O DC fez a seguinte pergunta aos candidatos à prefeitura da Capital: Florianópolis tem déficit nas contas desde 2014. Caso eleito, como pretende saldar esse déficit, dar conta de todas as obrigações e ainda cumprir promessas de campanha? Veja o que respondeu cada um deles.

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Entrevista com André Bazzo, secretário da Fazenda da Capital

Angela Albino (PCdoB)

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Florianópolis vive um momento dramático em suas finanças, e a atual crise pela qual o país e o mundo passam só agravam este quadro. É um contexto de múltiplos fatores que exige medidas criativas de saneamento das finanças a partir de uma rigorosa gestão das contas e do aumento da receita por meio do desenvolvimento econômico. É preciso potencializar as receitas e gastar menos e melhor. Não se trata de trilhar o caminho fácil do aumento de impostos; é preciso apostar no desenvolvimento de setores como tecnologia, turismo e cultura. A cidade deve também liderar o desenvolvimento da Grande Florianópolis. Nossa cidade tem um enorme potencial para ser destaque pela cultura, e deve valorizar artistas locais e nossa identidade, gerando um impacto positivo na economia. Vamos priorizar a área de ciência e tecnologia que, embora represente a maior arrecadação, tem uma secretaria esvaziada. O turismo também deve ser estimulado, inclusive o de negócios e o esportivo. Toda a cadeia produtiva do turismo de verão, fonte tradicional de receita, precisa ter segurança jurídica para se desenvolver e ter na prefeitura uma parceria republicana, com destaque para saneamento, ao garantir balneabilidade das praias. A qualidade de vida, que atrai turistas para a cidade, tem que ser garantida para todos, o ano todo. Por fim, para gastar melhor há que se ter uma austera gestão dos recursos, rever distorções contratuais, otimizar processos e enxugar cargos comissionados.

Angela Amin (PP)

É preciso ter consciência de que a crise econômica é nacional e afetou diretamente as finanças da União, Estados e, principalmente, dos municípios. No que diz respeito a Florianópolis, entendo que a situação é preocupante, dada a queda sistêmica na arrecadação de impostos. Porém, eu tenho a convicção de que pode ser encontrada uma saída. Em 1997, quando eu assumi a Prefeitura, a situação das finanças também era grave, com três folhas salariais atrasadas. Enfrentei o problema com muita determinação. É o que farei mais uma vez. Como ações imediatas, eu cito a reestruturação administrativa, com a aplicação de princípios de planejamento, orçamento e gestão proativa, reduzindo despesas, sem descuidar da preservação e da melhoria na prestação dos serviços destinados à população. Precisamos também alinhar nossos projetos à visão clara e consciente de que o problema financeiro existe, coibindo o desperdício de recursos.Agiremos no combate à inadimplência, garantindo a eficácia dos nossos mecanismos de fiscalização e arrecadação. É preciso também buscar novas fontes de receita, não necessariamente no aumento de impostos ou na criação de novos tributos, dando ênfase à fiscalização e cobrança dos créditos tributários, agilizando procedimentos internos. O estoque de dívida ativa, segundo fatos revelados recentemente pela mídia, é considerável. Não vou enfrentar a questão do déficit apenas na base do corte de gastos e na melhoria da receita, mas, sobretudo, incentivando o ambiente de negócios, estimulando novos empreendimentos para garantir renda e receita. O gestor público tem o papel de ser o animador da economia e faremos isso desburocratizando nossos serviços e processos, criando a necessária segurança jurídica e, na medida do possível, criando estímulos para quem quiser empreender na cidade.

Elson Pereira (PSOL)

A nossa gestão vai abrir diálogo permanente com os servidores do município, não acreditamos que retirada de direitos, confisco de salários, benefícios, nem aposentadorias seja saída para recuperar a saúde financeira do município. Nós vamos, inicialmente, reduzir o número de comissionados, é fundamental acabar com essa prática de loteio de cargos. Na nossa administração, os servidores de carreira vão assumir a maioria das funções de gestão, isso vai enxugar a máquina, além de aumentar a profissionalização e eficiência do trabalho. Vamos renegociar as dívidas de curto prazo do município, tornando-as de médio a longo prazo e, assim, aliviar o peso mensal sobre as contas da cidade. Ao assumirmos a prefeitura, vamos auditar todos os contratos do município e priorizar as parcerias com órgãos públicos, como as universidades e os governos estadual e federal. Além de reduzir os gastos, é preciso subir as receitas sem o aumentar os impostos. E para isso, precisamos cobrar a dívida ativa, em especial os maiores inadimplentes, envolvendo no processo diversos setores da sociedade em parceria com a prefeitura. Vemos realização um congresso com a sociedade civil, empresários, sindicatos, movimentos sociais e demais entidades para debater a dívida com a prefeitura e queda de arrecadação.

