – disse.
Durante a reunião na Fiesc, a senadora Ideli Salvatti também ressaltou a necessidade dos empresários catarinenses se engajarem na campanha pela mudança da lei de royalties do petróleo. Segundo ele, com as reservas atuais do país, mais de R$ 7,5 bilhões são pagos anualmente de royalties e 86% destas divisas são destinadas ao Rio de Janeiro.
– Imagina o que virá com as novas descobertas. É preciso modificar os critérios que hoje determinam quais cidades e estados recebem os royalties – disse a senadora.
Pela lei atual, determinada pelo IBGE, Santa Catarina tem parte da sua costa considerada como costa do Paraná, justamente onde estão localizados os campos de petróleo em alto-mar. Os dois estados brigam há anos pela destinação dos royalties do petróleo.
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