Depois de passar um ano e meio sem visitar Santa Catarina, não é mera coincidência que a presidente Dilma Rousseff (PT) volte ao Estado para uma agenda tripla apenas uma semana depois do encontro com as lideranças do PSD nacional que sacramentou o apoio do partido do governador Raimundo Colombo à reeleição da petista.
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A bordo do helicóptero presidencial, com paradas definidas em São Francisco do Sul, Itajaí e Florianópolis, deve ser desenhada a aliança que dará o maior suporte que um candidato do PT já teve em Santa Catarina. Estarão lá, além de Dilma e Colombo, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), a ministra Ideli Salvatti (PT) e o deputado federal Décio Lima (PT), entre outros. Até mesmo a decisão de visitar três cidades em 10 horas – em vez de uma só, como costuma fazer – é um gesto da presidente para o governador.
A maior discussão deve girar em torno do número de palanques que vai apoiar a reeleição de Dilma no ano que vem. Luiz Henrique é o maior defensor de que seja criada uma nova tríplice aliança, nos moldes da que o conduziu ao governo do Estado em 2006 e elegeu Colombo em 2010 – mas com o PT ocupando a vaga do PSDB.
A tese tem eco no Palácio do Planalto e no PT nacional, mas enfrenta resistências na militância petista catarinense e até no PSD estadual. Presidente eleito do PT-SC, o ex-deputado federal Cláudio Vignatti defende candidatura própria ao governo mesmo com o apoio de Colombo a Dilma. No PSD, o temor é de que sem a vaga de senador para oferecer ao PP, o aliado engrosse a candidatura do senador tucano Paulo Bauer.
Enquanto isso, os pessedistas preveem que enfrentar adversários isolados do PT e do PSDB facilitaria a reeleição. Com esse plano, teriam solicitado ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que não exigisse o apoio dos petistas como contrapartida.
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Vignatti não estará no helicóptero presidencial e nem no almoço com Dilma, reservado para 60 pessoas em um hotel em São Francisco do Sul. Vai tentar conversar com a presidente em Florianópolis, na etapa mais política da agenda: a assinatura do financiamento de R$ 2 bilhões do Banco do Brasil para o Estado em um Teatro do CIC lotado por prefeitos e lideranças políticas.
– A presidente precisa saber o que pensa o PT de Santa Catarina pela voz de seu presidente eleito – afirma.
Presidente em exercício do PSD-SC, Gelson Merisio diz que a visita de Dilma tem caráter administrativo e que o anúncio político já foi feito na quarta-feira passada. Ele também defende que Dilma deva ter dois palanques em Santa Catarina e rebate as declarações de Vignatti de que o PT catarinense não quer apoiar Colombo.
– Nem nós queremos o apoio do PT do Vignatti, estamos quites – provoca.
Na crítica, fica aberta a margem para composição com outros setores petistas do Estado. Ideli e Décio Lima, por exemplo, medem milimetricamente as palavras quando se fala uma chapa única. Ambos são cotados como possíveis nomes ao Senado nessa composição. Décio ressalta que o objetivo do PT é reeleger Dilma e que os obstáculos nos Estados serão discutidos pontualmente.
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– Não posso deixar de reconhecer que o apoio do Colombo à reeleição de Dilma é algo que cobrimos de aplausos – afirma.
Tantas articulações tem o objetivo de fazer as urnas catarinenses voltarem a dar maioria a um candidato presidencial petista, o que não acontece desde que Lula venceu no Estado em 2002. Na eleição seguinte, Geraldo Alckmin (PSDB) teve cerca de 300 mil votos de vantagem sobre Lula. Em 2010, foi a vez de José Serra (PSDB) ter 470 mil votos mais do que Dilma Rousseff. Em comum, os tucanos contavam com dois nomes que estarão agora com Dilma: Luiz Henrique e Colombo.