“Ela deixou um presente tão lindo para mim.” É com essas palavras que Rosane Aparecida Pariz Buzzi, 54 anos, resume o novo papel que precisou assumir depois da morte da filha, Ariane Buzzi, em Jaraguá do Sul. Ariane, 34 anos, não resistiu às complicações de uma cirurgia bariátrica, em novembro de 2020. Além de muita saudade, tanto por parte dos amigos quanto dos familiares, Ariane deixou o esposo e o filho de apenas sete anos de idade, Henrique Buzzi Cardoso.
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Mesmo tão pequeno, Henrique não faz ideia da importância que representa para a família e como tem ajudado na superação da perda. Em razão da rotina de trabalho, o pai dele, Juliano Nunes Cardoso, não consegue ficar em casa para cuidar do filho. Por esse motivo, a família decidiu deixá-lo com os avós, especialmente durante a semana.
Rosane arranjou forças para conseguir vencer diariamente o luto e, em seis meses, tornou-se a segunda mãe de Henrique. Além disso, relembra a todo o instante como é ser mãe de criança: ajuda com o dever de casa, leva para passear pelos parques da cidade, dá colo e, principalmente, muito amor.
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– Eu achei forças. Deus me deu coragem, força, base. Eu sou um pilar hoje na família e tenho que ser forte – conta Cida, como é carinhosamente chamada pela família.
Cirurgia e pandemia

Ariane tinha o desejo de realizar a cirurgia para emagrecer e, mais tarde, dar ao Henrique um irmão ou irmãzinha. Durante a pandemia, a cirurgia precisou ser adiada por algumas vezes. Quando os procedimentos voltaram a ser feitos no município, em outubro, ela deu entrada no hospital e estava esperançosa com a mudança de vida que teria.
No entanto, Ariane passou por complicações e precisou continuar internada. Durante este período, os pais dela e o marido contraíram Covid-19. Com isso, Ariane contou com a ajuda de familiares e amigos durante a estadia no hospital.
– Nós não conseguimos nem mesmo fazer visita na UTI. Quando ela faleceu, estávamos há dois dias curados da Covid-19 – lamenta a mãe.
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Mudança de vida
O período da pandemia já foi motivo suficiente para as adaptações e alterações na rotina, mas a família não esperava precisar superar essa dor neste momento. Na casa da dona Cida, o quarto que antes era de visita, agora é ocupado pelo neto. Todas as atividades e até mesmo a comida é pensada de um jeito diferente.
Aos poucos, todos tiveram de se ajudar. O pequeno Henrique passou por quadro depressivo após a perda da mãe, mas tanto a Rosane quanto todos os familiares se doam ao máximo para demonstrar o quão amado ele é.
– Voltei ao marco zero de ser mãe, como dizem, mãe “temporão”. Meus filhos todos estão adultos. Mas faço questão de todos os dias reforçar como o Henrique é importante, o quanto a gente o ama. Fico ao lado dele, mexo no cabelinho para ele conseguir dormir, canto musiquinhas – detalha.
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E mesmo durante o desafio diário enfrentado pela Cida, de uma coisa ela tem certeza: o Henrique é um presente lindo que a ajuda a sarar seu coração.
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– Foi muito duro perder a minha filha. Ganhar o Henrique, hoje, tampou, de certa forma, aquela falta. Não digo totalmente, é claro, mas sarou meu coração. Vivo por honra à minha filha. Ela deixou um presente tão lindo para mim – reforça.