As próximas 24 horas vão decidir o rumo de Santa Catarina, mas não é o que parece entre os catarinenses. Enquanto nos bastidores políticos e na Assembleia Legislativa (Alesc) se desdobra o processo de impeachment contra o governador Carlos Moisés da Silva, o assunto está distante da população. Não há engajamento, seja para defender ou para criticar o atual governo. O que existem são manifestações isoladas pelas redes sociais, com maior ou menor intensidade. Mas tudo muito distante da relevância do atual momento.
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Impeachment do governador Moisés: como será a votação e quais os próximos passos
O governador dos 71% dos votos não engaja. Enquanto isso, por falta de articulação própria e de uma Alesc totalmente dominada pelo seu presidente, o deputado Julio Garcia (PSD), o processo de impeachment avança a passos largos. Tão largos que ajudaram a adiantar o prazo esperado para a votação em plenário, que seria no dia 22 de agosto. Tudo ficou para esta quinta-feira, 17 de setembro.
A paralisia do catarinense diante dos movimentos políticos chama a atenção, mas não surpreende. Santa Catarina vivia até poucos dias atrás o pico do coronavírus. A enxurrada de preocupações, seja com a saúde ou eoconomia, superou qualquer atenção com as notícias da política, já bastante descareditada pela população. Enquanto o catarinense teme o próprio futuro, o comando do Estado é colocado em xeque na Assembleia Legislativa.
Um processo de impeachment, como vimos na história recente do país, é complexo e carrega impactos. A começar pela própria gestão do governo, que passou a se dedicar nos últimos dias a buscar os votos necessários para se livrar do impeachment. Na Assembleia, entre um projeto e outro, o assunto que predomina é a votação desta quinta-feira. Parece que nada mais importa. Mas, sim, muitas outras coisas importam aos catarinenses.
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Contudo, a política tem dessas. E é justamente por isso que Santa Catarina e seus moradores não podem ignorar as próximas 24 horas. Elas são fundamentais para o futuro do Estado. Mesmo que ainda seja necessária uma segunda votação para o afastamento do governador e da vice, Daniela Reinehr, esta primeira, com os 40 deputados em plenário, será um forte sinal do que deve acontecer com o Centro Administrativo nos próximos meses.
Ambos serão afastados caso não consigam 14 votos nesta quinta-feira e nem maioria simples entre seis desembargadores e cinco deputados numa votação que deve ocorrer até o começo de outubro. Caso isso ocorra, será alçado ao cargo de governador o presidente da Alesc. Os governistas têm dito que Julio Garcia quer se beneficiar da ascensão ao poder, enquanto o deputado falou em entrevista recente ao colega Upiara Boschi que a Assembleia faz seu papel de fiscalizar.
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Nos bastidores, a expectativa é que por volta das 18h desta quinta-feira se defina a votação em plenário. Até lá, muita água vai rolar por debaixo da ponte do impeachment. As articulações continuam e assim vão seguir até o momento do “sim” ou “não” acompanhado de frases de efeitos dos deputados. Oportunidade também para que o catarinense esteja acompanhando o que acontece no centro do poder.