Uma das quatro vítimas da chacina no bairro Ulysses Guimarães, em Joinville, foi identificada. Trata-se de Jhonny Wesley dos Santos Kroll, de 19 anos. Os homens eram de Campo Largo (PR) e foram mortos no dia 7 de janeiro, mas os corpos só foram encontrados dois meses e meio depois, dentro de uma vala funda em uma chácara particular da cidade.
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VÍDEO: Corpos de vítimas de chacina são encontrados enterrados em chácara de Joinville
Após serem encontrados, os cadáveres foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) e peritos da Polícia Científica trabalham na identificação. No caso de Jhonny, a papiloscopista Nathália Cristina Gonzalez Ribeiro explica que foi possível reconhecê-lo por meio das impressões digitais. O restante, por conta do estado avançado de decomposição, não tem mais a ponta dos dedos e, por isso, o trabalho precisará ser feita pela arcada dentária ou por exames de DNA.
— O IML está vendo com as famílias se têm prontuários odontológicos pra decidir qual método será utilizado — diz a especialista.
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No mesmo fim de semana, aconteceu uma outra chacina no bairro Morro do Meio. Deste assassinato em massa, os sete trabalhadores mortos já foram todos identificados. No entanto, por causa do estado putrefato dos cadáveres, a perícia encontrou dificuldades e demorou um mês para conseguir o perfil genético das vítimas. O mesmo processo pode acontecer no caso do Ulysses Guimarães.
O que se sabe, até o momento, é que os outros três ainda não identificados têm 16, 24 e 39 anos.
À espera de DNA: entenda a demora na identificação das vítimas de chacina em Joinville
Homens mortos eram parentes e passeavam em Joinville
De acordo com o delegado Dirceu Silveira Júnior, os quatro homens eram todos parentes e estavam em Joinville há cerca de uma semana, visitando uma familiar em um determinado bairro da cidade. No local, foram ameaçados por integrantes de uma organização criminosa e, após a intimidação, mudaram-se de endereço para um imóvel no Ulysses Guimarães, mas foram novamente encontrados e, desta vez, assassinados.
O investigador diz que os cadáveres foram enterrados em uma mesma vala no final da Avenida Dr. Archimedes Carvalho, dentro de uma chácara. Como estavam em um buraco bastante fundo, a polícia precisou contar com a ajuda dos bombeiros voluntários e também de maquinários da prefeitura para desenterrá-los.
A princípio, Dirceu Silveira afirma que a escolha do local foi aleatória e que os proprietários da área privada não têm, portanto, envolvimento com o caso.
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— Acreditamos que essas vítimas tenham sido executadas se não na chácara, próximas de onde foram enterradas. Mas o local exato das execuções ainda não foi identificado. As investigações continuam, agora, a fim de prender os demais suspeitos na participação deste crime — destacou Dirceu Silveira, em entrevista coletiva na quinta-feira (23).
O que se sabe até o momento é que os quatro eram parentes, tinham entre 16 e 39 anos de idade.
Denúncia de desaparecimento fez que com polícia chegasse ao caso
O delegado ainda explicou que a polícia chegou ao caso após parentes procurarem a delegacia no Paraná e relatarem o desaparecimento dos quatro. Apenas um laudo pericial irá confirmar se os corpos pertencem a esses homens, no entanto, as características das roupas e informações repassadas por familiares coincidem.
O local em que as vítimas estavam foi encontrado após denúncias anônimas de moradores. Policiais, inclusive, já haviam feito buscas em uma região próxima, mas como os criminosos camuflaram o local com vegetação, a ajuda da população foi essencial para encontrar os cadáveres.
A suspeita inicial é que uma disputa territorial entre facções criminosas rivais possa ter motivado o crime no Ulysses Guimarães. Um dos mortos, inclusive, já tinha passagem policial por tráfico de drogas no Paraná. No entanto, apenas com a conclusão do inquérito policial para saber a real motivação dos crimes.
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Neste caso, um casal foi preso e os demais envolvidos seguem sendo procurados.
Duas chacinas em 24 horas
Apesar de ter vindo à tona dois meses depois, a chacina do Ulysses Guimarães aconteceu cerca de 24 horas antes da do Morro do Meio que vitimou sete trabalhadores que moravam em um alojamento do bairro da zona sul da cidade.
Mas, apesar das poucas horas de diferença e de os crimes terem sido cometidos por integrantes de uma mesma facção criminosa, os dois casos não têm ligação entre si, conforme disse o delegado Dirceu Silveira Júnior.
No caso do Morro do Meio, a motivação teria sido um desentendimento entre um dos trabalhadores com uma das mulheres que exerce um cargo de liderança na facção. Ela, inclusive, foi a mandante dos assassinatos e está foragida. Três já foram presos e, no total, há dez indiciamentos. O inquérito policial deste fato, portanto, já foi concluído e a polícia segue cumprindo os mandados de prisão.
Já na situação do Ulysses Guimarães, a polícia suspeita que as mortes foram consequência da disputa de território entre grupos criminosos. Neste caso, o inquérito policial segue em curso a fim de ouvir mais testemunhas e concluir o restante do trabalho de perícia.
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Segundo o delegado Dirceu Silveira Júnior, os faccionados promoveram um “tribunal do crime” em apenas um fim de semana, que foi definido como “o mais violento da história da cidade”.
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