A temporada de cruzeiros deve movimentar mais de R$ 200 milhões em cidades de Santa Catarina. O valor considera o gasto médio dos passageiros que vão embarcar, desembarcar ou fazer escalas dos navios em municípios do litoral catarinense. Nas quatro cidades que recebem embarques ou escalas, mais de 270 mil passageiros devem circular durante as viagens, que ocorrem até abril de 2026.

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A primeira cidade a receber uma escala de cruzeiro nesta temporada foi São Francisco do Sul, ainda em outubro. Na semana passada, foi a vez de Balneário Camboriú dar o pontapé inicial na temporada dos navios gigantes, com a primeira escala da temporada, do navio Seabourn Venture. O município é responsável por uma das novidades da temporada, já que pela primeira vez terá embarques e desembarques na cidade, no Atracadouro Barra Sul, além das escalas que continuarão ocorrendo.

Veja fotos de cruzeiros em SC

Em Porto Belo, a primeira chegada de cruzeiro está prevista para o dia 29 de novembro, com a chegada do Costa Favolosa, que deve levar 3,5 mil passageiros à cidade. Por fim, em Itajaí o primeiro navio da temporada é aguardado para 30 de novembro.

A projeção de impacto financeiro leva em conta o valor estimado por um estudo da Associação Nacional de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O levantamento aposta que o reflexo econômico médio por passageiro é de R$ 709,47 nas cidades de escala e de R$ 918,15 nas cidades de embarque e desembarque. A quantia considera efeitos diretos, indiretos e induzidos dos viajantes com serviços como comércio, transporte, hotelaria e gastronomia.

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Durante toda a temporada são esperados mais de 279 mil passageiros nas quatro cidades catarinenses que recebem os navios. Os quatro municípios terão 95 escalas.

Os números são menores do que os da temporada passada, quando as quatro cidades contabilizaram 120 escalas e cerca de 415 mil passageiros (entenda abaixo os motivos da queda). Mesmo assim, as viagens são aguardadas por movimentarem a economia das cidades ao longo da temporada.

Uma das novidades deste ano é o fato de que Balneário Camboriú vai passar a servir como ponto de embarque e desembarque de rotas de cruzeiro. Até então, a cidade apenas recebia escalas de viajantes que passavam pelo município em outras rotas. Cerca de 5 mil passageiros devem iniciar e terminar a rota de cruzeiro a partir da “Dubai brasileira”. A medida é considerada importante porque passageiros costumam gastar mais nas cidades em que embarcam e desembarcam, por permanecerem por mais tempo na cidade.

A localização geográfica de Santa Catarina é considerada estratégica pela entidade que representa os cruzeiros. Por estar situada entre São Paulo e a Argentina, a localização permite que os navios façam escalas tanto na ida quanto na volta, o que amplia o fluxo e a permanência dos visitantes. A consolidação do porto de embarque em Itajaí e a novidade dos embarques em Balneário Camboriú também contribuem com a consolidação do Estado no mapa dos cruzeiros.

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Veja fotos das praias de Balneário Camboriú e Porto Belo

— Esta temporada colocará Balneário Camboriú em um setor de destaque no turismo náutico do Brasil, o que contribuirá diretamente para impulsionar a temporada. O município se prepara para acessar ainda mais o turismo de cruzeiros e oferecer uma experiência turística de altíssima qualidade — detalha o secretário de Turismo de Balneário Camboriú, Evandro Neiva.

O secretário de Turismo de São Francisco do Sul, Rangel Friolin, afirma que a cidade tem essa vocação turística e precisa do fortalecimento do setor de cruzeiros para obter melhores resultados econômicos das viagens. A cidade terá três escalas nesta temporada, contra quatro do ano passado, e em geral receberá navios menores, com capacidade de 400 a 500 passageiros.

— O setor da economia criativa, principalmente o artesanato, ganha muito. Inclusive, para 2026 estamos qualificando esse segmento junto ao Sebrae, já pensando nessa demanda de turista nacional e internacional — conta.

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Os desafios que explicam a queda nacional de rotas

A queda de 20% no número de escalas em Santa Catarina e de 32% na estimativa de passageiros existente até o momento nos municípios catarinenses reflete um cenário nacional de menor oferta de cruzeiros na próxima temporada. Em todo o país, haverá dois navios a menos e oferta de 670 mil leitos, cerca de 20% a menos do que na última temporada. Na ocasião, o impacto econômico no país foi de R$ 5,4 bilhões.

A Associação Nacional de Cruzeiros Marítimos considera que o Brasil precisa ser mais competitivo para que as companhias escolham o Brasil em vez de outros destinos para operar as viagens de cruzeiro. Entre os desafios que explicam a oferta menor de roteiros e que precisam ser enfrentados estão custos operacionais, infraestrutura, regulação, segurança jurídica e impostos.

A entidade afirma que atua em parceria com órgãos do governo federal e secretarias de Turismo estaduais e municipais para buscar recuperar o ritmo de crescimento do setor. “O Brasil tem todas as condições de ocupar um espaço ainda mais relevante no cenário internacional de cruzeiros. Mas, para isso, será essencial manter o trabalho conjunto, com planejamento, ações coordenadas e o engajamento de toda a cadeia produtiva do turismo”, avalia a entidade, em nota à reportagem.

Itajaí

  • Escalas previstas: 37, duas a menos que a temporada anterior (39)
  • Passageiros esperados: 100 mil (a distribuição entre escalas e embarques ainda depende das vendas de passagens, mas a maioria dos passageiros deve embarcar e desembarcar na cidade)
  • Impacto econômico: R$ 70,9 milhões (considerando gastos de passageiros em escala)
  • Data de início da temporada: 30 de novembro

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Balneário Camboriú

  • Escalas previstas: 47 escalas, 13 a menos do que a temporada anterior (60)
  • Passageiros esperados: 160 mil, sendo 155 mil em escala e 5 mil com embarque e desembarque no município
  • Impacto econômico: R$ 114,5 milhões
  • Data de início da temporada: 13 de novembro
  • * Esta será a primeira vez que a cidade será rota de embarque e desembarque, o que aumenta o tempo de permanência dos turistas e movimento no comércio e nos hotéis

Porto Belo

  • Escalas previstas: 8, nove a menos que a temporada anterior (17)
  • Passageiros esperados: 17.822 (todos em escalas)
  • Impacto econômico: R$ 12,6 milhões
  • Data de início da temporada: 29 de novembro

São Francisco do Sul

  • Escalas previstas: 3, uma a menos que a temporada anterior (4)
  • Passageiros esperados: 1,5 mil (todos em escalas)
  • Impacto econômico: R$ 1 milhão
  • Data de início da temporada: 15 de outubro

Total em SC

  • Escalas: 95, 20% a menos que na temporada anterior, quando houve 120 escalas
  • Passageiros esperados: 279.322, 32% a menos que na temporada anterior, quando houve 415.000
  • Fontes: estimativas de escalas e passageiros informados pelas prefeituras e cálculo de estimativa financeira com informações de estudo da Clia Brasil em parceria com a FGV. Os números finais da temporada dependem das vendas e ocupações dos navios

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