Agora, determinar quantos anos você realmente tem ficou mais fácil com um novo método criado por pesquisadores australianos. A inovação pode revolucionar diagnósticos e cuidados com a saúde.

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Combinando inteligência artificial e análise sanguínea, a ferramenta gtAge promete precisão surpreendente ao estimar a idade biológica e pode identificar riscos antes das doenças aparecerem.

Você já se pegou pensando se sua idade no RG reflete seu verdadeiro estado de saúde? Com a descoberta recente da Universidade Edith Cowan (ECU), na Austrália, talvez seja possível desvendar esse mistério, de maneira rápida e bastante confiável.

O que é idade biológica e por que importa?

A idade cronológica conta quantos anos passaram desde o seu nascimento, mas o processo de envelhecimento é único para cada pessoa. “Na realidade, alguns indivíduos permanecem saudáveis até os 80 e 90 anos, enquanto outros podem sofrer declínio relacionado à idade muito mais cedo”, explicou o Dr. Xingang Li, pesquisador da ECU.

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Essa diferença é atribuída à idade biológica, que leva em conta genética, estilo de vida, nutrição e condições de saúde. Em muitos casos, esse número revela mais sobre o organismo do que a idade tradicional contada no calendário.

Uma ferramenta inovadora para medir o envelhecimento

O novo método, chamado gtAge, surgiu do trabalho conjunto de cientistas da Universidade Edith Cowan com profissionais do Royal Prince Alfred Hospital e da Shantou University Medical College. A pesquisa usou dois elementos presentes no sangue: o IgG N-glicoma — estrutura de açúcar ligada aos anticorpos e o transcriptoma, um retrato da atividade genética nas células sanguíneas.

A grande inovação está em unir esses dados biológicos com a inteligência artificial. “Ao combinar dados de IgG N-glicoma e dados do transcriptoma, aumentamos a precisão da estimativa do envelhecimento biológico”, disse o Dr. Li.

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Como funciona a ferramenta gtAge?

Os cientistas aplicaram uma técnica de IA chamada Deep Reinforcement Learning, que seleciona os dados mais informativos e evita misturar informações desnecessárias. O algoritmo criado, batizado de AlphaSnake, se destaca justamente por integrar as informações de modo inteligente e eficiente, detalhou o professor sênior de Ciência da Computação da ECU, Dr. Syed Islam.

Os resultados surpreenderam: a ferramenta prevê a idade de uma pessoa com até 85% de precisão. Esse percentual supera métodos anteriores, que usavam apenas um dos conjuntos de dados.

Descobrindo riscos invisíveis à saúde

Durante os testes em 302 adultos de meia-idade na Austrália Ocidental, a diferença entre a idade real e a calculada pela gtAge, chamada idade delta, mostrou vínculos com fatores de risco, como colesterol elevado e glicemia alta.

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Para os pesquisadores, isso abre espaço para estratégias preventivas. “Se soubermos com antecedência, podemos mudar nosso estilo de vida para melhor preservar nossa saúde e ajudar a prevenir alguns dos danos que nosso corpo pode ter sofrido”, destacou o Dr. Islam.

Por que esse avanço é tão importante?

O trabalho é considerado um exemplo relevante de esforço multidisciplinar, reunindo médicos, cientistas de dados e especialistas em genética. O Dr. Li reforça o impacto prático: “Isso nos conecta a riscos reais à saúde e pode ajudar a identificar precocemente pessoas em risco de doenças relacionadas à idade”.

Ao entender melhor a própria idade biológica, médicos ganham mais uma ferramenta para monitorar doenças crônicas e adotar medidas preventivas, especialmente em populações de idosos.

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Principais benefícios da ferramenta gtAge

  • Identifica riscos precocemente;
  • Monitora alterações relacionadas ao envelhecimento;
  • Permite estratégias personalizadas de prevenção;
  • É mais precisa do que testes anteriores.

Além disso, o método pode facilitar pesquisas sobre envelhecimento e auxiliar o desenvolvimento de terapias individualizadas para longevidade saudável.

E agora, qual o próximo passo?

Os pesquisadores acreditam que transformar o gtAge em uma ferramenta amplamente disponível pode auxiliar na saúde coletiva e agregar valor aos exames de rotina.

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O uso do método pode se expandir a outros contextos, sempre que a prevenção e a detecção precoce de doenças forem prioridades.

O estudo contou com a participação de vários especialistas, incluindo Dr. Xingang Li, Dr. Syed Islam, Dr. Yao Xia, Dr. Abdul Baten, Dr. Xuerui Tan e o Professor Wei Wang. Os achados foram publicados em “Engineering”, revista internacional de referência em pesquisa científica.