A mobilidade urbana em Florianópolis é um desafio constante. Com a capital de Santa Catarina crescendo, as dificuldades para se deslocar afetam o dia a dia dos moradores, especialmente em dias de chuva, quando há acidentes ou obras nas vias mais movimentadas. A SC-401, a Beira-Mar Norte e as pontes Pedro Ivo e Colombo Salles são alguns dos pontos que registram congestionamentos quase diariamente.

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A mobilidade urbana foi o terceiro tema mais votado no projeto SC Ainda Melhor, lançado pela NSC Comunicação na segunda-feira (2). A iniciativa buscou identificar junto a população, por meio de uma enquete no NSC Total e no g1, quais são os problemas mais relevantes nas cidades de Santa Catarina.

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Para entender melhor as prioridades, diversas entidades da capital catarinense foram consultadas: Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif), Floripa Amanhã e o Floripa Sustentável.

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Foram listadas as seguintes prioridades dentro da área de mobilidade urbana:

  • Investir em inteligência de tráfego, com sincronização de semáforos;
  • Liderar a discussão para um plano integrado de mobilidade com outros municípios da região;
  • Tirar do papel os estudos de universidades para implementação de transporte marítimo;
  • Ampliar e trazer continuidade às ciclovias e ciclofaixas;
  • Garantir a implementação de um programa de mobilidade urbana de longo prazo;
  • Aumentar a atratividade do transporte público.

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Bicicletas e transporte marítimo

Especialistas apontam que, em Florianópolis, muitos congestionamentos ocorrem porque as pessoas usam carros no deslocamento pendular, de ida e volta aos locais de trabalho ou estudo. Bernardo Meyer, coordenador do Observatório de Mobilidade Urbana da UFSC, ressalta que é necessário oferecer alternativas eficientes.

— Precisamos permitir que as pessoas tenham alternativas: seja uma ciclovia ou um sistema de transporte público eficiente. Isso permitirá que os cidadãos possam continuar a ter seus carros, mas que não precisem utilizá-los todos os dias — afirma.

Vinicius da Rosa, diretor-geral da Amobici, reforça a importância de diversificar as opções de transporte, tornando prático e seguro o uso da bicicleta, por exemplo.

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— Quanto mais as pessoas tiverem outras formas de se deslocar pela cidade, melhor será para todo mundo. Temos que diversificar as opções de transporte, nivelar elas de uma forma que seja tão prático usar ônibus quanto é pegar o carro, e que o uso da bicicleta seja conveniente, segura e fácil — pontua Vinicius.

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Em uma ilha, é impossível não pensar em transporte marítimo. Mas o modelo ainda é cercado de desafios envolvendo, principalmente, a viabilidade econômica. É o que observa Anderson Nazário, presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da OAB/SC:

— O transporte marítimo em Florianópolis ainda é uma realidade muito distante. Primeiro, pelo custo de operação, por que envolve grandes investimentos de qualquer empresário e o custo da tarifa acabaria saindo muito alto. Então não seria o transporte rotineiro do dia a dia, seria um transporte eventual. Não seria um custo que o empresário ou empregador conseguiria suportar para o seu trabalhador.

O que pode ser feito

Especialistas apontam que, para haver uma melhoria na mobilidade em Florianópolis, o foco dos investimentos deve mudar dos carros para as pessoas.

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— Os investimentos em mobilidade são feitos para os carros. O foco dos investimentos precisa ser o cidadão, que é tradicionalmente o pedestre, por isso o foco precisa ser nesta modalidade — destaca Bernardo Meyer do Observatório de Mobilidade Urbana da UFSC.

Dar mais agilidade ao transporte coletivo é outra sugestão para destravar o trânsito na capital. 

— Há várias décadas os administradores públicos estão duplicando vias, aumentando os espaços para carros individuais. Mas você não pode esperar um resultado diferente fazendo sempre a mesma coisa — critica Anderson Nazário da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da OAB/SC.

O Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (Plamus), desenvolvido há uma década, já demonstrava que os investimentos no transporte coletivo não podem ser de responsabilidade de apenas uma prefeitura. Bernardo Meyer defende que o Foverno do Estado assuma o protagonismo na implementação do plano.

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— O Plamus deve ser melhor aproveitado pelos governantes da região. Sua implementação passa fundamentalmente pela criação de pistas exclusivas e faixas preferenciais para o transporte público da região metropolitana — diz o coordenador do Observatório de Mobilidade Urbana da UFSC.

Os especialistas concordam que um sistema de mobilidade urbana eficiente e inclusivo deve atender a todos, além de garantir que o transporte público seja uma escolha viável e atraente.

— O ideal seria fazer tudo ficar tudo tão bom que o uso do carro seria a última opção — conclui Vinicius da Rosa, da Amobici

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