Deitado no chão da boate Pulse, baleado na perna, Angel Colon achava que seria o próximo a morrer enquanto via o assassino Omar Mateen disparando contra os corpos inertes ao seu redor.

Continua depois da publicidade

– Eu estava pronto para apenas ficar deitado no chão para que ele não percebesse que eu estava vivo – declarou, com a voz embargada, o jovem ferido do massacre de Orlando.

Angel foi atingido na perna, pisoteado pelas pessoas que tentavam fugir e arrastado em meio a estilhaços de vidro e sangue por um policial.

Leia mais

A jornal, clientes dizem que atirador de Orlando era frequentador da boate Pulse

Continua depois da publicidade

Velas, lágrimas e cantos por vítimas de Orlando

Obama diz que não há evidências de que ataque foi “direcionado do Exterior”

– Estávamos apenas nos divertindo. Tomávamos uma bebida. Era pouco depois das 2h. Estávamos nos despedindo. Beijei a todos. Foi uma bela noite. Sem drama, apenas sorrisos, risos, e eu estava conversando com uma menina quando ouvimos um tiro alto – contou Angel, de 26 anos.

– Paramos o que estávamos fazendo e os tiros continuaram. Alguma coisa estava acontecendo e apenas nos seguramos uns nos outros – continuou, afirmando que esteve relutante em testemunhar, mas que decidiu que queria “que todo mundo soubesse o que aconteceu nesta comunidade” que estava na boate Pulse no domingo.

“Fui pisoteado”

– Começamos a correr e, infelizmente, fui atingido três vezes na perna, então eu caí. Tentei me levantar, mas todos começaram a correr em todas as direções. Fui pisoteado e os ossos da minha perna esquerda foram quebrados – relatou.

– A partir deste momento percebi que não conseguiria andar. Tudo o que eu podia fazer era fingir que estava morto, enquanto todo mundo andava sobre mim (…) e tudo o que eu podia ouvir eram os tiros, um após o outro, e as pessoas gritando, pessoas gritando por socorro – continuou.

Continua depois da publicidade

– Neste momento o homem foi para outra sala e eu ainda podia ouvir os tiros que continuavam. Pensei que poderia estar um pouco mais seguro, porque daria tempo de as pessoas pegarem-no e o matarem – prosseguiu.

– Mas, infelizmente, eu ouvi ele voltar, e atirar em todos aqueles que já estavam mortos no chão. Para ter certeza que estavam mortos. Consegui dar uma olhada e vi ele atirar em todos. E ouvi os tiros se aproximando e vi quando atirou na menina que estava perto de mim.

Sobrevivente relembra cenas de horror

Vidro e sangue

– Eu pensei que seria o próximo a ser morto. Então, eu não sei como, pela graça de Deus, ele apontou para a minha cabeça, mas atingiu minha mão e ele voltou a atirar, mas atingiu o meu quadril. Eu não reagi. Estava pronto para ficar parado, para que ele não percebesse que eu estava vivo – acrescentou.

– E ele continuou a fazer isso por mais 5 ou 10 minutos. Atirava para todos os lados. Depois vi ele andar para a frente e acho que foi nesse momento que ele começou a atirar contra a polícia. Ouvia tiros por toda parte.

Continua depois da publicidade

– Eu olhei para cima e vi policiais. E espero que consiga me lembrar do rosto ou do nome do policial porque sou grato a ele por esse dia. Ele olhou para mim. Garantiu que eu estava vivo e agarrou a minha mão dizendo ser a única maneira que ele poderia me tirar de lá. Pedi que ele me carregasse, porque estava sofrendo muito. Não podia andar ou fazer qualquer outra coisa – prosseguiu.

– Então ele começou a me arrastar pela rua até o Wendy’s, e eu sou grato, mas o chão estava coberto de cacos de vidro. Em seguida, ele me arrastou para fora, enquanto eu era cortado. Minha bunda, minhas costas, minhas pernas, mas eu não sentia dor, sentia apenas todo o sangue escorrendo de mim mesmo e de outras pessoas – lembrou.

Leia as últimas notícias de Mundo

*AFP

Destaques do NSC Total