Gabriela Santetti (PSTU)

O chamado déficit nas contas públicas naturaliza algo que é inaceitável: a transferência de dinheiro público para os bolsos dos grandes empresários e banqueiros. Nós vamos reverter isso. Em primeiro lugar, é preciso suspender o pagamento da dívida pública que, aliás, é ¿pública¿ só no nome, pois foi contraída para atender aos interesses dos banqueiros. Suspenderemos o pagamento da dívida aos banqueiros para pagar a dívida social com a saúde, educação, transporte, saneamento e moradia, que beneficiará a população trabalhadora de Florianópolis. Acabaremos com as isenções fiscais aos grandes empresários que, mesmo com milhões de reais recebidos nesses anos em incentivos fiscais, seguem jogando a conta da crise nas costas dos trabalhadores, com demissões e reduções de salários. Além disso, precisamos romper com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede o investimento maciço em saúde e educação. Defenderemos uma Lei de Responsabilidade Social e cobraremos os tributos dos grandes sonegadores e sobretaxaremos os ricos para garantir um plano de obras públicas que absorva a mão de obra desempregada e que também garanta os investimentos sociais necessários. É preciso ouvir o clamor das ruas e se posicionar ao lado dos trabalhadores e dos setores oprimidos da sociedade. Precisamos dar um basta na corrupção e na farra da utilização do dinheiro público como assistimos em nossa cidade. Nesse sentido, impulsionaremos a criação de Conselhos Populares, que não tenham empresários e nem políticos corruptos, para decidir sobre 100% do Orçamento Municipal e fiscalizar a aplicação dos recursos públicos. Os conselhos populares serão eleitos nos bairros, locais de estudo e trabalho e contará com mandatos revogáveis.

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Gean Loureiro (PMDB)

Nem é preciso ser especialista em finanças para perceber que a situação de Florianópolis é muito preocupante. A população sente os reflexos dessa incapacidade administrativa, no dia a dia, ao ter serviços básicos totalmente comprometidos e ao ver projetos importantes sendo descontinuados. A própria Prefeitura tem admitido publicamente que o desequilíbrio fiscal é tamanho que o município não tem receita para dar conta das demandas. É uma matemática bem fácil de entender: mais de 52% da receita vão para pagamento da folha (acima do limite de 51% que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal) e outros quase R$ 200 milhões para custeio da máquina. O que sobra? Uma total incapacidade de fazer investimentos e mesmo, muitas vezes, de dar conta do essencial. Nós temos sido muito realistas nas propostas para administrar Florianópolis. Quem, neste momento, prometer grandes obras e projetos mirabolantes estará sendo, no mínimo, irresponsável. O nosso principal compromisso é botar a casa em ordem sem precisar aumentar impostos. Vamos realizar um diagnóstico acurado da saúde financeira do município; avaliar os programas, ações e convênios em andamento; promover um profundo corte de gastos – incluindo eliminação de cargos comissionados; instituir mecanismos para cobrança da dívida ativa do município e buscar novas fontes de financiamento, fortalecendo também as parcerias público-privadas. Não serão momentos fáceis, mas precisamos passar por esse choque de gestão para recuperar nossa capacidade financeira e construir juntos uma Florianópolis melhor e mais igualitária para todos.

Maurício Leal (PEN)

Um conjunto de medidas para estimular a economia da cidade, redução da máquina pública e tornar mais ágil a cobrança do IPTU e da dívida ativa da cidade. O município precisa criar um ambiente propício e desburocratizado para ser parceiro da iniciativa privada e garantir que os investimentos, principalmente em turismo e tecnologia, sejam cada vez maiores, aumentando a arrecadação, gerando empregos e nascendo um ciclo de sustentabilidade econômica ao município. Por ser o único candidato em chapa pura, não deveremos favor a ninguém e assim fazer uma redução substancial nos cargos comissionados, valorizando os servidores efetivos da prefeitura e formular um plano de carreira mais digno ao funcionalismo, especialmente garantindo que mais médicos especialistas trabalhem pro município. É preciso revisar todos os contratos, garantir um investimento planejado, em parcerias público-privadas, e reduzir as despesas da prefeitura, para que possamos ampliar as creches, UPAs e garantir uma melhor qualidade de vida para todos. Hoje temos uma grande inadimplência no IPTU e uma dívida ativa preocupante que o município não consegue receber. Precisamos criar mecanismos administrativos junto à câmara de vereadores para que as cobranças desses valores sejam agilizadas e essa receita possa entrar no cofre da prefeitura.

Murilo Flores (PSB)

O desafio é aumentar receita e diminuir despesas. O aumento de receita não pode ser com carga tributária, pois não mexeremos no IPTU, mas é preciso aumentar a base do recolhimento, já que temos 40% de inadimplência. Então, temos que cobrar para aumentar a receita. Outro caminho é facilitar a vida do mundo da economia, desburocratizando a prefeitura. Se o alvará de uma empresa levar de 15 a 20 dias para ser concedido, muitas empresas se instalarão em Florianópolis. Com a economia gerando mais produção, a receita do município vai crescer. As maiores despesas estão em dois campos. A Comcap deve para a Previdência. Temos que equacionar o pagamento, parcelando a longo prazo. A Comcap também precisa ser mais eficiente na logística e passar por uma modernização, caso contrário os custos nunca baixarão. O segundo campo é a previdência dos servidores públicos. Você tem que explicar aos servidores e à sociedade que, se não mudar o sistema, não haverá dinheiro lá na frente. Fora outras despesas, como cargos comissionados. A estrutura do governo é ruim, com redundância de funções. Simplificar o organograma terá algum impacto. Os grandes investimentos terão de vir de duas formas: da capacidade de se endividar, desde que, a longo prazo, com baixas taxas de juros e tempo de carência, para que a economia cresça e seja possível pagar o empréstimo. A outra é a Parceria Pública Privada (PPP). Tem muitos investimentos que o poder público pode entrar com pouco e canalizar investimento privado. A PPP não é uma solução para tudo, mas é viável em alguns investimentos. Assim, o dinheiro público vai só para ações onde não há interesse privado. Esta é a equação que a gente precisa botar em ordem nos próximos quatro anos.

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