O verão começou com uma verdadeira invasão de águas-vivas em praias de Santa Catarina. O professor Alberto Lindner, responsável pelo laboratório de Biodiversidade Marinha da UFSC, chegou a fazer um alerta nas redes sociais na manhã deste domingo (21). Ele viu pelo menos 30 águas-vivas em um trecho de aproximadamente um quilômetro de praia em Imbituba, no Sul do Estado.

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Uma banhista também filmou várias águas-vivas no começo do dia na Praia da Joaquina, em Florianópolis (assista ao vídeo abaixo). À tarde, uma criança sofreu uma lesão provocada pelo animal na Praia Ponta do Papagaio, em Palhoça, e precisou de atendimento médico. Ela foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), a cerca de 500 metros de onde ocorreu o acidente.

Em Itapoá, foram mais de 30 ocorrências relacionadas à água-viva até as 17h. Em Balneário Barra do Sul, outros 20 casos. Penha e Itajaí também tiveram casos ao longo da manhã e da tarde.

As espécies de águas-vivas em SC

Lindner explica que o fenômeno é natural nesta época e, até o momento, as mais frequentes estão sendo as da espécie Chrysaora lactea, causadora comum de acidentes com banhistas. Elas provocam vermelhidão na pele e inchaço, conta o professor. Ele acredita que, assim como na temporada 2019/2020, essa deve ser a predominante no Estado neste verão entre dezembro e janeiro.

— Estamos observando uma quantidade maior de águas-vivas nesse início de temporada em relação ao que tivemos nos últimos dois anos. Se vai continuar assim em janeiro, não sabemos, mas fica o alerta — pontua.

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Já há registros também de outra espécie, a Tamoya haplonema. Essas são mais raras, mas quando entram em contato com a pele humana, queimam bastante. Há ainda outras duas espécies presentes no litoral de SC. A Lychnorhiza lucerna, por exemplo, está pouco associada a acidentes no mar. A Physalia physalis, chamada de caravela-portuguesa, exige cuidado redobrado, pois o veneno dela causa lesões mais graves.

Assista ao vídeo na Praia da Joaquina

Quais os riscos das águas-vivas aos banhistas?

A lesão causada por uma água-viva é popularmente chamada de “queimadura”, mas, na verdade, não se trata de uma queimadura térmica, como aquelas causadas por fogo ou superfícies quentes. O que ocorre é um envenenamento químico da pele.

As águas-vivas possuem células urticantes chamadas cnidócitos, que contêm estruturas responsáveis por injetar toxinas quando entram em contato com a pele. Essas toxinas provocam dor, vermelhidão, inchaço e, em alguns casos, reações mais graves, como náusea e dificuldade respiratória.

O termo “queimadura” é usado por analogia à sensação de ardência intensa, mas, fisiologicamente, a lesão é resultado de uma reação química e não térmica.

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O que fazer em caso de lesão por água-viva?

  1. Ao sentir ardência ou visualizar a água-viva na água, saia imediatamente do mar.
  2. Procure o posto de guarda-vidas mais próximo.
  3. Não use água doce, urina ou outros líquidos no ferimento. A urina é contraindicada porque sua acidez pode aumentar a sensação de queimadura e causar infecções devido à presença de bactérias.
  4. Lave apenas com água salgada.
  5. Solicite vinagre no posto de guarda-vidas. Ele é cientificamente comprovado para aliviar os sintomas.

O Corpo de Bombeiros Militar sinaliza com bandeiras lilás as áreas com presença de águas-vivas para alertar os banhistas. O aplicativo CBMSC Cidadão, disponível para iOS e Android, também indica as praias com alerta para a presença do animal. E caso a pessoa veja uma água-viva morta na areia, a recomendação é não se aproximar.