Todas as 62 vítimas do acidente aéreo de Vinhedo já foram identificadas. Os últimos quatro corpos que ainda precisavam ser reconhecidos tiveram a identidade confirmada nesta quinta-feira (15). Órgãos de segurança montaram uma força-tarefa dentro do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo e as equipes atuaram dia e noite a fim acelerar este trabalho.
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Foram diversos profissionais envolvidos, desde as buscas aos restos mortais até os processos de identificação. Bombeiros, policiais militares, policiais civis e policiais técnico-científicos estiveram envolvidos.
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Para entender como funciona este trabalho de identificação dos corpos e os métodos utilizados pelas equipes do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD), da Polícia Civil, o NSC Total conversou com Jose Augusto Cipriano Guedes, presidente da Associação dos Papiloscopistas Policiais do Estado de São Paulo.
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Veja fotos da operação montada para identificação das vítimas
Identificações utilizaram três diferentes métodos
O especialista explica que, para o trabalho de identificação humana, existem três métodos primários utilizados pelos profissionais: a papiloscopia forense, que é o método de identificação por meio das impressões digitais; a odontologia forense, que identifica por meio da arcada dentária; e a genética forense, identificação feita pelo DNA.
Este último método é o mais demorado, já que requer que o material genético da vítima seja confrontado com o de familiares com o intuito de estabelecer o vínculo biológico entre indivíduos, e assim, criar o perfil genético da vítima. Por conta disso, para dar celeridade ao processo, os profissionais utilizaram um método secundário e auxiliar, que é a antropometria forense.
— A antropometria é baseada em medidas do ser humano. Então, neste processo, é feita uma comparação de medidas de osso com as características físicas das vítimas. A perícia papiloscópica sempre é o primeiro método aplicado, principalmente em casos de desastre em massa, pois oferece celeridade na resposta às identificações, além de baixo custo e precisão. Após o esgotamento das tentativas por esse método é que partem-se para outros métodos de identificação, como o odontológico e DNA — explica.
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Jose ainda destaca que o trabalho de identificação por antropometria só não foi mais complexo porque a empresa aérea liberou a lista de passageiros que estavam no voo, com informações que auxiliaram nos reconhecimentos. Familiares também ajudaram com envio de dados.
Métodos utilizados nas vítimas de Vinhedo:
- 47 corpos foram identificados por meio de impressões digitais
- 12 pela arcada dentária
- 1 por arcada dentária e antropometria
- 2 por antropometria
Carbonização dos corpos dificultou trabalho
Jose Augusto pontua que o estado de carbonização dos corpos das vítimas do acidente aéreo de Vinhedo dificultaram os trabalhos de identificação. Ele explica que os tecidos carbonizados são extremamente frágeis, o que exige bastante delicadeza e ação minuciosa por parte dos papiloscopistas.
As digitais, após serem coletadas dos restos mortais, foram comparadas com as já coletadas e que integram os prontuários civis colhidas no momento de obtenção do RG.
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— Outro desafio nessa parte foi a obtenção dos prontuários, pois as bases de dados dos estados ainda não estão unificadas. Portanto, acionamos a maior parte de papiloscopistas dos estados para que esses prontuários fossem encaminhados para o IIRGD e facilitassem o confronto. Uma equipe de papiloscopistas realizou a inserção destes prontuários dos estados no sistema automatizado de buscas por impressões digitais. Os prontuários inseridos foram de acordo com a lista de passageiros — destaca.
O acidente
O acidente aconteceu na tarde do dia 9 de agosto em Vinhedo, no interior de São Paulo. O avião da Voepass partiu de Cascavel (PR) com destino ao Aeroporto de Guarulhos (SP), mas não concluiu a rota.
Imagens de testemunhas mostram a aeronave caindo em movimento de parafuso e, ao bater no chão, começa a pegar fogo. O avião caiu em um condomínio residencial e uma casa foi atingida. Moradores, no entanto, não se feriram.
A Voepass contratou uma empresa para retirar os bens pessoais das vítimas para entregar às famílias e, também, para remover a aeronave no local. Engenheiros franceses e canadenses da empresa responsável pelos motores analisaram os destroços.
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O Cenipa e as polícias Civil e Federal apuram as causas do acidente. As polícias, diferentemente do Cenipa, podem indiciar eventuais responsáveis por crimes. Arquivos de voz e dados foram extraídos com sucesso das caixas-pretas da aeronave e seguem sendo analisados.
A lista de passageiros
- CONSTANTINO THÉ MAIA
- ROSANGELA SOUZA
- ELIANE ANDRADE FREIRE
- LUCIANI CAVALCANTI
- JOSE FER
- DENILDA ACORDI
- MARIA AUXILIADORA VAZ DE ARRUDA
- JOSE CLOVES ARRUDA
- NELVIO JOSE HUBNER
- GRACINDA MARINA CASTELO DA SILVA
- RONALDO CAVALIERE
- SILVIA CRISTINA OSAKI
- WLISSES OLIVEIRA
- HIALES CARPINE FODRA
- DANIELA SCHULZ FODRA
- REGICLAUDIO FREITAS
- SIMONE MIRIAN RIZENTAL
- JOSGLEIDYS GONZALEZ
- MARIA PARRA
- JOSLAN PEREZ
- MAURO BEDIN
- ROSANGELA MARIA DE OLIVEIRA
- ANTONIO DEOCLIDES ZINI JUNIOR
- KHARINE GAVLIK PESSOA ZINI
- MAURO SGUARIZI
- LEONARDO HENRIQUE DA SILVA
- MARIA VALDETE BARTNIK
- RENATO BARTNIK
- HADASSA MARIA DA SILVA
- RAPHAEL BOHNE
- RENATO LIMA
- RAFAEL ALVES
- LUCAS FELIPE COSTA CAMARGO
- ADRIELLE COSTA
- LAIANA VASATTA
- ANA CAROLINE REDIVO
- JOSE CARLOS COPETTI
- ANDRE MICHEL
- SARAH SELLALANGER
- EDILSON HOBOLD
- RAFAEL FERNANDO DOS SANTOS
- LIZIBBA DOS SANTOS
- PAULO ALVES
- PEDRO GUSSON DO NASCIMENTO
- ROSANA SANTOS XAVIER
- THIAGO ALMEIDA PAULA
- ADRIANA SANTOS
- DEONIR SECCO
- ALIPIO SANTOS NETO
- RAQUEL RIBEIRO MOREIRA
- ADRIANO DALUCA BUENO
- MIGUEL ARCANJO RODRIDUES JUNIOR
- DIOGO AVILA
- LUCIANO TRINDADE ALVES
- ISABELLA SANTANA POZZUOLI
- TIAGO AZEVEDO
- MARIANA BELIM
- ARIANNE RISSO
- DEBORA SOPER AVILA
- RUBIA SILVA DE LIMA
- HUMBERTO DE CAMPOS ALENCAR
- DANILO SANTOS ROMANO
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