Ignorar o que aconteceu no 15 de maio nas ruas do Brasil é fechar os olhos para uma realidade capaz de ganhar corpo e tornar-se um movimento com proporções semelhantes aos que geraram grandes mudanças no país. Mesmo em Florianópolis, onde Jair Bolsonaro teve 64% dos votos no segundo turno de 2018, foram 30 mil pessoas às ruas. Um número relevante diante da alta popularidade do presidente da República em Santa Catarina.
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Mas o que estava em jogo era maior do que a preferência por um partido ou político. Foi a educação que levou milhares a protestar, algo raro no Brasil. Indignados com os bloqueios nos recursos para o setor, estudantes, professores e funcionários públicos iniciaram o movimento que dificilmente será contido se Bolsonaro mantiver a postura atual.
Nesta quarta-feira (15), em meio aos protestos, o presidente da República diminuiu os manifestantes. Preferiu taxá-los de “idiotas úteis” ao invés de reconhecer a legitimidade e importância da busca por investimentos em educação. Procurar em meio aos protestos motivos para desqualificá-lo só torna o movimento mais forte. E é isso que deve acontecer.
A tática do enfrentamento adotada pelo presidente insuflou quem está indignado com a retirada de 30% de uma área já bastante carente. Pesquisadores, alunos e professores que passam horas dentro de salas de aulas e laboratórios chamados “idiotas” são os mesmos que na quarta-feira organizaram protestos em todos os Estados brasileiros. Fizeram despertar um país acomodado, sem reação.
O grito das ruas iniciado no 15 de maio, aparentemente, ainda não ecoou nos ouvidos fechados do governo, mas tomou conta do país. Assim, o movimento só tende a crescer. Bolsonaro e seu entorno ainda demoram para enxergar que a luta é sim por educação. Mas, pela linha do governo nos seus primeiros cinco meses, dificilmente isso será será visto dessa forma.
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