Pesquisadores do Laboratório Rona-Pitaluga do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética (BEG) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveram um novo método para monitoramento e detecção de febre amarela em animais silvestres. Segundo os autores da pesquisa, o novo método possibilita aprimorar a vigilância da doença no Brasil.

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Os resultados da pesquisa “Desenvolvimento e validação de RT-LAMP para detectar o vírus da febre amarela em amostras de primatas não humanos do Brasil”, foram publicados em setembro deste ano na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature.

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De acordo com dados publicados no estudo, a febre amarela tem tido grandes casos de reemergências que têm impactado de forma significativa a saúde pública no Brasil. O vírus expandiu a circulação desde 2002, espalhando-se de Leste em direção ao Sul. Durante a expansão, foram registrados diversos surtos e milhares de mortes de primatas foram documentadas.

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Desde então, foram registrados mais de 2.100 casos de infecção em humanos, apresentando uma taxa de mortalidade em torno de 30% entre aqueles que contraíram a forma grave da doença.

Com o intuito de impedir a propagação do vírus, a vigilância sanitária no Brasil concentra-se em três áreas essenciais: o acompanhamento de casos humanos, a análise dos vetores de transmissão (entomologia), como os mosquitos, e a taxa de incidência em primatas não humanos – incluindo mortes ou doenças -, um fenômeno chamado de epizootia.

Porém, o reconhecimento das epizootias enfrenta desafios devido à metodologia de diagnóstico vigente, que é executada de maneira exclusiva em laboratórios de referência nacional. Uma das dificuldades é a distância desses laboratórios, que podem estar localizados longe das áreas onde o vírus se manifesta.

Isso restringe a capacidade de monitorar surtos da doença em várias partes do Brasil. Especificamente em Santa Catarina, onde a pesquisa está sendo realizada, o laboratório de referência mais próximo é a Fiocruz Paraná, situada em Curitiba.

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A importância da pesquisa

A pesquisa da UFSC realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC) e a Fiocruz, viu então a dificuldade no monitoramento local e nacional da febre amarela silvestre e desenvolveu e aplicou um novo método de diagnóstico alternativo ao utilizado nos laboratórios.

A abordagem utiliza a técnica de amplificação isotérmica mediada por loop (RT-LAMP), que já havia sido empregada em estudos anteriores do Laboratório Rona-Pitaluga. Um exemplo disso é o kit de detecção molecular rápida do vírus da covid-19, desenvolvido durante a pandemia.

Atualmente, os laboratórios de referência adotam a técnica de RT-qPCR (PCR quantitativa com transcrição reversa). Esse método utiliza termocicladores, que são equipamentos capazes de realizar várias mudanças de temperatura ao longo do processo de análise. Para a testagem em larga escala, os custos desses dispositivos podem atingir até R$ 100 mil.

Além de o novo método ser muito mais barato, os equipamentos laboratoriais específicos utilizados na nova metodologia custam em torno de R$ 2 mil.

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Através da validação dos resultados de amostras de primatas do Sul do Estado na Fiocruz Paraná, os pesquisadores comprovaram que a nova metodologia apresenta uma eficácia e sensibilidade de 100% quando comparada ao método atualmente empregado nos laboratórios.

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