O céu noturno pode ganhar uma “nova estrela” a qualquer momento. Um espetáculo astronômico raríssimo pode acontecer nas próximas semanas e resultar em um evento inesquecível. Cientistas e observadores do mundo todo aguardam pela “explosão” de uma estrela distante.
Continua depois da publicidade
Astrônomos de todo o mundo estão monitorando o sistema binário T Coronae Borealis (T CrB), a cerca de 3 mil anos-luz de distância. Esta estrela, normalmente invisível a olho nu, está prestes a passar por uma explosão termonuclear que a fará extremamente brilhante. Quando isso ocorrer, ela ficará tão luminosa quanto outros corpos celestes conhecidos, visível sem o auxílio de telescópios ou binóculos, oferecendo uma oportunidade única para observadores.
O fenômeno é conhecido como uma nova recorrente, um tipo de explosão que não destrói a estrela, como uma supernova. O sistema T CrB é composto por uma anã branca e uma gigante vermelha; a anã branca atrai e “rouba” o gás hidrogênio de sua companheira maior. Quando esse material acumulado atinge uma pressão e temperatura críticas em sua superfície, ele detona, ejetando o gás para o espaço e aumentando o brilho da estrela em milhares de vezes por alguns dias.
A última erupção semelhante aconteceu em 1946 e, embora os astrônomos já a esperassem para 2024, as novas previsões apontam com mais força para novembro ou dezembro de 2025 ou até meados de 2026.
Evento “atrasado”
Apesar da expectativa gerada, a T Coronae Borealis ainda não explodiu. A previsão original apontava para uma erupção entre fevereiro e setembro de 2024, mas o fenômeno tem demorado mais do que o ciclo de 80 anos sugeria, o que intensifica a vigilância por parte da comunidade científica.
Continua depois da publicidade
Esse atraso contínuo não cancela o evento, apenas o torna ainda mais iminente. O sistema binário está agora em “alerta máximo”, o que significa que o acúmulo de material necessário para a detonação termonuclear está pronto. A cada dia, cresce a chance de que o espetáculo ocorra, mantendo a atenção focada em 2025 e 2026.
Como a ciência prevê a explosão?
Os astrônomos conseguem prever o evento da T CrB porque ela é uma nova recorrente com um ciclo bem definido de cerca de 80 anos, que é monitorado pela forma como a estrela anã branca “se alimenta” da gigante vermelha.
Pouco antes da erupção, a estrela tende a escurecer significativamente por cerca de um ano, o que é um sinal de que a camada de hidrogênio acumulada atingiu o limite crítico. Esse escurecimento foi notado em 1945 e, novamente, foi observado a partir de março de 2023, o que permitiu à NASA e outras agências fazerem a contagem regressiva para a próxima e esperada explosão termonuclear.
Como observar?
Quando a explosão ocorrer, a T CrB brilhará com a intensidade de uma estrela de magnitude +2, tornando-se um alvo fácil de ser visto a olho nu por vários dias. Ela estará localizada na pequena constelação Corona Borealis (Coroa Boreal), que tem um formato de semicírculo.
Continua depois da publicidade
A melhor época para observação no Brasil é durante os meses de inverno e primavera, quando a constelação alcança o ponto mais alto no céu noturno. Mas, caso a explosão ocorra em outros períodos, como em novembro ou dezembro de 2025, também será possível avistar o estrela.
Recomenda-se o uso de aplicativos de astronomia, como Stellarium ou Sky Tonight, que mostram a posição exata da Corona Borealis em relação a estrelas brilhantes como Arcturus e Vega. Também é importante procurar um local escuro, longe das luzes da cidade, que ofuscam o brilho dos astros no céu noturno.




